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Ana Maria de Almei<strong>da</strong> Prado Lhamas Ferreira, Jaqueline Milani, Keila Regina Gonçalves, Patrícia<br />

Martins Castelo Branco e Silvia do Carmo Pattarelli<br />

adores, dentre outros. Este conjunto de conhecimentos contribui para a delimitação de conceitos<br />

que perpassam esta pesquisa, como o de capitalismo, trabalho, cooperativismo, exclusão, reciclagem<br />

e meio ambiente. Atualmente o lixo deve ser considerado um problema sócio-ambiental, na medi<strong>da</strong><br />

em que há um aumento do consumo sem uma preocupação efetiva com a sustentabili<strong>da</strong>de do meio<br />

que garanta sua produção. Este projeto alia preocupações inclusivas como a questão ambiental, na<br />

medi<strong>da</strong> em que trata de trabalhadores que atuam em uma solução encontra<strong>da</strong> para o lixo do<br />

município de Arapongas-PR e que pode servir como modelo para outras ci<strong>da</strong>des <strong>da</strong> região.<br />

Para uma análise pormenoriza<strong>da</strong> de nosso objeto de estudo, a Cooperativa dos<br />

Recicladores de Arapongas – Coopreara, faz-se necessário mapear alguns conceitos importantes.<br />

Primeiramente é preciso entender que a usina está inseri<strong>da</strong> na lógica capitalista, tanto no que se<br />

refere a organização do trabalho como no fato de que o lixo, atualmente, é resultado <strong>da</strong> lógica de<br />

consumo que o sistema nos impõe. Além disso, não devemos nos esquecer que estamos tratando<br />

de uma cooperativa que, com suas particulari<strong>da</strong>des, nos impõem uma lógica contraditória no que se<br />

refere ao mundo do trabalho.<br />

O fato de uma <strong>da</strong>s etapas de trabalho consistir na seleção do lixo por meio de uma<br />

esteira remonta a lógica moderna de produção, vincula<strong>da</strong> mais precisamente aos modelos taylorista<br />

e fordista de produção. Frederik Winslow Taylor foi o criador de uma metodologia que apresenta<br />

uma proposta de padronização, visando produzir mais em menos tempo, tendo como foco principal<br />

o controle do tempo de trabalho. Para tanto elabora quatro técnicas administrativas, no qual se<br />

destacavam a introdução do cronômetro para a contagem de ca<strong>da</strong> operação e a realização de ca<strong>da</strong><br />

objetivo em um processo produtivo. Em seu sistema, Taylor sempre manteve a divisão do trabalho<br />

e <strong>da</strong>s responsabili<strong>da</strong>des entre direção e operário para prescrever o que ca<strong>da</strong> um deveria fazer e<br />

como deveria fazer, desta forma, evitava os conflitos de classes no interior <strong>da</strong> fábrica (MORAES<br />

NETO, 1991).<br />

Avançando em direção ao controle mais efetivo <strong>da</strong> produção, Henry Ford, dono <strong>da</strong><br />

indústria automobilística Ford, colocou em prática a produção em série através <strong>da</strong>s linhas de montagem.<br />

Com a criação <strong>da</strong> esteira móvel, obteve o controle do ritmo e tempo através <strong>da</strong> fragmentação<br />

<strong>da</strong>s tarefas para assim aumentar ain<strong>da</strong> mais a produtivi<strong>da</strong>de. Desta forma temos que tanto<br />

Taylor quanto Ford possuíam um objetivo em comum: o aumento <strong>da</strong> produtivi<strong>da</strong>de, e assim, do<br />

lucro, contribuído para a alienação do trabalho (MORAES NETO, 1991).<br />

Contraditoriamente, o momento de surgimento <strong>da</strong>s concepções de Taylor e Ford<br />

foi também o momento de constituição <strong>da</strong> noção de cooperativismo. Desta forma entendemos que<br />

ambos estão vinculados a constituição do mundo moderno, e assim, a perspectiva capitalista de<br />

produção.<br />

Segundo Américo Utumi (1973), ao contrário do fordismo, o cooperativismo está<br />

inserido na socie<strong>da</strong>de e visa corrigir problemas sociais. Para o autor, a organização conjunta <strong>da</strong>s<br />

cooperativas poderia enfraquecer o sistema econômico e, ou mesmo tempo, eliminar o desequilíbrio<br />

social resultante <strong>da</strong> intranqüili<strong>da</strong>de que o liberalismo econômico acarreta. O cooperativismo teria<br />

assim por objetivo a cooperação para produzir coletivamente, com o lucro passando a pertencer a<br />

todos, a partir do interesse de ca<strong>da</strong> associado.<br />

Portanto, as cooperativas não podem ser pensa<strong>da</strong>s simplesmente como instrumento<br />

econômico, mas também social. A desigual<strong>da</strong>de gera<strong>da</strong> pelo capitalismo, e intensifica<strong>da</strong> no<br />

Brasil, favorece a constituição de problemas sociais, como o preconceito que separa os mais ricos,<br />

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TERRA E CULTURA - Nº 44 - Ano 23 - Janeiro a Julho 2007

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