Revista edicao #2. - IGC - Universidade Federal de Minas Gerais
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foi totalmente expropriado, o que permitiu que os moradores que perdiam suas terras<br />
fossem ali morar. Atualmente seus moradores somam 63 famílias, muitas das quais foram<br />
expulsas dos antigos espólios oriundos da “Divisão”, que se estendiam do vale do<br />
Arapuim aos divisores <strong>de</strong> água. Caracteriza-se como núcleo central da comunida<strong>de</strong>, on<strong>de</strong><br />
se localizam a Igreja e a Casa <strong>de</strong> Santo Reis, local <strong>de</strong> realização da Folia <strong>de</strong> Reis. Araruba<br />
possui as menores áreas para cultivo, limitando-se estas muitas vezes aos quintais e a<br />
alguns trechos às margens da Lagoa da Peroba.<br />
Caxambu foi dividido pelos po<strong>de</strong>res municipais em duas áreas, a partir do vale do rio<br />
Arapuim. Caxambu 1 localiza-se no município <strong>de</strong> Varzelândia, ao norte do rio Arapuim,<br />
on<strong>de</strong> vivem 40 famílias. Atualmente, as terras oriundas dos antigos espólios são as <strong>de</strong><br />
Santo Ferreira <strong>de</strong> Sousa e Prasti<strong>de</strong> Cardoso <strong>de</strong> Oliveira, além das “terras <strong>de</strong> ausência”,<br />
ou seja, as que não foram requeridas. Gran<strong>de</strong> parte dos espólios adquiridos na “Divisão”<br />
foi tomada por fazen<strong>de</strong>iros <strong>de</strong> gado, que hoje são seus confrontantes. Um outro<br />
confrontante <strong>de</strong> Caxambu 1 é o Paraterra, um assentamento do INCRA com 135 alqueires,<br />
on<strong>de</strong> se encontram 35 famílias assentadas, <strong>de</strong>ntre elas duas oriundas da comunida<strong>de</strong>.<br />
Caxambu 2 localiza-se ao sul do rio Arapuim e do ribeirão Canabrabal ou Assa-Peixe,<br />
no município <strong>de</strong> São João da Ponte, e confronta-se com fazendas <strong>de</strong> gado e com o<br />
Paraterra. Das terras não expropriadas, restam hoje os espólios <strong>de</strong> Domingos Dias e<br />
Menegídio Barbosa <strong>de</strong> Jesus, on<strong>de</strong> vivem 28 famílias.<br />
Furado Seco conta com 80 famílias, que ainda vivem nos espólios <strong>de</strong> José Fernan<strong>de</strong>s<br />
da Silva, Bibiano Oliveira e Alexandre Antunes Pereira, atualmente cercados por fazendas<br />
<strong>de</strong> gado. Nesse núcleo, cujo padroeiro é São Benedito, está presente a memória<br />
acerca <strong>de</strong> dois antigos moradores que foram assassinados pelos grileiros e fazen<strong>de</strong>iros<br />
que ali chegaram. Seu Levino Pinheiro <strong>de</strong> Abreu morreu após tomar um suposto “remédio”<br />
dado por jagunços para acabar com uma febre. Em seguida, sua esposa e seus<br />
filhos tiveram <strong>de</strong> ir morar nas “terras <strong>de</strong> ausência” <strong>de</strong> Furado Mo<strong>de</strong>sto. Segundo relatos,<br />
Dona Lorença Ana <strong>de</strong> Jesus, esposa <strong>de</strong> Alexandre Antunes Pereira, foi assassinada após<br />
a morte <strong>de</strong> seu marido, e seu corpo, jogado na Lagoa Amarela.<br />
Conrado situa-se num único espólio, <strong>de</strong> Conrado Pereira da Silva, que possuía 15<br />
alqueires <strong>de</strong> terra (“alqueirinho”, <strong>de</strong> 4,8 hectares) e hoje conta com apenas 5 alqueires,<br />
on<strong>de</strong> vivem 22 famílias. Atualmente, é circundado por fazendas <strong>de</strong> gado, e em uma <strong>de</strong>las<br />
ainda se encontra uma antiga moradora do Conrado, dona Maria Helena, que não saiu<br />
da terra e hoje está cercada pelo pasto.<br />
Cabaceiros soma 80 famílias, distribuídas pelos espólios <strong>de</strong> Belarmino <strong>de</strong> Oliveira<br />
Neto, Santo Fernan<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Sousa, Henrique Pereira da Silva, Aleixa Rodrigues <strong>de</strong> Castro<br />
e Pantaleão Fernan<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Sousa, localizados entre as margens do rio Arapuim e o córrego<br />
São Vicente, em alguns trechos, até o Marco do Cedro, em outros. No interior <strong>de</strong><br />
Cabaceiros vive a família <strong>de</strong> um fazen<strong>de</strong>iro <strong>de</strong> gado que ali grilou terras, cujo filho é<br />
vereador em Varzelândia; outros fazen<strong>de</strong>iros cercam o núcleo.<br />
Arapuim é um núcleo on<strong>de</strong> as moradias estão mais espalhadas. As 29 famílias que ali<br />
vivem estão situadas nos espólios <strong>de</strong> Ambrósio Pereira da Silva, Adriano Soares <strong>de</strong><br />
Aguiar, Calixto Ferreira <strong>de</strong> Oliveira, Firmiano <strong>de</strong> Oliveira Neto e Augusto Fernan<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
Belo Horizonte 02(1) 58-77 janeiro-junho <strong>de</strong> 2006<br />
Simone Raquel Batista Ferreira<br />
Geografias<br />
ARTIGOS CIENTÍFICOS<br />
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