Junior, José Placido da Silva. - Universidade Federal de Pernambuco
Junior, José Placido da Silva. - Universidade Federal de Pernambuco
Junior, José Placido da Silva. - Universidade Federal de Pernambuco
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
72<br />
concentram a maior parte dos assassinatos no campo em <strong>Pernambuco</strong> e na Zona <strong>da</strong> Mata. Um<br />
é na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1980, como falamos acima, ou outro é a partir do final <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1990,<br />
quando uma “nova” discussão, a respeito <strong>da</strong> expansão <strong>da</strong> produção <strong>de</strong> cana-<strong>de</strong>-açúcar está em<br />
curso, como veremos mais abaixo.<br />
Então, o que assistimos na Zona <strong>da</strong> Mata <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong>, durante a déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1980,<br />
foi uma “on<strong>da</strong>” <strong>de</strong> violência, <strong>de</strong>srespeitos às leis trabalhistas, assassinatos, ameaças,<br />
<strong>de</strong>struição <strong>de</strong> casas, <strong>de</strong> sítios, <strong>da</strong> mata nativa e perseguição aos trabalhadores, com o intuito <strong>de</strong><br />
expulsar as famílias camponesas <strong>da</strong>s terras para expandir o monocultivo <strong>da</strong> cana-<strong>de</strong>-açúcar na<br />
Região e reprimir os anseios por reforma agrária.<br />
Gráfico 03: Assassinatos no campo em <strong>Pernambuco</strong> 1985 – 2005 – Comparação entre <strong>Pernambuco</strong> e a Zona <strong>da</strong><br />
Mata do Estado<br />
Fonte: Comissão Pastoral <strong>da</strong> Terra, 2010.<br />
Vale lembrar ain<strong>da</strong>, que essa “on<strong>da</strong>” <strong>de</strong> terror, na Mata Pernambucana, foi<br />
potencializa<strong>da</strong> pelo Pró-álcool 43 , criado em 1975, que foi um programa do Governo <strong>Fe<strong>de</strong>ral</strong><br />
<strong>de</strong> incentivo a produção <strong>de</strong> álcool combustível no Brasil, <strong>de</strong>vido ao “choque do petróleo”,<br />
que aumentou, consi<strong>de</strong>ravelmente, o preço <strong>da</strong> gasolina no Mundo. Lembremos ain<strong>da</strong> que a<br />
esta “on<strong>da</strong>” <strong>de</strong> terror na Zona <strong>da</strong> Mata <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong> teve início <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o dia <strong>da</strong> invasão<br />
Européia e que o mo<strong>de</strong>lo do monocultivo agroexportador foi um dos instrumentos para o<br />
controle do nosso território.<br />
Na escala local, entre a primeira tensão territorial, que ocorreu na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1980, e a<br />
segun<strong>da</strong> que se iniciou a partir <strong>de</strong> 1998, os ilhéus pu<strong>de</strong>ram viver nas ilhas do estuário do Rio<br />
Sirinhaém, sem estar em conflito com a usina Trapiche. Neste período parecia que tudo tinha<br />
se resolvido. Mero engano.<br />
43 Apesar <strong>de</strong> citarmos, não vamos nos ater ao programa, pois não é o objetivo <strong>de</strong>ste trabalho.