QUMRAN Exegese Histórica e Teologia de Salvação
QUMRAN Exegese Histórica e Teologia de Salvação
QUMRAN Exegese Histórica e Teologia de Salvação
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
qumran: bxegese histómca b teologia <strong>de</strong> salvação 89<br />
é vista à luz da profecia (cf. 1 Cr. 25, 1-3) e os fundadores das associações<br />
levíticas são <strong>de</strong>signados <strong>de</strong> profetas (1 Cr. 25, 5; 2 Cr. 29, 30;<br />
35,15). Aliás, segundo a tradição rabínica todos os livros do AT foram<br />
compostos por profetas 67 , inclusive os hímnicos 68 e os históricos.<br />
Também Daniel 11-12 tem por fim actualizar as antigas profecias<br />
69 . Estes capítulos referem-se à pessoa <strong>de</strong> Antíoco IV e certas<br />
expressões que, por ex. em Num. 24, 24 se referiam à Assíria, agora,<br />
em Dan. 11, 30 actualizam-se na pessoa <strong>de</strong> Antíoco IV 70 . A escolha<br />
da frase inicial <strong>de</strong> Num. 24, 24: «os barcos do lado <strong>de</strong> kittim...<br />
«inspira Dan. 11, 30: «os barcos <strong>de</strong> kittim virão...» referindo-os<br />
agora aos selêucidas. A mesma coisa se dirá <strong>de</strong> Is. 8, 7-8a: «o Senhor<br />
fará correr contra vós as águas po<strong>de</strong>rosas e profundas do rio (o rei<br />
<strong>de</strong> Assur e todo o seu po<strong>de</strong>r) que transbordará do seu leito e avassalará<br />
todas as suas margens, (v. 8) penetrará em Judá, inundá-la-á<br />
("13171 ^CSttf) até atingir o pescoço», entendido por Dan. em referência<br />
à invasão dos exércitos dos selêucidas sobre a Ju<strong>de</strong>ia, pois sempre<br />
que se fala ou relata tal invasão emprega-se a expressão "13IÍ1 ^tSZ?<br />
(cf. Is. 8, 8a e Dan. 11, 10, acerca da conquista da Ju<strong>de</strong>ia por<br />
Antíoco III); e Is. 11, 40b-41a acerca do avanço antecipado através<br />
da Ju<strong>de</strong>ia sobre o Egipto. Mesmo quando fala dos exércitos <strong>de</strong><br />
Antíoco IV, vitoriosos no N. e no S. da Ju<strong>de</strong>ia, o nosso autor gosta<br />
<strong>de</strong> usar o verbo tpE? (cf. 11, 22, 26). O autor <strong>de</strong> Daniel espera<br />
que os leitores reconheçam na frase a realização duma profecia<br />
isaiana sobre a Assíria 71 .<br />
17 Moisés passava pelo maior dos profetas. Josué, Samuel, David, etc. eram igualmente<br />
profetas. S. Paulo em Tito 1,12s cita Epimêni<strong>de</strong>s como «profeta», e na carta <strong>de</strong> S. Judas (14s.)<br />
o apócrifo <strong>de</strong> Enoc aparece sob o signo da profecia. Cfr. a nota seguinte.<br />
4 » O termo «filho <strong>de</strong> Deus», aplicado a David (2Cr. 8, 14; Nec. 12, 24, 36), provavelmente<br />
aparece com o sentido <strong>de</strong> projeta (cfr. lCr. 23, 14; 2Cr. 30, 16; Es. 3, 2; 2 Cr. 25, 7).<br />
David foi um profeta na sua função <strong>de</strong> pai da poesia e dos salmos. Enquanto que no tempo<br />
pre-exilico os Levitas eram apenas sacerdotes, no tempo post-exilico passam por profetas,<br />
O autor BROWNIEE, The meaning... o. c. p. 70 diz: «Dadas as circunstâncias que os oráculos<br />
e os hinos provêm dos profetas, concluo que há dois ramos <strong>de</strong> profecia no Antigo Testamento,<br />
a salmódica e a oracular. Depen<strong>de</strong>m duma raiz comum, que é a música cúltica» .ISam. 9, 9<br />
afirma em glossa e que a «Bible <strong>de</strong> Jérusalem» coloca <strong>de</strong>pois do v. 11: «antigamente cm Israel<br />
eis o que se dizia quando se ia consultar Deus: «Vamos, pois, junto do vi<strong>de</strong>nte», porque em<br />
vez <strong>de</strong> «profeta» como hoje, dizia-se antigamente «vi<strong>de</strong>nte». Tudo isto tem importância para<br />
compreen<strong>de</strong>rmos as releituras bíblicas <strong>de</strong> Q e a estatura profética do Mestre <strong>de</strong> Justiça. Ele<br />
era dotado do dom da inspiração para interpretar as profecias do AT. Tinha o dom carismático<br />
<strong>de</strong> escrever hinos e é precisamente nos hinos que ele reclama o dom do Espírito Santo<br />
(1QH VII, 6s; XIII, 18s; XIV, 25; XVII, 26).<br />
49 Cfr. a obra em honra <strong>de</strong> A. GELIN, A la Rencontre <strong>de</strong> Dieu, Paris, 1961, pp. 119-128,<br />
129, 160, 297 e 368 e o trabalho <strong>de</strong> A. GELIN, La question <strong>de</strong>s «relectures» bibliques à l'intcrieur<br />
d'une tradition vivante, em Sacra Pagina, t. I, p. 312 s.<br />
70 Cf. H. L. GINSBERG, The Composition of the book of Daniel, em Eretz Israel V. 3 e<br />
The Ol<strong>de</strong>st Interprétation oj the SuJJering Servant, em VT. VIII (1953) 400-404.<br />
71 Cf. GINSBERG, The Ol<strong>de</strong>st... o. c. p. 401.