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Ontem, ele me escreveu: “pra mim também tem uma coisa de<br />

sofrimento com o espaço, essa coisa da distância daqui pra<br />

qualquer lugar, por exemplo, acho cruel, principalmente se<br />

você tem que ir e voltar todo dia num busão, de pé. Daí tem<br />

sofrimento, em perceber, por exemplo, a rua feita pros carros e<br />

a gente dono dela tendo que andar no canto, esmagado. Nas estruturas<br />

mesmo, sabe? Quando vem pro cinema, isso pra mim<br />

me pega também, porque o quadro já é um recorte violento do<br />

mundo todo, tem o quadro e o resto é excluído, então tem o<br />

espaço quadro também, que é um espaço onde tento jogar de<br />

tudo ali: impulso, razão. Talvez principalmente o inconsciente.<br />

Fora do quadro de cinema me interessa apenas ser, pensar,<br />

ficar pensando, às vezes me incomoda. Dentro tem um pensamento<br />

intrínseco ali, mesmo se for impulso, é consciência<br />

da inconsciência, pode ser muito perigoso porque pode ser<br />

algo que interrompe um processo real, mas pode ser algo extremamente<br />

revelador também, isso me interessa nesse espaço<br />

quadro de cinema, jogar com isso, ser impulso e ser também<br />

intelecto, pensar, respirar fundo, cuspir, vomitar, tudo junto.<br />

E ali é o espaço em que me sinto bem e mal, mas me sinto.” Ele<br />

achou que foi uma brisa... Que assim perdure.<br />

78 Em Matéria de Cinema, Lincoln Péricles

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