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92 Correspondei. cia.<br />
acazo hum ou muitos pontos chegaõ a desviar-se da ordem<br />
circular avançando ou recuando do seo centro, neste cazo se<br />
perderá toda a proporção" necessaria entre os vassallos e o<br />
Monarca, por que o seo ponto central se approximara ou desviara<br />
mais ou menos da ordem circular. Se os Grandes, sahindo<br />
da circumferencia, se approximassem demasiadamente<br />
do Monarca, nós veríamos então a ordem social uzurpada por<br />
huma única classe, e as outras duas andariaõ sempre mui<br />
afastadas do centro sem esperança de poderem ser vistas<br />
ou premiadas pelo pai commurn da Patria Acabar-se<br />
hia por consequência toda a emulaçaõ, e toda a esperança<br />
de conseguir as altas recompensas do Estado, e as<br />
duas ultimas classes apenas seriao" consideradas como escravos<br />
pertencentes ao dominio dos Grandes; sim a familiaridade<br />
e a benevolencia particular do Sobermio seriaõ somente<br />
para aquelles que estivessem mais perto delle, ou que ja o tinhaõ"<br />
estados do& Soberanos seos antecessores, e a sua equidade<br />
e a sua justiça nunca poderiao" ser imparciaes. O sol,<br />
que illumina o mundo, o vivifica taõbem igualmente com os<br />
seos raios, e nao" priva parte alguma da terra da sua influencia<br />
celeste.<br />
Desta comparaçaõ podemos logo concluir que os Soberanos<br />
devem sempre estar ein igual relaçao com os seos vassallos,<br />
sem liberalizar mais favores a huns do que a outros;<br />
porque a existencia civil e politica de hum Estado Monárquico<br />
deve estar fundada na igual protecção do merecimento,<br />
em qualquer das classes que elle se encontre. Naõ he por<br />
forma alguma justo ou racionavel, que o Heroe, ou o Salvador<br />
de hum Estado continue a existir fisicamente depois que<br />
as suas cinzas mortaes tiveraõ o destino geral de todas as<br />
creaturas; he porem assáz justo, que a memoria das suas<br />
acçoens se applique aos seos descendentes, quando estes<br />
pelos seos serviços públicos naõ houverem desmentido a nobreza<br />
dos seos antepassados.<br />
O Marques de Penalva aconcelha ao seo Soberano de naõ<br />
por grande confiança na classe que forma a nobreza ordinaria<br />
de Portugal, e que vulgarmente se chama a doa Fidalgos<br />
de Província, esquecendo-se talvez, que em todas as paginas<br />
da nossa historia se vê, que esta Classe do Nobres foi a que<br />
sempre pelo seo valor, patriotismo e bons concelhos dcfendeo<br />
a Monarquia, e a salvou mesmo de todos os ataques que lhe<br />
tem dado os Grandes do lteino. Eu naõ citarei se naõ<br />
Egas Munin, que sacrifica sua pessoa, sua mulher, e seos<br />
filhos para salvar o seo Rei, e só fallarei de João" Pinto Ribeiro<br />
que, juntamente com Antaõ de Almada e outros Nobres<br />
da segunda ordem, poz a Coroa do Portugal sobre a<br />
Cabeça de hum Duque de Bragança.