Junior, José Placido da Silva. - Universidade Federal de Pernambuco
Junior, José Placido da Silva. - Universidade Federal de Pernambuco
Junior, José Placido da Silva. - Universidade Federal de Pernambuco
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
78<br />
nesta região ficam ameaçados por essa expansão. As ilhas são apenas mais um exemplo,<br />
adquirindo importância pela especifici<strong>da</strong><strong>de</strong> do modo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> dos pescadores e <strong>da</strong>s pescadoras.<br />
3.3 O SEGUNDO MOMENTO DA MESMA TENSÃO TERRITORIAL: A EXPULSÃO SE<br />
CONCRETIZA<br />
Com o cenário internacional promissor para a indústria açucareira, em 1998, a usina<br />
Trapiche é compra<strong>da</strong> por um grupo <strong>de</strong> Alagoas dona <strong>da</strong> Usina Serra Gran<strong>de</strong>, sobre o comando<br />
do usineiro Luiz Antônio <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> Bezerra <strong>de</strong> que naquele Estado, também expan<strong>de</strong> seus<br />
negócios, com a compra <strong>da</strong> nova usina em <strong>Pernambuco</strong>. Com o novo grupo à frente <strong>da</strong><br />
agroindústria, e passado <strong>de</strong>z anos do acordo entre os ilhéus do estuário do Rio Sirinhaém e a<br />
usina Trapiche, sob a administração dos antigos donos, o processo <strong>de</strong> expulsão dos ilhéus é<br />
retomado.<br />
No mesmo ano <strong>da</strong> compra <strong>da</strong> usina, em 1998, ocorrem novas tensões no território <strong>da</strong>s<br />
ilhas, entre a usina Trapiche e os ilhéus. Segundo Marinalva do Nascimento Araújo,<br />
professora há 26 anos, <strong>da</strong> Re<strong>de</strong> Municipal e Estadual <strong>de</strong> educação, filha <strong>de</strong> Sirinhaém, se<br />
referindo às tensões que ocorreram naquele momento, fala que “o conflito tão forte que<br />
ocasionou em prisões, <strong>de</strong>rruba<strong>da</strong>s <strong>de</strong> casas dos pescadores … pelo interesse econômico <strong>da</strong><br />
usina Trapiche”. A professora dá um testemunho e reconhece que houve expulsão <strong>da</strong>s famílias<br />
<strong>da</strong>s ilhas, provoca<strong>da</strong> pelo “interesse econômico <strong>da</strong> usina Trapiche”, frente a um cenário<br />
promissor para a produção <strong>de</strong> etanol no Brasil. Foi a partir <strong>da</strong>í que a Trapiche <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ou<br />
uma série <strong>de</strong> ações que culminou com a expulsão dos ilhéus.<br />
3.3.1 As expulsões: várias formas, mesmo objetivo.<br />
De acordo com os ex-moradores <strong>da</strong>s ilhas, a usina <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ou uma série <strong>de</strong> atos com<br />
a finali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> expulsar os pescadores e as pescadoras <strong>da</strong>s ilhas. Com a força dos seus<br />
seguranças foram feitas ameaças <strong>de</strong> morte contra os ilhéus, <strong>de</strong>struição dos sítios, incêndios e<br />
<strong>de</strong>rruba<strong>da</strong>s <strong>de</strong> casas e prisões. Algumas <strong>de</strong>ssas ações contaram com as participações <strong>da</strong>s<br />
polícias Militar e Civil, <strong>de</strong> acordo com os <strong>de</strong>poimentos dos moradores e <strong>da</strong>s moradoras.<br />
Alguns ilhéus <strong>de</strong>ixaram as ilhas sem receber nenhuma in<strong>de</strong>nização, Muitos foram<br />
forçados a aceitarem o acordo, enquanto que outros resistiram no local (IBAMA, 2008).<br />
Gran<strong>de</strong> parte dos que viviam nas Ilhas foram expulsos. Mesmo resistindo, a comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>