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IÍ10<br />
Literatura Portugueza.<br />
putava Diogo de Paiva de Andrade, filho do seo predecessor.<br />
Donde nasceo a extremoza animozidade de<br />
Diogo de Paiva contra Fr. Bernardo de Brito, que os<br />
Litteratos reconhecem 110 Exame de Antiguidades. Os<br />
que porem se interessarem neste genero de Polemica,<br />
poderão ver que se 110 essencial Diogo de Paiva mantinha<br />
a boa cauza, naõ era certamente pelo uzo das<br />
melhores armas ; sendo talvez a peor de todas o saber-se,<br />
que a origem da op,posiçaõ provinha mais<br />
da inveja doque do amor da verdade ; pois o Exame<br />
das Antiguidades foi publicado no anno de 1616, em<br />
que Brito teve a iiotneaçaõ de Chronista Mor, eja<br />
nove annos depois que a Segunda Parte da Monarquia<br />
Lusitana se imprimira.<br />
Ainda que esta, e outras contrariedades, que lhe<br />
suscitou o seo novo comprego, lhe cauzassem graves<br />
inquietaçoens e desgostos, athe se julgar que lhe<br />
haviaõ accelerado a morte, naõ consta que escrevesse<br />
couza alguma em resposta ao Exame das Antiguidades.<br />
Poucos annos depois se encarregou desta empresa,<br />
mais generoza do que fácil, o Monje Cisterciense<br />
Fr. Bernardo da Silva, que na sua defeza da<br />
Monarquia Luzitana desempenhou os officios de hum<br />
amigo sem adquirir-se a gloria de hum Sabio.<br />
A Corte de Madrid apenas havia nomeado Fr. Bernardo<br />
de Brito no emprego de Chronista Mor, lhe<br />
destinou logo huma occupaçaõ própria naõ só a dar<br />
novo realce aos seos talentos, mas a sondar a extensão<br />
e a destreza da sua politica e do seo agradecimento.<br />
Assim lhe encomendou, que deixados todos os outros intentos,<br />
se app/ieasse somente á chronica d 1 El Rei D. Sebastiaõ.<br />
Consta que Fr. Bernardo de Brito se encarregou<br />
immediatamente deste trabalho, e que levou a<br />
sua Obra athe a Embaxada de D. Joaõ de Borja. Nada<br />
porem se conhece nem da substancia nem da maneira<br />
de estilo desta sua ultima composição; ainda<br />
que atendidas as circunstancias, e a Índole dequem<br />
havia escrito o Disfarze d''Amor, naõ será temerário<br />
julgar esta obra mais como huma producçaõ efemera,<br />
dirigida a regular as opinioens do tempo neste Reino,<br />
do que hum documento de fidelidade e de proveito<br />
para conhecimento da Historia Portugueza. Ex-