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Litera tu ra Portugueza.<br />
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cicio evitavaõ as grandes tentaçoens do mundo, contemplavaõ<br />
socegadamente, e meditavaõ no verdadeiro<br />
Deus*.<br />
Grandes razoens nos persuadem, que este modo de<br />
vida era o único, de que se podia lançar maõ para<br />
reformar as ordens, e fazer util na Igreja, e sociedade<br />
civil o seu estabelecimento ; os atinaes da historia retrataõ<br />
os Monges das primeiras épocas como os mais<br />
bellos modelos de virtude, e asseveraõ-nos que a sua<br />
reíaxaçaõ principiou com o desprezo dos trabalhos<br />
manuaes ; aqui temos pois huma boa razaõ histórica<br />
para fazer entrar os Monges n'originario exercício do<br />
seu institutof.<br />
Por outro lado affirmaõ gravissimos escritores, que<br />
a disciplina dos primeiros tempos he aquella, em que<br />
* Entre os primeiros Monges foi huma maxima seguida, que o trabalho<br />
das maons era innato á vida Monastica, e que por elle se livravaõ<br />
dos grandes perigos da ociozidade; a sentença dos Monges do Kgypto,<br />
segundo reffere Cassian. inst. liv. 10. cap. 23, era esta—operantem mouachum<br />
uno dsemone pulsari, otiosum vero innumeris spiritibus devastari—S.<br />
Jeronimo na sua ep. 4, a Knstic. escreve d'esta maneira—Fac<br />
et aliquid operis, ut te semper diabolus inveniat occupantem.<br />
•f Saõ terminantes a este respeito muitos lugares do Abbade Fleury,<br />
sujos extractos ultimamente vou offerecer ao meu leitor com a mesma<br />
complacência. No 8. discurs. No. 10 raciocina d'esta maneira. " O<br />
desprezo do trabalho de maons foi a origem da ociozidade entre os Mendicantes,<br />
da mesma sorte que entre os outros Religiozos. Naõ he fácil<br />
conhecer se o tempo destinado á oraçaõ mental ou a estudo, se emprega<br />
fielmente, de joelhos póde-se mui bem e em postura de grande recolhimento<br />
discorrer em tudo o que sequer. Hum Religiozo encerrado na<br />
sua cella, pode, com o pretexto de estudo, occupar-se, naõ direi em<br />
leituras illicitas, mas inúteis e de simples curiozidade. Pode emfim<br />
bocejar e dormir. No trabalho naõ succede assim, he sensível^ e a obra<br />
que (alta faz fé " Pode hum homem desvaneeer-se de ter escrito<br />
hum bom livro: mas jamais se desvanecerá de ter feito esteiras, e bons<br />
cestos ; pode cada hum applicar-se todo o dia a estas obras, naõ he precizo<br />
nem bom humor, nem a cabeça socegada," No No. 13 diz " Depois<br />
que o trabalho das maons se desprezou e abolio inteiramente, os Religiozos<br />
que tem rendas pela maior parte se entregáraõ á perguiça e beber,<br />
sobre tudo nos paizes frios. Os Mendicantes principalment nos paizes<br />
ond« os espiritos saõ mais vivos e revoltozos, deraõ se aos estudos curiozos,<br />
ás sutilezas e refinamentos da Escolastica, ou aos enredos, destrezas<br />
e artifícios da politica fradesca de que fallo. Entra-se na religião para<br />
adquirir fortuna: na Italia, por exemplo, hum Frade Dominico estuda<br />
com a esperança de ser em Roma Theologo de hum Cardial, consultor em<br />
alguma congregaçaõ, Inquizidor, Bispo, Núncio, en fim Cardial: se elle<br />
se limita só á sua ordem, se proporá subir n'ella por de grãos ás primeiras<br />
dignidades: he ao que se chama ter valor, e industria."