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Junior, José Placido da Silva. - Universidade Federal de Pernambuco

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4.2.1 “A proteção ao mangue só era possível com a retira<strong>da</strong> <strong>da</strong>s famílias <strong>da</strong>s ilhas”:<br />

quem <strong>de</strong>struía mesmo?<br />

Em relação à primeira questão, vimos aí uma visão, já ultrapassa<strong>da</strong>, <strong>da</strong> concepção do<br />

preservacionismo, que vê os moradores como empecilho para a manutenção dos recursos<br />

naturais, separando socie<strong>da</strong><strong>de</strong> e natureza, fato que entrou em conflito com os diversos povos.<br />

Posição esta, <strong>da</strong> usina, já contesta<strong>da</strong> pelo CPRH, quando a empresa representou os<br />

pescadores, junto ao órgão, <strong>de</strong>nunciando que os ilhéus estavam <strong>de</strong>struindo o manguezal.<br />

O laudo <strong>da</strong> Companhia Pernambucana <strong>de</strong> Recursos Hídricos e Recursos Renováveis –<br />

CPRH, ao se referir à representação <strong>da</strong> usina contra os ilhéus, diz que: “são incipientes, não<br />

representando gran<strong>de</strong>s mu<strong>da</strong>nças ao meio ambiente e <strong>da</strong>ndo condições <strong>de</strong> recuperação<br />

natural <strong>da</strong>s áreas, pois a retira<strong>da</strong> é esporádica e não comercial”, e completa dizendo que “é<br />

<strong>de</strong> extrema importância para as áreas <strong>de</strong> Proteção Ambiental, a manutenção <strong>de</strong> seus<br />

moradores, que com orientação passariam a exercer o papel <strong>de</strong> monitoramento e fiscalização<br />

dos impactos no ambiente” (Ibama, 2008).<br />

Po<strong>de</strong>mos ver, nesse caso, que a CPRH tem uma postura <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r a integração<br />

do meio ambiente com os povos que vivem nela e <strong>de</strong>la, sendo aqui, os pescadores e as<br />

pescadoras.<br />

Esse fato dos pescadores e moradores do estuário do Rio Sirinhaém contribuírem para<br />

o “monitoramento e fiscalização dos impactos no ambiente” é compartilha<strong>da</strong>, mais uma vez,<br />

pela professora <strong>da</strong> re<strong>de</strong> municipal <strong>de</strong> Sirinhaém e <strong>da</strong> re<strong>de</strong> estadual <strong>de</strong> ensino, Marinalva, que<br />

durante entrevista concedi<strong>da</strong>, para a realização <strong>de</strong>sta pesquisa falou que:<br />

O próprio pescador ele é um cui<strong>da</strong>dor do meio ambiente. Por que ele não vai <strong>de</strong>struir<br />

aquilo, ele tem essa consciência… uma lenha que ele cortava pra cozinhar o siri,<br />

uma lenha que ele cortava pra ajeitar uma casa, aquilo não causa <strong>da</strong>no ambiental… a<br />

gente ver que a preocupação do pescador, é também <strong>de</strong> cui<strong>da</strong>r <strong>da</strong>quilo que serve pra<br />

ele (I<strong>de</strong>m).<br />

Em relação ao fato <strong>da</strong>s populações locais serem os guardiões e os que possibilitaram a<br />

permanência <strong>da</strong> gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong> nossa biodiversi<strong>da</strong><strong>de</strong>, Diegues afirma que:<br />

Em países sub<strong>de</strong>senvolvidos, a conservação po<strong>de</strong>rá ser mais bem alcança<strong>da</strong> com a<br />

real integração e participação <strong>da</strong>s populações tradicionais que, como afirmado<br />

anteriormente, em gran<strong>de</strong> parte foram responsáveis pela diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> biológica que<br />

hoje se preten<strong>de</strong> resguar<strong>da</strong>r (DIEGUES, 2008. p.187)

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