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Revista edicao #2. - IGC - Universidade Federal de Minas Gerais

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Introdução<br />

Suguio (1992, p. 86) e Diehl (1997, p. 38) caracterizaram pontais arenosos como uma<br />

feição geomorfológica <strong>de</strong> origem <strong>de</strong>posicional. Os autores utilizaram-se da <strong>de</strong>nominação<br />

“esporão” ou “flecha arenosa” para <strong>de</strong>finir essa feição <strong>de</strong> relevo, em geral arenosa,<br />

formada por uma série <strong>de</strong> cristas <strong>de</strong> cordões litorâneos conectados ao continente ou a<br />

uma ilha por uma das extremida<strong>de</strong>s. Essa <strong>de</strong>finição a<strong>de</strong>qua-se perfeitamente ao pontal<br />

do Capri, que apresenta na sua cobertura espécies vegetais adaptadas ao meio, <strong>de</strong>stacandose<br />

as <strong>de</strong> restinga, manguezal e marisma.<br />

As áreas <strong>de</strong> preservação permanente (APP) incorporando a vegetação às margens <strong>de</strong><br />

rios, entorno <strong>de</strong> lagoas, dunas e planícies <strong>de</strong> maré foram estabelecidas através do Código<br />

Florestal (Lei 4.771/65) (BRASIL, 1965), com objetivo <strong>de</strong> evitar a sua <strong>de</strong>scaracterização<br />

através da ação antrópica, já que apresentam importante função ecológica na manutenção<br />

dos diversos biomas, bem como protegem e mantêm a integrida<strong>de</strong> <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong><br />

maior fragilida<strong>de</strong>.<br />

Dentre os diversos tipos <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong> preservação permanente, a restinga fixadora <strong>de</strong><br />

dunas vem sendo intensamente ocupada. Esse tipo <strong>de</strong> ocupação é viabilizado, muitas<br />

vezes, com a anuência dos órgãos ambientais, que autorizam a implantação <strong>de</strong> loteamentos,<br />

residências e hotéis.<br />

De acordo com a Fundação SOS Mata Atlântica (1998, p. 45), o ecossistema da restinga<br />

foi o mais agredido entre os anos <strong>de</strong> 1990 e 1995 no estado <strong>de</strong> Santa Catarina,<br />

superando até mesmo a vegetação da floresta ombrófila <strong>de</strong>nsa.<br />

No pontal do Capri, localizado no município <strong>de</strong> São Francisco do Sul, a ocupação das<br />

áreas <strong>de</strong> preservação permanente é uma prática constante, em claro conflito com os<br />

ditames da Lei 4.771/65 (BRASIL, 1965). O processo <strong>de</strong> ocupação, acelerado nos últimos<br />

anos pela indústria do turismo, tem contribuído para a <strong>de</strong>scaracterização das áreas<br />

<strong>de</strong> preservação permanente.<br />

Este trabalho tem como objetivo principal a <strong>de</strong>scrição física e biológica do pontal do<br />

Capri e das conseqüências ambientais <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> sua ocupação antrópica.<br />

O pontal do Capri localiza-se no extremo noroeste da ilha <strong>de</strong> São Francisco do Sul<br />

(Fig. 1), cujo acesso é realizado através da rodovia pavimentada BR 280 e <strong>de</strong> estrada<br />

vicinal, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Francisco do Sul, por uma distância <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 8 km.<br />

O pontal po<strong>de</strong> também ser acessado por meio hidroviário junto à baía da Babitonga,<br />

sendo esta atravessada transversalmente pelo duto da Petróleo Brasileiro S/A (PETRO-<br />

BRÁS). Destaca-se no extremo sudoeste do pontal a presença <strong>de</strong> uma marina bem estabelecida<br />

(Capri Iate Clube). A população resi<strong>de</strong>nte está assentada ao longo do pontal e<br />

aumenta sobremaneira durante os períodos <strong>de</strong> verão.<br />

Metodologia<br />

Inicialmente foi realizado o levantamento bibliográfico da área <strong>de</strong> estudo através da<br />

leitura <strong>de</strong> informações <strong>de</strong> caráter geológico, geomorfológico, da cobertura vegetal,<br />

ocupação antrópica, legislação ambiental e ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> gabinete em geral.<br />

Belo Horizonte 02(1) 34-46 janeiro-junho <strong>de</strong> 2006<br />

Geografias<br />

Cláudia Regina dos Santos Norberto Olmiro Horn Filho ARTIGOS CIENTÍFICOS<br />

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