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Uma Proposta para Arapongas–Pr: Promover a Inclusão do Catador de Lixo e seu Bem Estar Social<br />
INTRODUÇÃO<br />
184<br />
O presente artigo é resultado <strong>da</strong>s reflexões inerentes ao projeto de pesquisa, ain<strong>da</strong><br />
em an<strong>da</strong>mento, desenvolvido na Usina de Reciclagem de Arapongas, município localizado no Estado<br />
do Paraná, mais especificamente na Cooperativa dos Recicladores de Arapongas – Coopreara,<br />
cria<strong>da</strong> em 12 de fevereiro de 2004, e que desenvolve seus trabalhos na usina, existente desde 1989.<br />
A cooperativa possui me torno de 100 cooperados, com uma diretoria composta por presidente,<br />
vice-presidente, secretário tesoureiro e uma comissão de ética, que visa discutir e solucionar possíveis<br />
desavenças. É manti<strong>da</strong> através de convênio com a prefeitura, que repassa uma quantia<br />
destina<strong>da</strong> a auxiliar no pagamento dos salários e uma cesta básica aos cooperados. Devido a esse<br />
convênio dois funcionários <strong>da</strong> prefeitura são destinados ao local: um gerente e um chefe de manutenção.<br />
Seu funcionamento se dá <strong>da</strong>s 06h00min ás 18h00min, com 2 horas de almoço e sábados<br />
<strong>da</strong>s 06h00min ás 12h00min. A capaci<strong>da</strong>de atual de recebimento e processamento de lixo na usina<br />
chega a uma média de 70 tonela<strong>da</strong>s diariamente, com 15% sendo reciclados, 35% destinados o<br />
aterro municipal e 20% sendo transformados em composto orgânico para adubo.<br />
Ao se organizarem, estes trabalhadores, que já atuavam como catadores de lixo<br />
nas ruas do município garantiram maiores rendimentos, condições mais adequa<strong>da</strong>s de trabalho e<br />
autonomia no gerenciamento de suas ativi<strong>da</strong>des. Apesar do aspecto libertador desta proposta, o<br />
trabalho desenvolvido mantém características fordistas de produção, e assim, vincula-se a uma<br />
perspectiva de controle que parte do domínio do tempo / movimento, além de caracterizar-se como<br />
um tipo de trabalho alienante, por não se ter clareza do processo produtivo como um todo. No<br />
entanto, diferencia-se <strong>da</strong> perspectiva tradicional pelo fato do resultado de seu trabalho não ser<br />
expropriado, mas sim garantido a todos a partir do cooperativismo.<br />
Partindo destas considerações, delineamos nosso problema de pesquisa, que se<br />
divide em duas etapas:<br />
1. Como entender a lógica do trabalho cooperativo em uma estrutura que,<br />
além de caracterizar-se como trabalho degra<strong>da</strong>nte, mantém a perspectiva<br />
fordista de produção?<br />
2. Como estes elementos afetam a subjetivi<strong>da</strong>de deste trabalhador?<br />
ASPECTOS TEÓRICOS: COOPERATIVISMO E O MUNDO DO TRABALHO<br />
R<br />
E<br />
V<br />
I<br />
S<br />
T<br />
A<br />
A proposta de trabalho aqui apresenta<strong>da</strong> está pauta<strong>da</strong> na perspectiva contemporânea<br />
de ação social do pesquisador que, devido ao enfraquecimento do Estado, vem sendo cobrado<br />
no sentido de atuar na busca <strong>da</strong> solução de problemas que atingem a socie<strong>da</strong>de como um todo. Um<br />
destes elementos é a questão do trabalho. Atualmente parte <strong>da</strong> população brasileira está desemprega<strong>da</strong><br />
e outra atua no mercado informal, o que indica uma intensificação <strong>da</strong> precarização do<br />
trabalho no país. Uma <strong>da</strong>s saí<strong>da</strong>s encontra<strong>da</strong>s por parte dos trabalhadores é a organização em<br />
cooperativas, elemento que pode tanto levar a organização e garantia de autonomia como o enfraquecimento<br />
e o empobrecimento <strong>da</strong> classe trabalhadora.<br />
Esta pesquisa está assim pauta<strong>da</strong> em uma problemática atual, que não se restringe<br />
apenas aos estudiosos do mundo do trabalho, mas que exige uma visão multidisciplinar e integra<strong>da</strong>,<br />
em especial a partir dos olhares de sociólogos, antropólogos, psicólogos, administradores e histori-<br />
TERRA E CULTURA - Nº 44 - Ano 23 - Jameiro a Julho 2007