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QUMRAN Exegese Histórica e Teologia de Salvação

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104<br />

didaskalia<br />

(<strong>de</strong>rash) afastando-se do seu sentido literal, histórico e até teológico.<br />

A Escritura não é letra morta mas letra viva. A última revelação-<br />

-interpretação manifesta-se na Comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Q, <strong>de</strong> maneira que<br />

todas as aplicações são possíveis e até necessárias.<br />

Sendo assim, os textos <strong>de</strong> Q não po<strong>de</strong>m servir <strong>de</strong> crítica textual,<br />

a não ser que tal se <strong>de</strong>monstre positivamente. Q não é uma fonte<br />

<strong>de</strong> crítica textual (a não ser com gran<strong>de</strong>s reservas), mas uma fonte<br />

<strong>de</strong> exegese histórica e <strong>de</strong> teologia <strong>de</strong> salvação. As tentativas dos<br />

autores como F. M. CROSS, M. MANSON, S. TALMON, etc., <strong>de</strong> estabelecerem<br />

as tradições textuais, mais ou menos <strong>de</strong>limitadas e esquematizadas,<br />

a nosso ver, têm um valor relativo 106 . Tem razão R. LE<br />

DÍAUT ao afirmar que Q cita as Escrituras já interpretadas pela<br />

tradição 107 .<br />

A tradução dos LXX, pelo menos em Isaías fornece-nos também<br />

material muito rico e congénere no uso dos métodos exegéticos,<br />

se bem que a nossa investigação tenha sido em pequena escala 108 .<br />

Por isso mesmo, não estamos <strong>de</strong> acordo com J. CARMIGNAC ao julgar<br />

po<strong>de</strong>rem resolver-se as diferença textuais entre o binómio Q-LXX<br />

e o TM através <strong>de</strong> puras razões filológicas 109 .<br />

JOAQUIM CARREIRA DAS NBVES<br />

104 Aliás o próprio F. M. CROSS, em The History of the Biblical Text in the Light of<br />

Discoveries in the Ju<strong>de</strong>an Desert, em Harvard Theological Review 57 (1964) p. 290 diz: «Não existe<br />

em Qumrin qualquer evidência duma verda<strong>de</strong>ira activida<strong>de</strong> recensional». Depois continua:<br />

Alguns autores viram em lQIs(b) «uma orientação gradual para o texto massorético, mas não<br />

há justificação para tal» . Afirma ainda que os dados fornecidos pela gruta IV nada nos ajudam<br />

para o problema do carácter textual. E na p. 299 lembra que as distintas recensões <strong>de</strong> textos<br />

são criações frágeis. O autor M. H. GOSHEN-GOTTSTBIN, The Book of Isaiah. Sample Edition<br />

with Introduction, Jerusalém, 1965, exprime assim o seu pensamento: «It appears to me,<br />

howhever, somewhat premature to draw dividing lines and to lay down rules as to the number<br />

of traditions and their geographical distribution (...). But the actual existence of Hebrew<br />

traditions different from what was <strong>de</strong>stined to become the Massoretic Text is no longer a<br />

mere speculation» (p. 13).<br />

107 Une citation <strong>de</strong> Lèvitique 26, 45 dans le Document <strong>de</strong> Damas I, 4; VI, 2, em RQ 22<br />

(1967) 289-291 (p. 291: «Este exemplo <strong>de</strong>monstra que Q cita as Escrituras <strong>de</strong> memória que, já<br />

<strong>de</strong> si, são interpretadas por uma tradição tão conhecida como a própria letra do texto sagrado»).<br />

Em Les Étu<strong>de</strong>s Turgumiques... o. c. p. 325: «C'est en effet une Écriture interpretée qu'à reçue<br />

1'Église».<br />

108 Esperamos po<strong>de</strong>r oferecer ao público um trabalho <strong>de</strong> tese sobre o assunto comprovando<br />

os resultados <strong>de</strong>ste estudo.<br />

109 J. CARMIGNAC, Six passages d'Isale éclairés par Qumran, em Bibel und Qumran, o. c.<br />

pp. 37-46. O A. estuda as passagens <strong>de</strong> Is. 14, 11; 21, 10; 22, 5; 25, 4; 26, 3; 50, 6. Em p. 42,<br />

nota 2, critica o estudo <strong>de</strong> J. COSTE (cf. as nossas notas 94 e 95) nas suas consi<strong>de</strong>rações teológicas<br />

acerca das variantes entre TM e LXX em Is. 25, 1-5. O próprio Joseph ZIEGLER, indiscutivelmente<br />

a maior autorida<strong>de</strong> em assuntos da Septuaginta, afirma em Die Vorlage <strong>de</strong>r Isaias-Septuaginta<br />

(LXX) und die erste Isaias-Rolle von Qumran (lQIs. a), JBL 78 (1959), p. 59 «É mais que<br />

significativo que em muitos casos as contradições entre Qumran e os LXX se <strong>de</strong>vem a leituras<br />

secundárias e facilitadas» («sekundãre, erleichtern<strong>de</strong> Lesarten...»).

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