Versão em PDF - Partido Social Democrata
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Quando l<strong>em</strong>os a sua história, contabilizamos as suas<br />
realizações e apreciamos o serviço que presta, fica inteiramente<br />
justificado o orgulho d<strong>em</strong>onstrado por todos<br />
os m<strong>em</strong>bros da comunidade académica – professores,<br />
estudantes, funcionários – aqui presentes. Fica igualmente<br />
justificado o reconhecimento dos convidados que<br />
fizeram questão, tal como eu, de vir celebrar os 100 anos<br />
de uma Universidade tão importante para o Porto, para<br />
o Norte e para todo o País.<br />
Permitam-me, ainda, que aproveite esta ocasião<br />
do centenário da Universidade do Porto para evocar a<br />
grande figura do primeiro Reitor desta casa, Francisco<br />
Gomes Teixeira, um dos nomes maiores da ciência<br />
<strong>em</strong> Portugal, um mat<strong>em</strong>ático que, ainda muito jov<strong>em</strong>,<br />
percebeu a importância que a internacionalização t<strong>em</strong><br />
para a Universidade.<br />
Minhas senhoras e meus senhores, um dos eixos<br />
fundamentais da estratégia do Governo para preparar<br />
a prosperidade do País, e para aquilo a que eu tenho<br />
chamado a d<strong>em</strong>ocratização da nossa economia, consiste<br />
na capacitação e no aumento da qualificação real<br />
dos Portugueses. Essa qualificação real e abrangente é<br />
fundamental, não só porque a economia portuguesa<br />
precisa de fortalecer a sua competitividade, mas também<br />
porque ela constitui uma condição da realização dos<br />
projectos e aspirações pessoais dos nossos concidadãos<br />
e do melhoramento da qualidade da nossa d<strong>em</strong>ocracia.<br />
Não preciso de vos dizer que as instituições do Ensino<br />
Superior des<strong>em</strong>penham um papel central neste desígnio.<br />
Sab<strong>em</strong>os que há factores que, no momento que<br />
agora viv<strong>em</strong>os, não facilitam uma expansão do número<br />
de diplomados do Ensino Superior: desde as dificuldades<br />
que as famílias enfrentam, até aos resultados dos exames<br />
do Ensino Secundário, passando pelo abaixamento da<br />
natalidade que se v<strong>em</strong> verificando nas últimas décadas.<br />
Mas t<strong>em</strong> sido insistent<strong>em</strong>ente reafirmado pelo Governo<br />
que quer<strong>em</strong>os uma qualificação profunda, real<br />
e abrangente. Se, por um lado, quer<strong>em</strong>os aumentar o<br />
número de diplomados, por outro, quer<strong>em</strong>os garantir que<br />
qu<strong>em</strong> acede ao Ensino Superior t<strong>em</strong> todas as condições<br />
educativas e pedagógicas para aproveitar a educação que<br />
aí recebe. Isso só será possível se elevarmos a cultura de<br />
exigência e de responsabilidade <strong>em</strong> todo o sist<strong>em</strong>a de<br />
ensino. É com esse propósito <strong>em</strong> mente que estamos a<br />
apostar na melhoria transversal do Ensino Básico e Secundário,<br />
no reforço das aprendizagens fundamentais e na<br />
melhoria na formação dos professores. Foi com o mesmo<br />
objectivo que proced<strong>em</strong>os ao reforço da capacidade<br />
das Instituições do Ensino Superior, à racionalização e à<br />
diversificação da oferta, nomeadamente com o aumento<br />
do número de estudantes que frequentam Cursos de<br />
Especialização Tecnológica [formações profissionalizantes<br />
pós-secundárias curtas com ligação à economia local e<br />
regional], reforçando o seu papel específico como alternativa<br />
de percurso.<br />
As regras de acesso ao Ensino Superior<br />
Sei que existe uma questão a que a Universidade<br />
do Porto justificadamente atribui grande importância.<br />
Refiro-me às regras de acesso ao Ensino Superior. Esta<br />
Universidade divulgou recent<strong>em</strong>ente um estudo sobre<br />
os percursos dos estudantes antes e depois da entrada<br />
no Ensino Superior e o Governo pondera a possibilidade<br />
de uma intervenção nessa matéria.<br />
Além disso, quer<strong>em</strong>os aperfeiçoar as políticas de qualidade<br />
no Ensino Superior, que pod<strong>em</strong> ser mais eficazes<br />
na preparação mais adequada dos nossos diplomados.<br />
Quer<strong>em</strong>os estimular a articulação e cooperação entre as<br />
Universidades e o mundo <strong>em</strong>presarial. O “Programa de<br />
Investigação Aplicada e Transferência de Tecnologia para<br />
o tecido <strong>em</strong>presarial” dirige-se a esta necessidade, e inclui<br />
o apoio a Programas Doutorais abertura <strong>em</strong> Junho de<br />
2012 que estimul<strong>em</strong> consórcios Universitários nacionais<br />
e internacionais, Universidades-Empresas e Unidades de<br />
Investigação públicas e privadas de excelência; e que<br />
proporcion<strong>em</strong> formação doutoral “híbrida”, aliando a<br />
ciência ao <strong>em</strong>preendedorismo.<br />
O Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia, que<br />
reúne vinte cientistas de diferentes áreas e gerações,<br />
e ao qual presido, iniciou os seus trabalhos no passado<br />
dia 6 de Fevereiro e, entre outras incumbências, aconselhará<br />
o Governo na identificação de áreas científicas e<br />
tecnológicas prioritárias para o desenvolvimento do País,<br />
com vista a dirigir mais eficazmente o investimento <strong>em</strong><br />
recursos humanos, nomeadamente as bolsas. Quer<strong>em</strong>os<br />
também dar início a um Programa Nacional de Bolsas de<br />
Doutoramento com patrocinadores <strong>em</strong>presariais abertura<br />
<strong>em</strong> 2013 e a um Programa de Apoio à inserção de Doutorados<br />
<strong>em</strong> Empresas abertura <strong>em</strong> 2013.<br />
Como Primeiro-Ministro, s<strong>em</strong>pre assumi como objectivo<br />
necessário e desejável a descentralização da sociedade<br />
portuguesa. Uma descentralização que percorra<br />
um conjunto tão vasto quanto possível de instituições e<br />
estruturas da nossa sociedade. Este será um processo<br />
que terá de se desenvolver e ganhar robustez ao longo<br />
dos próximos anos. E esse processo de descentralização<br />
deve naturalmente abranger o sist<strong>em</strong>a e as instituições<br />
de ensino. No curto prazo, com os condicionalismos<br />
financeiros que se conhec<strong>em</strong>, e no que se refere à<br />
autonomia e gestão das Instituições do Ensino Superior,<br />
introduzimos importantes medidas na Lei do OE 2012 e<br />
no Decreto de Execução Orçamental que lhes permit<strong>em</strong><br />
cumprir melhor a sua missão, como, por ex<strong>em</strong>plo: o fim<br />
Presidente<br />
da cativação de receitas próprias, que tantos probl<strong>em</strong>as<br />
causou <strong>em</strong> 2011, e que invertia as devidas prioridades;<br />
o não duplo corte dos subsídios para pessoal pagos pela<br />
FCT; a possibilidade de novas contratações desde que não<br />
se exceda a massa salarial global; a não restrição a novas<br />
contratações desde que pagas por receitas de projectos;<br />
a transição de saldos nos termos do Regime Jurídico<br />
das Instituições do Ensino Superior; e a eliminação das<br />
dificuldades com as alterações orçamentais trazidas pela<br />
Lei de Enquadramento Orçamental de Maio de 2011.<br />
Mas não esquec<strong>em</strong>os o aperfeiçoamento das políticas<br />
de apoio social aos estudantes, que o período<br />
de <strong>em</strong>ergência nacional que atravessamos torna mais<br />
urgentes, mas também impõe restrições severas que não<br />
pod<strong>em</strong>os contornar. Nesse esforço de aperfeiçoamento,<br />
é importante notar que as novas regras de acesso às<br />
bolsas de estudo no Ensino Superior estabelecidas pelo<br />
Governo inclu<strong>em</strong> um modo mais justo de calcular o<br />
rendimento per capita, b<strong>em</strong> como o reforço da exigência<br />
de aproveitamento escolar. E não tencionamos abrandar<br />
o acompanhamento atento da aplicação destas regras.<br />
Na mesma linha, recuperámos a possibilidade de os<br />
estudantes do Ensino Superior beneficiar<strong>em</strong> de <strong>em</strong>préstimos<br />
para estudar, através de uma linha de crédito com<br />
garantia mútua cuja continuidade conseguimos negociar.<br />
Além disso, abrimos fases adicionais de candidatura<br />
a bolsas de estudo. Em breve será esclarecida a aplicação<br />
do regulamento aos casos de indeferimento da candidatura<br />
a bolsa por força de dívidas fiscais ou contributivas<br />
por parte do estudante ou respectivo agregado familiar.<br />
Poderão vir a beneficiar da bolsa de estudo os estudantes<br />
que regularizar<strong>em</strong> a situação tributária e/ou contributiva,<br />
a partir do mês <strong>em</strong> que se efective essa regularização. E<br />
por regularização entend<strong>em</strong>os não apenas o pagamento<br />
das dívidas mas também o estabelecimento de planos<br />
de pagamento.<br />
Minhas senhoras e meus senhores,<br />
Há pouco destaquei três escolhas feitas por esta<br />
Universidade que merec<strong>em</strong> ser realçadas e elogiadas:<br />
a reforma da governação, a diversificação da oferta e a<br />
internacionalização. Destaquei-as porque reflect<strong>em</strong> de<br />
um modo muito interessante a necessidade de fazer escolhas<br />
e de ser consequente com essas mesmas escolhas.<br />
O País, todos o sab<strong>em</strong>os, t<strong>em</strong> confrontado a mesma<br />
necessidade. O nosso leque de escolhas não está tão<br />
aberto como gostaríamos que estivesse, mas ainda assim<br />
t<strong>em</strong>os marg<strong>em</strong> para escolher.<br />
Todavia, não basta fazer escolhas. É preciso agir <strong>em</strong><br />
conformidade com elas. Não basta, então, escolher a<br />
mudança. É preciso também responder afirmativamente<br />
às exigências da mudança. E – o que é igualmente importante<br />
– não pod<strong>em</strong>os confundir escolhas com propostas<br />
de desistência. Nesse sentido, são renúncias, e portanto<br />
não são verdadeiras escolhas.<br />
Por outras palavras, o apelo à desistência não constitui,<br />
n<strong>em</strong> poderia constituir, uma verdadeira alternativa<br />
política.<br />
Sab<strong>em</strong>os que o País será o que escolhermos fazer<br />
dele. Quer<strong>em</strong>os recuperar o controlo do nosso destino e<br />
para isso t<strong>em</strong>os de começar a agir já.<br />
Como? Fazendo escolhas.<br />
E aqui não me refiro apenas às escolhas colectivas.<br />
Em grande medida, o rumo da nossa sociedade será<br />
o resultado do somatório e da articulação das nossas<br />
escolhas individuais. Cada um de nós t<strong>em</strong> decisões importantes<br />
a tomar, e pode tomá-las s<strong>em</strong> ter de esperar<br />
que alguém na Ass<strong>em</strong>bleia da República ou no Governo<br />
escolha por si. São escolhas de todos os dias, feitas nas<br />
várias dimensões das nossas vidas. Assim se percebe<br />
ainda mais claramente que são os Portugueses, são os<br />
trabalhadores e os <strong>em</strong>presários, os funcionários públicos<br />
e os profissionais liberais, e, claro, também os professores<br />
e os estudantes, são eles os verdadeiros feitores das<br />
transformações e das mudanças que desejamos. Fazendo<br />
escolhas e sendo consequente com elas.<br />
Mais do que nunca, o País olha para as suas Universidades<br />
como comunidades liderantes no processo de<br />
transformação e de modernização da nossa sociedade.<br />
Pela minha parte, estou certo que darão um ex<strong>em</strong>plo<br />
de excelência a todos nós. Afinal, o País sabe que é nas<br />
escolas, nos politécnicos e nas Universidades que se<br />
prepara uma parte decisiva do nosso futuro colectivo.<br />
Parabéns, Universidade do Porto.» – Fonte: Gab. PM<br />
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