Relatório nº 47/2001 - 2ª S. - Vol. I - Tribunal de Contas
Relatório nº 47/2001 - 2ª S. - Vol. I - Tribunal de Contas
Relatório nº 47/2001 - 2ª S. - Vol. I - Tribunal de Contas
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
<strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong><br />
• O Estado, contudo, ao fixar, nos termos do FRA Global, uma TIR accionista <strong>de</strong><br />
11,43%, em articulação com a introdução <strong>de</strong> outras variáveis e pressupostos que<br />
espelham aumentos reais <strong>de</strong> custos da concessionária, está, na verda<strong>de</strong>, a assumir tais<br />
encargos, através da atribuição <strong>de</strong> um compensação directa superior à que a<br />
concessionária teria direito, caso se consi<strong>de</strong>rasse apenas o efeito da perda <strong>de</strong><br />
rendimento das portagens.<br />
• Assim, a reposição <strong>de</strong> perdas da TIR accionista, resultantes <strong>de</strong> factos alheios ao<br />
conce<strong>de</strong>nte, repercutidos no novo mo<strong>de</strong>lo Caso Base, que, na realida<strong>de</strong>, não<br />
configuram “modificações unilaterais” nem “eventos <strong>de</strong> força maior”, acaba por<br />
<strong>de</strong>svirtuar o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> financiamento project finance, para além <strong>de</strong> não ser<br />
socialmente aceitável que o Estado suporte encargos que caberiam sempre à<br />
concessionária assumir, nos termos da presente arquitectura contratual da concessão<br />
em apreço.<br />
Sublinhe-se que o Banco Efisa, que, uma vez mais, se cita, até porque foi escolhido pelo<br />
Estado para o assessorar tecnicamente neste dossier, recomendou ao conce<strong>de</strong>nte a utilização<br />
<strong>de</strong> cenários <strong>de</strong> reposição alternativos, tendo em consi<strong>de</strong>ração a obtenção <strong>de</strong> uma<br />
rentabilida<strong>de</strong> justa para os accionistas e a<strong>de</strong>quada ao perfil <strong>de</strong> risco do projecto. Um<br />
cenário apontado pelo Banco Efisa foi a utilização <strong>de</strong> uma TIR <strong>de</strong> 10,86%, valor obtido no<br />
mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> refinanciamento do Caso Base original, anexo ao FRA VI, vidé o Relatório<br />
Preliminar - Banco Efisa, <strong>de</strong> 22 <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> 2000, do qual nos permitimos transcrever o que<br />
se segue:<br />
“3.7 Cenários alternativos”<br />
“O Banco Efisa consi<strong>de</strong>ra que este valor (o <strong>de</strong> uma TIR <strong>de</strong> 10,86%) seria um bom ponto <strong>de</strong><br />
partida para uma contra-proposta a apresentar pelo conce<strong>de</strong>nte, uma vez que seria esta a<br />
rentabilida<strong>de</strong> obtida pelos accionistas da Lusoponte no caso <strong>de</strong> o conce<strong>de</strong>nte autorizar a<br />
operação <strong>de</strong> refinanciamento e <strong>de</strong> as portagens na Ponte 25 <strong>de</strong> Abril aumentarem para o<br />
nível da Ponte Vasco da Gama.”<br />
“...A atribuição <strong>de</strong> uma compensação superior, que lhe garantisse uma rentabilida<strong>de</strong> mais<br />
elevada, face a um perfil <strong>de</strong> risco inferior, estaria a sobre-premiar a concessionária,<br />
<strong>de</strong>sequilibrando a relação risco-rentabilida<strong>de</strong> em seu favor e em claro prejuízo do erário<br />
público.”<br />
Refira-se ainda, com base nos pressupostos do novo mo<strong>de</strong>lo Caso Base, que o já citado Banco<br />
Efisa (consultor do conce<strong>de</strong>nte) proce<strong>de</strong>u ao cálculo da compensação a atribuir à<br />
concessionária, para um período <strong>de</strong> 10 anos, <strong>de</strong> forma a alcançar a referida taxa <strong>de</strong><br />
rendibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 10,86%. O valor calculado foi <strong>de</strong> 37,75 milhões <strong>de</strong> contos.<br />
Ora, o que não po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> se concluir, a este respeito, é que esta proposta <strong>de</strong><br />
compensação correspondia, para o conce<strong>de</strong>nte, a uma poupança <strong>de</strong> quase 24 milhões <strong>de</strong><br />
contos, face à verba atribuída <strong>de</strong> 61,32 milhões <strong>de</strong> contos.<br />
45