A Meditação da Plena Atenção - Sociedade Budista do Brasil
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acrescentar algo ou ir além <strong>do</strong> que realmente existe. Também é<br />
igualmente fácil subestimar a sensação, captar parte dela, mas não<br />
tu<strong>do</strong>. O ideal, que você está se esforçan<strong>do</strong> para, é experimentar<br />
completamente ca<strong>da</strong> esta<strong>do</strong> mental, exatamente como ele é, não<br />
adicionan<strong>do</strong> na<strong>da</strong> e nem perden<strong>do</strong> nenhuma parte dele. Usemos a<br />
<strong>do</strong>r na perna como um exemplo. O que existe realmente é um puro<br />
fluxo de sensação. Mu<strong>da</strong> constantemente, a <strong>do</strong>r nunca é a mesma de<br />
um momento para outro. Troca de lugar e sua intensi<strong>da</strong>de aumenta e<br />
diminui. A <strong>do</strong>r não é uma coisa. Ela é um evento. Não se deve gru<strong>da</strong>r-lhe<br />
ou associar-lhe conceitos. A plena atenção pura e sem obstrução<br />
deste evento experienciará a <strong>do</strong>r apenas como um padrão<br />
flui<strong>do</strong> de energia e na<strong>da</strong> mais. Nem pensamento e nem rejeição. Apenas<br />
energia.<br />
No início <strong>da</strong> nossa prática de meditação, precisamos repensar<br />
nossos fun<strong>da</strong>mentos conceituais assumi<strong>do</strong>s. A maioria de nós obteve<br />
boas notas tanto na escola como na vi<strong>da</strong>, por conta de nossa habili<strong>da</strong>de<br />
de manipular os fenômenos mentais - os conceitos logicamente.<br />
Nossas carreiras, muito de nosso sucesso na vi<strong>da</strong> diária, os nossos<br />
relacionamentos felizes, tu<strong>do</strong> isto é visto como resulta<strong>do</strong> bem sucedi<strong>do</strong><br />
<strong>da</strong> manipulação de conceitos. Entretanto, no desenvolvimento <strong>da</strong><br />
plena atenção, suspendemos temporariamente o processo de conceitualização<br />
e focalizamos a pura natureza <strong>do</strong>s fenômenos mentais. Durante<br />
a meditação buscamos experenciar a mente no nível préconceitual.<br />
Porém a mente humana conceitualiza estas ocorrências, como a<br />
<strong>do</strong>r por exemplo. Você percebe que está pensan<strong>do</strong> nela como "a <strong>do</strong>r".<br />
Isto é um conceito, um rótulo cola<strong>do</strong> sobre a sensação em si. Você se<br />
descobre construin<strong>do</strong> uma imagem mental, uma figura <strong>da</strong> <strong>do</strong>r, ven<strong>do</strong>-a<br />
como forma. Talvez veja um diagrama <strong>da</strong> perna em que a <strong>do</strong>r é<br />
realça<strong>da</strong> em belas cores. Este é um entretenimento muito cria-tivo e<br />
terrível, mas não é o que queremos. São conceitos aplica<strong>do</strong>s sobre a<br />
reali<strong>da</strong>de viva. Na maioria <strong>da</strong>s vezes provavelmente se verá pensan<strong>do</strong>:<br />
"Eu tenho uma <strong>do</strong>r na minha perna". O "Eu" é um con-ceito. É<br />
algo extra que se agrega à experiência pura.<br />
Quan<strong>do</strong> você introduz o "eu" no processo, estará construin<strong>do</strong><br />
uma lacuna conceitual entre a reali<strong>da</strong>de e a visão conscientizan<strong>do</strong><br />
aquela reali<strong>da</strong>de. Pensamentos tais como "eu", "para mim", "meu",<br />
não têm lugar na atenção direta. São acréscimos estranhos e insi-<br />
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