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699 Correspondei. cia.<br />
particulares. Estes defeitos ou saõ prepotências ou abuzos<br />
de jurisdicçaõ, que louvavelmente se acha') cohibidos pelas<br />
leis do reino, ou saõ defeitos de homem, pela sua distincçaõ<br />
mais sensíveis, e por isso mais castigados. Mas que se<br />
argi e d> sta censura contra a Nobreza em geral í Pode por<br />
ventura Soberano ter descanso sem esta Primeira Ordem<br />
do Estado, que tudo lhe deve, e que tem horror ao cahos<br />
politico e á igr''dade, de que a tiráraõ grandes serviços e<br />
Merces do s^o Rey ? Ab 1 Senhor, todo o Monarca, mas o<br />
Soberano Portuguez con. mais especialidade, deve repelir da<br />
sua Augusta prezença todo o Cortezaõ pérfido que pertende<br />
attacar a sua primeira Nobreza em geral. Nos, Senhor,<br />
desde que com alta voz acclamamos o Sancto Rei D. Affonso<br />
í enriques no campo de Ourique athe os venturozos<br />
dias d i R eg-_ icia de V. A R., nunca deixamos de dar provas<br />
da nossu fidelidade; fidelidade de gratidaõ, fidelidade de dependente,<br />
fidelidade de educaçaõ. Estes tres motivos, que<br />
fazem grande parte da nossa apologia, naõ saõ aqui postos<br />
para negar virtudes em peitos humildes por nascimento ; saõ<br />
para representar á V. A. R. quanto deve esperar de gente,<br />
que tem por abonaçaõ a experiencia de séculos, e por interesse<br />
único a Monarquia<br />
Muito ampla matéria escolhi para ter este meo leal desafogo<br />
na prezença de V. A. R.; e continuando a imaginar que V.<br />
A. li. me ouve como por alguns séculos fora~> meos Avós ouvidos<br />
pelos seos Reaes Ascendentes, descobrirei mais hum<br />
arteficio dos inimigos da Nobreza —Consiste este em persuadir<br />
aos Vrincipes que seraõ milhores os que elles fazem<br />
Grandes do que os que encontraraõ Grandes Este artificio<br />
he dos n ais perigozos, porque lizongea o poder e a escolha<br />
do actual Reinante, e encanunha-se a desgotar a classe que<br />
se vê confundida. Nunca seria conselho prudente fechar a<br />
porta ao caminho da honra, e a entrada nos livros da nobreza,<br />
principalmente neste Reino conquistado, conservado, e restaurado<br />
á força do nosso braço e com o socorro dos propriog<br />
cabedaes. Ninguém, sem huma soberba mal entendida impugnaria,<br />
que relevantes serviços iliustrassem huma família.<br />
Hum taõ louco discurso coarctava o poder Real, a fortuna<br />
da Patria, e os grande»feitos que a esperança do premio he<br />
capaz de produzir. Naõ he assim que eu discorro. Reconheço<br />
que ha de haver hum principio de illustraçaõ. que seja<br />
paga de acçoens honradas, e de empregos dignamente occupados<br />
; mas como em Fisica e moral a repetição dos hábitos<br />
bons leva á maior perfeição, pelos mesmos motivos — espero<br />
mais honra, valor, e lealdade de huma familia que ha mais<br />
tempo vive condecorada, e que ja como esquecida dos seos avós