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QUMRAN Exegese Histórica e Teologia de Salvação

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qumran: exegese histórica e teologia <strong>de</strong> salvaçao 81<br />

uma consoante. O fim <strong>de</strong> Q é o <strong>de</strong> tornar mais explícito o texto.<br />

Diríamos que semelhantes variantes ou alterações se <strong>de</strong>vem à confusão<br />

<strong>de</strong> consoantes, fácil na língua hebraica (o "J em vez <strong>de</strong> "1,<br />

o ' em vez <strong>de</strong> "]), mas a intenção é fácil <strong>de</strong> <strong>de</strong>scortinar e semelhantes<br />

alterações multiplicam-se às <strong>de</strong>zenas tanto em Q como nos LXX,<br />

como <strong>de</strong>pois veremos.<br />

Vários autores se têm <strong>de</strong>bruçado sobre o texto <strong>de</strong> Is. 51, 4-6.<br />

Q substitui nos w. 4-6 a terceira pessoa pela primeira pessoa do TM:<br />

(v. 5)»... e o seu braço governará os povos; / as costas longínquas<br />

esperam por e/e,/ e pelo seu braço eles esperam, (v. 6) Levantai os<br />

vossos olhos para o céu, / e olhai em baixo para a terra, / e ve<strong>de</strong> quem<br />

criou estas coisas»] A passagem, nesta versão, é muito semelhante<br />

ao cântico do Servo <strong>de</strong> Jahweh <strong>de</strong> Is. 42, 1-4. Por isso mesmo os<br />

autores vêm nesta versão <strong>de</strong> Q um arranjo dum novo cântico do<br />

Servo.<br />

Segundo D. BARTHÉLEMY 42 a terceira pessoa <strong>de</strong> Q pertence<br />

ao texto original, <strong>de</strong> modo que a primeira pessoa no actual TM<br />

se <strong>de</strong>ve a uma alteração posterior para evitar uma interpretação messiânica.<br />

BROWNLEE <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a tese contrária: «algum escriba da<br />

comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Q (ou um pre<strong>de</strong>cessor entre os Hasidim) alterou<br />

o texto com o fim <strong>de</strong> assimilar a passagem aos «cânticos do Servo».<br />

Ao fixarem o texto massorético, em data posterior, as autorida<strong>de</strong>s<br />

judaicas seguiram os manuscritos que não continham estas leituras<br />

messianizadas» 43 . Este autor rejeita o texto <strong>de</strong> Q como original<br />

com três argumentos que nos parecem muito válidos: 1) a presença<br />

da 3.a pessoa do pronome pessoal «seu braço» que falta no TM<br />

C , Í"1T no TM e "|jnT no texto <strong>de</strong> Q) sugere que o original<br />

é «meu braço», convertido para «seu» apenas com a mudança da<br />

última letra. 2) A messianização <strong>de</strong>sta passagem está <strong>de</strong> acordo<br />

com o interesse escatológico da seita e com a prática das assimilações<br />

textuais. 3) A i<strong>de</strong>ia apocalíptica <strong>de</strong> 51, 6 aparenta-se mais com<br />

o terceiro Isaías (autor dos cc. 34-35 e dos cc. 56-66) do que com<br />

o segundo Isaías (autor dos cc. 40-55), <strong>de</strong> tal maneira que 51, 4-6<br />

aparece como sendo uma interpolação feita pelo terceiro Isaías 44 .<br />

41<br />

Le grand rouleau d'Isole trouvé prés <strong>de</strong> la Mer Morte, Revue Biblique (RB) 57 (1950)<br />

530-49.<br />

4J<br />

Cf. o. c. p. 198.<br />

44<br />

Cf. o. c. p. 198s. Cfr. ainda Arfe RUBINSTEIN, The Theological Aspect of Some Variant<br />

Readings in lhe Isaiah Scroll, JJS 6 (1955) 187-200; John V. CHAMBERLAIN, The Functions of<br />

God as Messianic Titles in the Complete Qumrân Isaiah Scroll, VT 5 (1955) 366-72. No gran<strong>de</strong><br />

cintico do Servo (Is. 52,13-53,12), BROWNLEE, contrariamente a BARTHÉLEMY vê nas variantes<br />

<strong>de</strong> Q «uma alteração <strong>de</strong>liberada em relação ao texto hebraico com o fim <strong>de</strong> produzir as inter-<br />

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