Junior, José Placido da Silva. - Universidade Federal de Pernambuco
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<strong>de</strong>corrência <strong>da</strong> liberalização <strong>da</strong> economia, com a abertura dos mercados e a re<strong>de</strong>finição do<br />
papel do Estado, em <strong>de</strong>corrência do processo <strong>de</strong> globalização. O fechamento do IAA, no final<br />
<strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1980 e o fim do Pró-álcool, é um exemplo disso e que teve impacto no setor<br />
sucroalcooleiro, uma vez que ele sempre foi <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do Estado. Essa crise ocasionou o<br />
fechamento <strong>de</strong> várias usinas e, tendo outras, transferindo seu capital para outros Estados<br />
brasileiro, <strong>de</strong>ixando uma massa <strong>de</strong> trabalhadores <strong>de</strong>sempregados e sem receberem seu direitos<br />
trabalhistas (ANDRADE, 1996). Paralelo a isso, segundo a FETAPE, nos período <strong>de</strong> 1980 a<br />
2000, mais <strong>de</strong> 40 mil sítios foram <strong>de</strong>struídos pelo processo <strong>de</strong> expansão <strong>da</strong> cana-<strong>de</strong>-açúcar e<br />
mais <strong>de</strong> 150 mil postos <strong>de</strong> trabalho no campo foram extintos. Essa conjuntura na Zona <strong>da</strong><br />
Mata <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong>, na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1990, levou os trabalhadores a se organizarem e, além <strong>de</strong><br />
continuarem lutando por melhores condições <strong>de</strong> trabalho e ren<strong>da</strong>, passaram a reivindicar<br />
também a reforma agrária, retomando a luta contra o latifúndio.<br />
Atualmente, segundo a FETAPE, no período <strong>da</strong> safra <strong>da</strong> cana-<strong>de</strong>-açúcar que vai <strong>de</strong><br />
setembro a março, o setor sucroalcooleiro emprega 90 mil trabalhadores e trabalhadoras.<br />
Destes, a maioria sendo em trabalho temporário e uma gran<strong>de</strong> parte migrante <strong>de</strong> outras<br />
regiões do Estado e até <strong>de</strong> outros estados como <strong>da</strong> Paraíba e <strong>de</strong> Alagoas. Apesar <strong>da</strong><br />
organização dos canavieiros, pois, em todos os municípios <strong>da</strong> Zona <strong>da</strong> Mata há Sindicatos <strong>de</strong><br />
Trabalhadores Rurais, encontramos ain<strong>da</strong>, trabalhos clan<strong>de</strong>stinos e trabalhadores em<br />
condições análogas à <strong>de</strong> escravo 16 . Com o aumento do <strong>de</strong>semprego na Zona <strong>da</strong> Mata <strong>de</strong><br />
<strong>Pernambuco</strong> e as condições <strong>de</strong> trabalho abaixo dos padrões que exige a legislação trabalhista,<br />
partes significativas dos trabalhadores e <strong>da</strong>s trabalhadoras passaram a reivindicar e lutar pela<br />
reforma agrária, através dos movimentos sociais no campo e <strong>da</strong>s enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> apoio.<br />
Diante <strong>de</strong>ste quadro <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego, <strong>da</strong> expulsão dos camponeses e <strong>da</strong>s camponesas <strong>da</strong><br />
terra e <strong>da</strong>s péssimas condições <strong>de</strong> trabalho na Zona <strong>da</strong> Mata <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong>, a luta pela terra<br />
passou a tomar importância nas estratégias <strong>de</strong> lutas <strong>da</strong>s organizações <strong>de</strong> trabalhadores e<br />
trabalhadora do campo, seja do movimento sindical, seja para os movimentos <strong>de</strong> luta pela<br />
terra.<br />
16 O conceito <strong>de</strong> trabalho análogo a escravo é entendido conforme a campanha <strong>de</strong> prevenção e<br />
combate ao trabalho escravo. Mais informações sobre o tema, vê:<br />
http://www.cptnacional.org.br/in<strong>de</strong>x.php?option=com_content&view=article&id=195%3Acampan<br />
ha-<strong>de</strong>-prevencao-e-combate-ao-trabalho-escravo&catid=6%3Atrabalho-escravo-&Itemid=80