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transita com a maior facilidade entre coletivos de produção, editais<br />

oficiais, circuitos de festivais, legislação para TV por assinatura,<br />

cadernos de cultura da imprensa tradicional e crítica militante<br />

na internet, torna-se difícil pensar em uma aplicação mais<br />

precisa desse termo. Tirando a Globofilmes, toda a produção<br />

brasileira contemporânea poderia ser encaixada na expressão<br />

“independente”. No limite, se levarmos em consideração o mercado<br />

em seu sentido macro, a conclusão a que se chega é a de que<br />

todo o cinema brasileiro é independente, como afirma ironicamente<br />

Walter Lima Jr. no documentário Suíte Bahia: Reencontro<br />

com Agnaldo Siri (Roman Stulbach, 2007): “Não tem mercado,<br />

não tem distribuição, não tem dinheiro... O cinema brasileiro é<br />

independente de qualquer coisa...!”<br />

Tudo bem, só que uns sempre foram mais “independentes”<br />

do que outros. Aqui se insinua o lado trágico recalcado e aberrante<br />

que até hoje permanece intocado: a inexistência de um meio<br />

termo, isto é, do “filme médio” como base de sustentação da atividade.<br />

Dentro dos padrões locais (como todos sabem, ridículos<br />

lá fora), temos nossos blockbusters e não paramos de fazer filmes<br />

de baixíssimo orçamento. Agora, difícil mesmo – por conta do<br />

tão conhecido problema do mercado ocupado e pela ausência de<br />

qualquer disposição de sucessivos governos em quebrar o monopólio<br />

televisivo –, difícil mesmo sempre foi produzir com dignidade<br />

filmes de orçamentos medianos que pudessem se pagar no<br />

mercado interno. Produções que não precisassem explorar ou<br />

mendigar salários dos que trabalham na equipe e que, no fim das<br />

contas, garantissem retorno ao produtor independente.<br />

Mas esse é outro problema que tem raízes históricas. Na<br />

verdade, o filme médio sempre foi ambicionado e defendido<br />

pelos críticos e cineastas que, desde os anos 1940-50, vinham<br />

tratando da questão da produção independente.<br />

Um texto anônimo de 1955, publicado no Jornal do Cinema<br />

(nº 37), provavelmente escrito por Alex Viany, é bastante claro,<br />

nesse sentido: comparando as propostas de Rio, 40 graus e de O<br />

Sertanejo (um projeto de Lima Barreto que não chegou a ser<br />

realizado), o articulista se pergunta qual delas seria a mais adequada.<br />

E não tem dúvidas em responder: Rio, 40 graus é a experiência<br />

que deve ser levada em conta. Enquanto O Sertanejo<br />

42 Fazer um filme no Brasil

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