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Litera tu ra Portugueza.<br />

655<br />

cicio evitavaõ as grandes tentaçoens do mundo, contemplavaõ<br />

socegadamente, e meditavaõ no verdadeiro<br />

Deus*.<br />

Grandes razoens nos persuadem, que este modo de<br />

vida era o único, de que se podia lançar maõ para<br />

reformar as ordens, e fazer util na Igreja, e sociedade<br />

civil o seu estabelecimento ; os atinaes da historia retrataõ<br />

os Monges das primeiras épocas como os mais<br />

bellos modelos de virtude, e asseveraõ-nos que a sua<br />

reíaxaçaõ principiou com o desprezo dos trabalhos<br />

manuaes ; aqui temos pois huma boa razaõ histórica<br />

para fazer entrar os Monges n'originario exercício do<br />

seu institutof.<br />

Por outro lado affirmaõ gravissimos escritores, que<br />

a disciplina dos primeiros tempos he aquella, em que<br />

* Entre os primeiros Monges foi huma maxima seguida, que o trabalho<br />

das maons era innato á vida Monastica, e que por elle se livravaõ<br />

dos grandes perigos da ociozidade; a sentença dos Monges do Kgypto,<br />

segundo reffere Cassian. inst. liv. 10. cap. 23, era esta—operantem mouachum<br />

uno dsemone pulsari, otiosum vero innumeris spiritibus devastari—S.<br />

Jeronimo na sua ep. 4, a Knstic. escreve d'esta maneira—Fac<br />

et aliquid operis, ut te semper diabolus inveniat occupantem.<br />

•f Saõ terminantes a este respeito muitos lugares do Abbade Fleury,<br />

sujos extractos ultimamente vou offerecer ao meu leitor com a mesma<br />

complacência. No 8. discurs. No. 10 raciocina d'esta maneira. " O<br />

desprezo do trabalho de maons foi a origem da ociozidade entre os Mendicantes,<br />

da mesma sorte que entre os outros Religiozos. Naõ he fácil<br />

conhecer se o tempo destinado á oraçaõ mental ou a estudo, se emprega<br />

fielmente, de joelhos póde-se mui bem e em postura de grande recolhimento<br />

discorrer em tudo o que sequer. Hum Religiozo encerrado na<br />

sua cella, pode, com o pretexto de estudo, occupar-se, naõ direi em<br />

leituras illicitas, mas inúteis e de simples curiozidade. Pode emfim<br />

bocejar e dormir. No trabalho naõ succede assim, he sensível^ e a obra<br />

que (alta faz fé " Pode hum homem desvaneeer-se de ter escrito<br />

hum bom livro: mas jamais se desvanecerá de ter feito esteiras, e bons<br />

cestos ; pode cada hum applicar-se todo o dia a estas obras, naõ he precizo<br />

nem bom humor, nem a cabeça socegada," No No. 13 diz " Depois<br />

que o trabalho das maons se desprezou e abolio inteiramente, os Religiozos<br />

que tem rendas pela maior parte se entregáraõ á perguiça e beber,<br />

sobre tudo nos paizes frios. Os Mendicantes principalment nos paizes<br />

ond« os espiritos saõ mais vivos e revoltozos, deraõ se aos estudos curiozos,<br />

ás sutilezas e refinamentos da Escolastica, ou aos enredos, destrezas<br />

e artifícios da politica fradesca de que fallo. Entra-se na religião para<br />

adquirir fortuna: na Italia, por exemplo, hum Frade Dominico estuda<br />

com a esperança de ser em Roma Theologo de hum Cardial, consultor em<br />

alguma congregaçaõ, Inquizidor, Bispo, Núncio, en fim Cardial: se elle<br />

se limita só á sua ordem, se proporá subir n'ella por de grãos ás primeiras<br />

dignidades: he ao que se chama ter valor, e industria."

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