QUMRAN Exegese Histórica e Teologia de Salvação
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72 didaskaiía<br />
maldito, uma calamida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Belial, (24) que se levanta para ser<br />
uma armadilha <strong>de</strong> criador <strong>de</strong> aves (cf. Os. 9, 8; Sal. 91, 3) e uma<br />
ruína para todos os seus vizinhos (cf. Jer. 48, 39). Ele levantar-se-á<br />
(25) , ambos (são) instrumentos da violência (cf. Gen. 49, 5).<br />
Eles reconstruirão (26) eles para ela uma<br />
<strong>de</strong>fesa e torres, para assim fazerem uma fortaleza <strong>de</strong> impieda<strong>de</strong><br />
(27) em Israel e um horror (cf. Jos. 6, 26) em Efraim e em<br />
Judá. (28) uma mancha no país (cf. Jer. 23, 15) e uma<br />
gran<strong>de</strong> irrisão (cf. Ne. 9,18, 26) entre os filhos <strong>de</strong> (29)<br />
verter o sangue como água sobre a areia da filha <strong>de</strong> Sião e no traçado<br />
<strong>de</strong> (30) Jerusalém (cf. Lam. 2, 4; Sal. 79, 3) 16a ].<br />
Estamos perante um texto que representa uma construção<br />
<strong>de</strong> Q, servindo-se <strong>de</strong> vários textos bíblicos, no sistema da antologia<br />
bíblica e com uma finalida<strong>de</strong> histórica <strong>de</strong> actualização sobre a figura<br />
do «maldito» e dos «instrumentos <strong>de</strong> violência» 17 . Surge, então, o<br />
problema, que retemos <strong>de</strong> muita importância: se 4QTes. <strong>de</strong> Josué<br />
representa uma actualização histórica, também 4QTes. dos Num.<br />
e do Det., como 4QBlessings 18 terão a sua intenção textual <strong>de</strong> actualização<br />
histórica, se bem que não tão explícita, porque se encontram<br />
no mesmo pergaminho. Embora os textos bíblicos pertençam a<br />
uma tradição manuscrita mais próxima do Samaritano e dos LXX,<br />
a realida<strong>de</strong> textual po<strong>de</strong> ter sido conscientemente escolhida, por<br />
vezes alterada, em função duma actualização histórico-teológica.<br />
Neste caso, a <strong>de</strong>terminação das famílias — se é que as há com a<br />
sistematização <strong>de</strong> CROSS — constitui um problema impossível <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>terminar com precisão.<br />
2. 4QSamuel<br />
Os fragmentos qumrânicos <strong>de</strong> Samuel foram estudados pela<br />
primeira vez em 1953 por F. M. CROSS 19 . Trata-se <strong>de</strong> 4QlSam.<br />
161 Os espaços em branco indicam as falhas do próprio manuscrito.<br />
17 J. T. MOIX, P. W. SKEHAN, F. M. CROSS, J. M. ALLEGRO, cada qual aplica històricamente<br />
a figura do «maldito» e a dos «instrumentos <strong>de</strong> violência» (cf. Les Textes <strong>de</strong> Qumrân,<br />
1963, p. 278, nota 32. BBOWNI.EE, The Meoning of... o. c. p. 185, julga o sacerdote Ímpio<br />
na pessoa <strong>de</strong> Joio Hircano I (que reinou entre 135-105 a. C.). Sobre os problemas históricos<br />
<strong>de</strong> Q ver ainda BROWNLEE, Jesus and Qumran (Written in Honour oj Ernest Cadman Colwelí),<br />
Phila<strong>de</strong>lphia-Pennsylvania, 1968, pp. 52-81; J. CARMIGNAC, Les éíements historiques <strong>de</strong>s tHymnes»<br />
<strong>de</strong> Qumrân, RQ 2 (1960) 205-222.<br />
18 4QBlessings foi publicada por M. ALLEGRO, Further Messianic... o. c. pp. 174-176.<br />
É uma espécie <strong>de</strong> «pesher» a Gen. 49, 2-27, clarificando e <strong>de</strong>senvolvendo o texto bíblico com<br />
os processos clássicos do «midrash».<br />
19 F. M. CROSS JR., A New Qumran... o. c.