Revista edicao #2. - IGC - Universidade Federal de Minas Gerais

Resenha O espaço da pós-modernidade, em Código 46
Tânia Bittencourt Bloomfield
Mestranda do Programa de Pós-graduação em
Geografia – UFPR
O fim das utopias, da História, da Arte,
da modernidade, dos territórios, do
Estado-nação, do encantamento, das
esperanças, da civilização, do mundo.
Estamos vivendo em diferentes tempos e
em diferentes espaços? Na chamada pósmodernidade,
há uma tendência de
homogeneização da sociedade, causada
pelo processo de globalização?
Essas e outras questões foram suscitadas
pelo filme Code 46 (Código 46), lançado
no mercado em 2003. Trata-se de um filme
de ficção científica, mas que pouca
semelhança apresenta com outros filmes
já vistos. Ele apresenta um futuro, não
muito distante, que em vários aspectos se
parece com a nossa realidade. Ainda que
muitas coisas no filme pareçam familiares,
o roteiro aponta para um devir sombrio.
Supostamente, é o que nos espera,
imersos que estamos nas dimensões reificada
e consensual, mediadas pelas ideologias
que nos desumanizam.
O filme poderia ser resumido como um
exercício de futurologia, uma metáfora da
pós-modernidade consolidada. Nele podem
ser percebidas muitas das temáticas
que são abordadas por diferentes disciplinas
acadêmicas: a globalização, a genética,
a des-reterritorialização, o lugar, o não-lugar,
os equipamentos e artefatos tecnológicos,
a questão ambiental, a relação/
percepção tempo-espaço, o multiculturalismo,
a linguagem, a polarização corpo/mente,
as intersubjetividades e suas
relações com as estruturas políticas, econômicas
e culturais.
Antes de refletir sobre alguns aspectos
do filme em questão, será necessário transcrever
o Código 46, por se tratar da peça
em torno da qual a narrativa está baseada.
Artigo 1 – Dois seres humanos com o
mesmo grupo de genes nucleares são
considerados geneticamente idênticos. As
relações de um são as relações de todos.
Devido às técnicas de fecundação artificial
e clonagem, é necessário prevenir qualquer
reprodução geneticamente incestuosa,
acidental ou proposital. Portanto:
a. Os futuros pais devem ser geneticamente
examinados, antes de conceberem. Se
apresentarem 100%, 50% ou 25% de
igualdade genética, não poderão conceber.
b. Se a gravidez não for planejada, o feto
será examinado. Uma gravidez vinda de
pais com 100%, 50% ou 25% de igualdade
genética será imediatamente interrompida.
c. Se os pais não sabiam da igualdade
genética entre eles, é permitida uma intervenção
médica para prevenir o Código 46.
d. Se os pais sabiam da igualdade genética
antes de conceberem, trata-se de uma
violação do Código 46.
(CODE... 2003, n.p., tradução nossa)
Apesar de aparentemente se tratar de
uma obra cinematográfica que põe em
relevo a clonagem e demais experiências
Belo Horizonte 02(1) 109-113 janeiro-junho de 2006
Geografias
Allaoua Saadi Antônio Pereira Magalhães JúnioTânia Bittencourt Bloomfield RESENHA
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