Versão em PDF - Partido Social Democrata
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Uma lei a brincar<br />
Manuel Catarino (*)<br />
Opinião<br />
A negligência dos políticos na gestão dos recursos públicos é punida por lei – mas a norma penal t<strong>em</strong> tantas atenuantes e excepções que, na prática, nenhum governante<br />
prestará contas à Justiça se negligent<strong>em</strong>ente atirar o País para a falência. É uma lei trapalhona. Em vez de punir, consente. É uma esponja que limpa o crime – ou um ralo<br />
por onde escapam criminosos.<br />
A Associação Sindical dos Juízes Portugueses, numa iniciativa s<strong>em</strong> precedentes, insiste <strong>em</strong> fazer uso do Direito para obrigar antigos ministros a explicar<strong>em</strong> como gastaram<br />
o dinheiro dos contribuintes – <strong>em</strong> cartões de crédito, despesas de representação, subsídios de residência. Em boa hora o faz. Não fosse assim, o caso n<strong>em</strong> seria investigado<br />
pelo Ministério Público. Os juízes obrigaram à abertura de um inquérito-crime.<br />
O processo, muito provavelmente, não vai dar <strong>em</strong> nada. Mas t<strong>em</strong> o mérito de incendiar uma discussão interessante: dev<strong>em</strong> os governantes ser mesmo punidos por negligência<br />
na gestão dos dinheiros dos contribuintes – ou continuamos a fazer de conta como até aqui?<br />
(*) Jornalista<br />
Um bom discurso<br />
Editorial do DN(*)<br />
Ministro “ânimo” para as <strong>em</strong>presas, que há muito estão carentes destes sinais.<br />
Pedro Passos Coelho fez ont<strong>em</strong> (Domingo), no encerramento do<br />
Congresso do PSD, porventura o seu melhor discurso desde que chegou à<br />
liderança do partido e à chefia do Governo. Após as omissões e os esquecimentos<br />
da primeira noite, <strong>em</strong> que foi acusado de ignorar os números<br />
crescentes do des<strong>em</strong>prego, o Presidente do partido e Primeiro-ministro<br />
dirigiu-se aos des<strong>em</strong>pregados e, pela primeira vez, falou de esperança.<br />
Ao longo dos três dias de trabalhos, Passos Coelho ouviu reparos dentro<br />
do Pavilhão Atlântico e muitas críticas fora dele. Ont<strong>em</strong> não quis deixar<br />
ninguém s<strong>em</strong> resposta.<br />
Depois de meses dominado pelas finanças e pela austeridade, o discurso<br />
de ont<strong>em</strong> sofreu uma afinação e virou-se para a economia e focou-se<br />
nas pessoas. Revelou um Primeiro-Ministro com preocupações sociais,<br />
preocupado <strong>em</strong> dar “esperança” aos portugueses e garantindo que “os<br />
sacrifícios não são <strong>em</strong> vão”, numa resposta clara ao ataque da véspera<br />
do líder do PS, que acusou Passos Coelho de ser o primeiro-ministro mais<br />
insensível da história da d<strong>em</strong>ocracia. E comprometeu-se com o horizonte<br />
t<strong>em</strong>poral de Set<strong>em</strong>bro de 2013, como o momento <strong>em</strong> que a economia<br />
entrará numa nova trajectória.<br />
Desgastado pela percepção de que a austeridade não é para todos,<br />
focou-se na necessidade de apagar essa ideia, reforçando um recado claro<br />
e inequívoco: “Não há excepções nos cortes. Os cortes são para todos.<br />
Sejam trabalhadores ou administradores, da TAP ou da CGD, não terão 13.º<br />
e 14.º meses.”<br />
Passos Coelho, que ganhou eleições com a bandeira de aliviar o peso<br />
do Estado na economia, acrescentou novo sublinhado para dizer que “não<br />
é o Estado que cria <strong>em</strong>prego. O <strong>em</strong>prego só virá da retoma económica”.<br />
A evidência caiu b<strong>em</strong> ao patrão da CIP, que viu nas palavras do Primeiro-<br />
Passos quis, e <strong>em</strong> certa medida conseguiu, puxar o partido mais para o centro, retirando-o da trincheira da direita. Resta saber se as palavras do chefe<br />
do Governo terão adesão à realidade. – (*) ©DN, 2ª feira, 20-03-2012<br />
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