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Ana Maria de Almei<strong>da</strong> Prado Lhamas Ferreira, Jaqueline Milani, Keila Regina Gonçalves, Patrícia<br />
Martins Castelo Branco e Silvia do Carmo Pattarelli<br />
Acreditamos que este seja o caso dos cooperados do nosso estudo, tendo em vista<br />
o tipo de ativi<strong>da</strong>de que desenvolvem, que pode gerar situações de exclusão. Entendemos que,<br />
mesmo que estejam atuando em um trabalho de grande importância social, em especial no que se<br />
refere a proteção do meio ambiente através <strong>da</strong> reciclagem, a socie<strong>da</strong>de acaba por excluí-los.<br />
Devemos considerar o fato de que a palavra lixo possui uma conotação de descarte e imundice e<br />
que, consciente ou inconscientemente, essas pessoas têm que conviver com o pensamento que<br />
ninguém deseja o lixo. Quanto mais invisível for o lixo melhor, pois este pode atrapalhar os indivíduos<br />
considerados inclusos na socie<strong>da</strong>de, e que tem uma vi<strong>da</strong> “limpa” e “feliz”. Desta forma, também<br />
os trabalhadores do lixo devem tornar-se invisíveis, atuando ou no período <strong>da</strong> noite ou em lugares<br />
distantes dos grandes centros urbanos.<br />
No Brasil vem ocorrendo, pouco a pouco, parcerias entre prefeituras e cooperativas<br />
de catadores de papel, trazendo a possibili<strong>da</strong>de de geração de trabalho e ren<strong>da</strong> para muitas<br />
pessoas que viviam em situações precárias de vi<strong>da</strong>. Deste modo, cooperativas estão sendo cria<strong>da</strong>s<br />
nos municípios que, além de prestarem serviços, estão reintegrando populações desemprega<strong>da</strong>s ou<br />
marginaliza<strong>da</strong>s, apresentando uma nova perspectiva de desenvolvimento econômico e social.<br />
Os catadores de papel no Brasil vêm aparecendo de forma ca<strong>da</strong> vez mais organiza<strong>da</strong>,<br />
rompendo com os depósitos de lixo e passando a vender os materiais recolhidos para indústrias<br />
de reciclagem, ou ain<strong>da</strong> se organizam em cooperativas. Uma vez monta<strong>da</strong> uma cooperativa<br />
de reciclagem esses trabalhadores têm o papel de dominar e conhecer todo o processo de trabalho<br />
que seria: a coleta; separação; prensagem; estocagem; comercialização e investimento <strong>da</strong> ren<strong>da</strong>;<br />
articular com órgãos públicos a importância <strong>da</strong> coleta seletiva e <strong>da</strong> separação do lixo. Portanto, o<br />
trabalho que desenvolvem garante inúmeros benefícios para a socie<strong>da</strong>de, para a economia e uma<br />
importância ambiental sem precedentes.<br />
Uma outra dinâmica também vem se constituindo: a constituição de cooperativas<br />
em usinas de reciclagem. Uma prática ain<strong>da</strong> recente, mas que vem garantindo uma ativi<strong>da</strong>de<br />
econômica para aquelas pessoas que atuavam como catadores nos aterros sanitários. Este é o<br />
caso <strong>da</strong> Cooperativa dos Recicladores de Arapongas – Coopreara, que atua a partir de um sistema<br />
implantado pela prefeitura.<br />
Com isso pretendemos, levando em consideração os aspectos do mundo do trabalho<br />
e o conceito de cooperativismo, aliados as questões vincula<strong>da</strong>s à exclusão social, entender as<br />
contradições inerentes a um trabalho cooperativo organizado de forma tradicional, chamando atenção<br />
para a forma como este afeta os trabalhadores e qual o papel que a psicologia pode desenvolver<br />
para garantir uma melhora de estima destes, assim como o aumento de produtivi<strong>da</strong>de, e assim,<br />
uma sustentabili<strong>da</strong>de e autonomia efetiva.<br />
187<br />
ASPECTOS METODOLÓGICOS<br />
A metodologia que será utiliza<strong>da</strong> com os 89 cooperados são técnicas de dinâmicas<br />
de grupo. Estas são instrumentos e ferramentas que poderão levar o individuo a um processo de<br />
compreensão e organização, com a finali<strong>da</strong>de de aprendizagem através <strong>da</strong> recriação do conhecimento.<br />
Com isto pretendemos atingir nossos objetivos, tendo em vista a possibili<strong>da</strong>de de apreender<br />
o que os sujeitos pensam, sentem, vivem e sofrem, no nosso caso especifico, em relação ao processo<br />
de trabalho cooperativo e a concepção de meio ambiente e lixo. Além disso, as dinâmicas<br />
R<br />
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V<br />
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T<br />
A<br />
TERRA E CULTURA - Nº 44 - Ano 23 - Janeiro a Julho 2007