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A opção da curadoria foi então selecionar doze filmes que<br />

pudessem ser dispostos em pares ou em trios, de modo a estimular<br />

uma aproximação entre esses filmes. Procuramos aproximá-los,<br />

"colocando os filmes para conversar", propondo um<br />

diálogo a partir de suas semelhanças e suas diferenças. Apontando<br />

para questões que entrecruzam ou atravessam os filmes<br />

agrupados.<br />

O cinema intimista<br />

O sol nos meus olhos, de Flora Dias e Juruna Mallon<br />

A mulher que amou o vento, de Ana Moravi<br />

Os dois filmes que serão exibidos no primeiro dia de sessões da<br />

Mostra são dominados por um desejo de rarefação narrativa,<br />

em que o silêncio e o tempo dilatado são motores de uma dramaturgia<br />

da sugestão e da sutileza. Diante de um mundo urbano<br />

dominado pelo excesso, esses filmes apontam para um gesto<br />

humanista de perceber as dobras do tempo por meio de uma<br />

opção pela contemplação.<br />

Realizados por mulheres 1 , baseiam-se mais num clima de<br />

sugestão, em que o silêncio e o não-dito participam mais da<br />

dramaturgia do que propriamente as palavras de um roteiro.<br />

As realizadoras desenvolvem um cinema intimista que busca<br />

mergulhar nas angústias e na solidão de seus personagens.<br />

O sol nos meus olhos acompanha o percurso geográfico e<br />

existencial de um homem que deixa seu lar após a perda de sua<br />

esposa, com notável atuação de Rômulo Braga, que já tinha<br />

despontado por suas atuações de contenção nos filmes de Caetano<br />

Gotardo. Mas o filme não busca as motivações psicológicas<br />

ou a espetacularização do trauma. É sobre as penumbras da<br />

vida, mais do que sobre o medo da morte. Curiosamente, há a<br />

opção por uma leveza, uma transcendência, um desejo de<br />

olhar para frente, um desejo de percurso. O filme fala sobre<br />

como é possível lidar com a perda, não a esquecendo, mas sublimando<br />

a dor através da percepção dos seus efeitos em uma<br />

1 Embora se faça a ressalva que O sol nos meus olhos é codigirido por Flora Dias e<br />

Juruna Mallon, ou seja, não é exclusivamente dirigido por mulheres.<br />

Marcelo Ikeda<br />

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