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Uma Proposta para Arapongas–Pr: Promover a Inclusão do Catador de Lixo e seu Bem Estar Social<br />

186<br />

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A<br />

dos assalariados, ou mesmos os miseráveis, que estão excluídos inclusive do mercado de trabalho<br />

e, desta forma, se encontram a margem <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de.<br />

Para Freud a essência humana é social, pois a socialização ocorre por meio de<br />

grupos e instituições e, a partir <strong>da</strong>í, são construídos os valores, ideais e conceitos que marcam uma<br />

pessoa. Em sua obra “O Mal-Estar na civilização”, Freud afirma que: “(...) a evolução <strong>da</strong> civilização<br />

(...) deve nos mostrar a luta entre Eros e a Morte, entre o instinto de vi<strong>da</strong> e o instinto de<br />

destruição (FREUD apud SAWAIA, 1999, p.67)”. Esta afirmação nos leva a acreditar que o ser<br />

humano só existe em socie<strong>da</strong>de, vivendo um anseio pelo futuro, marcado pelo desejo de deixar<br />

suas marcas. Estas, por sua vez, podem gerar incompatibili<strong>da</strong>de de interesses no interior de uma<br />

<strong>da</strong><strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de, gerando assim conflito e a divisão de classes, afetando privilégios e posicionamentos<br />

na comuni<strong>da</strong>de a qual pertencemos.<br />

Para Bader Sawaia, em seu artigo no livro “Artimanhas <strong>da</strong> Exclusão” (1999), a<br />

socie<strong>da</strong>de exclui para incluir. Esta transferência de valores nos apresenta uma visão ilusória sobre<br />

a inclusão e, assim, no lugar de exclusão temos exclusão/Inclusão. Esta duali<strong>da</strong>de envolve sentimentos<br />

específicos, desde o sentir-se incluído até o sentir-se discriminado, não apenas pela ordem<br />

econômica, mas também social e individual que se manifestam por meio de identi<strong>da</strong>des, sociabili<strong>da</strong>des,<br />

consciência e inconsciência. A exclusão só existe tendo a inclusão como sua parte constitutiva.<br />

Pensa-se que ambas são conseqüências do funcionamento do sistema que existe em uma socie<strong>da</strong>de<br />

e que são processos que envolvem os homens e suas relações com os outros.<br />

Não é somente o desemprego que exclui as pessoas na socie<strong>da</strong>de capitalista, pois<br />

a exclusão econômica se estende para outros elementos, como a divisão social do emprego e dos<br />

locais de moradia. Este é o caso de muitos trabalhos que fogem a ideologia de que o trabalho<br />

dignificar o homem, como os catadores de lixo. Para agravar a situação, tratamos aqui de pessoas<br />

estão vincula<strong>da</strong>s a uma cooperativa que perante o sistema capitalista não gera lucro e, assim,<br />

colocam-se contrária a ordem <strong>da</strong>s coisas.<br />

A forma que nos engajamos nos grupos dos quais pertencemos faz com que a<br />

imagem que temos de nós mesmos esteja liga<strong>da</strong> à que temos de nosso grupo, o que nos leva a<br />

defender seus valores, a diferenciar e, em segui<strong>da</strong>, excluir aquelas pessoas que não fazem parte<br />

dele. Esta é uma <strong>da</strong>s características do preconceito, entendido como: “(...) um julgamento positivo<br />

ou negativo, formulado sem exame prévio a propósito de uma pessoa ou coisa e que, assim, compreende<br />

vieses e esferas específicas” (JODELET apud SAWAIA, 1999, p.52).<br />

Geralmente, ao separar quem faz ou não parte do grupo social, o fazemos por meio<br />

de estereótipos impregnados pelo meio em que se vive, a partir <strong>da</strong> imputação de atributos específicos<br />

às outras pessoas, ou a um grupo de uma categoria social. Assim, diríamos que a pobreza não<br />

significa exclusão social, mas esta pode levar a exclusão, pois os pobres são obrigados a viver<br />

isolados e aceitar a inferiori<strong>da</strong>de de seu status na socie<strong>da</strong>de em que vivem. Automaticamente<br />

acabam mantendo relações distantes com os outros, até mesmo com aqueles que se encontram na<br />

mesma situação. Este enfraquecimento de vínculos sociais pode relacionar-se ain<strong>da</strong> a precarie<strong>da</strong>de<br />

<strong>da</strong> vi<strong>da</strong> profissional, conforme aponta Serge Paugam (apud SAWAID,1999, p.72) “(...) quanto<br />

mais precária for a situação no mercado de trabalho, maior é a possibili<strong>da</strong>de de o indivíduo não ter<br />

relação nenhuma com a família.”. Com isso, sentem-se humilhados e mantém-se muitas vezes<br />

isolados, o que explicaria o fato de serem pouco sociáveis.<br />

TERRA E CULTURA - Nº 44 - Ano 23 - Jameiro a Julho 2007

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