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Séneca. Medeia - Universidade de Coimbra

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29<br />

Introdução<br />

acusações, o grego não as <strong>de</strong>smente (496). É certo que<br />

pe<strong>de</strong> a Creonte que lhe poupe a vida (183-186, 490-<br />

491), mas não <strong>de</strong>veria um gran<strong>de</strong> amor merecer mais<br />

do que isso? Cobardia e ingratidão (465) resumem<br />

o seu carácter, segundo <strong>Me<strong>de</strong>ia</strong> (419), e palavras<br />

como “acaba com esta longa conversa, não vá ela<br />

levantar suspeitas” (530) confirmam esta frouxidão.<br />

Pusilânime e ingrato, Jasão não respeita sequer os<br />

<strong>de</strong>uses por quem jurara em tempos (7-8, 434-7). A<br />

quebra <strong>de</strong> um juramento feito à divinda<strong>de</strong> é para os<br />

Antigos um acto susceptível <strong>de</strong> punição divina, o que<br />

torna <strong>Me<strong>de</strong>ia</strong> como que um instrumento da vingança<br />

dos <strong>de</strong>uses.<br />

Creonte<br />

A <strong>de</strong>sconfiança faz parte do carácter do rei <strong>de</strong><br />

Corinto, mas a sua natureza compassiva sobrepuja-a:<br />

ce<strong>de</strong> aos rogos <strong>de</strong> Jasão no sentido <strong>de</strong> poupar a vida<br />

a <strong>Me<strong>de</strong>ia</strong>; vê-se capaz <strong>de</strong> amar os filhos <strong>de</strong>sta, apesar<br />

<strong>de</strong> não serem seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes (284), e acaba por<br />

conce<strong>de</strong>r à princesa da Cólquida mais algum tempo,<br />

para que ela se possa <strong>de</strong>spedir das crianças. Se, por um<br />

lado, po<strong>de</strong>mos explicar estes actos por comiseração por<br />

uma mulher que vai ficar privada da sua prole, por outro,<br />

eles também reflectem alguma fraqueza <strong>de</strong> carácter. E<br />

a falta <strong>de</strong> firmeza real permite, uma vez mais, <strong>de</strong>stacar<br />

<strong>Me<strong>de</strong>ia</strong>, que, no diálogo que trava com o rei, tem falas<br />

mais extensas e consegue influenciá-lo. Aliás, Creonte,<br />

logo quando a vê, parece ter medo <strong>de</strong>la, pedindo ajuda<br />

aos escravos no sentido <strong>de</strong> manterem o “monstro atroz e

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