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O legado do PAN: uma nova fase para o Rio? - Tribunal de Contas ...

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Cel Lisboa<br />

registro<br />

180 anos <strong>do</strong> Jornal <strong>do</strong> Commercio<br />

C<br />

om as presenças <strong>do</strong> presi<strong>de</strong>nte<br />

Luiz Inácio Lula da Silva, da<br />

ministra Ellen Gracie, presi<strong>de</strong>nte<br />

<strong>do</strong> Supremo <strong>Tribunal</strong> Fe<strong>de</strong>ral e <strong>de</strong> inúmeras<br />

autorida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o Brasil foi comemora<strong>do</strong><br />

no dia 1 <strong>de</strong> outubro, no Hotel Copacabana<br />

Palace, no <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro, os 180 anos <strong>de</strong><br />

fundação <strong>do</strong> Jornal <strong>do</strong> Commercio. Na<br />

solenida<strong>de</strong>, em que compareceram cerca<br />

<strong>de</strong> 900 pessoas, estiveram presentes o<br />

governa<strong>do</strong>r Sérgio Cabral, o presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong><br />

<strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> Justiça <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong><br />

Janeiro (TJ-RJ), José Carlos Schmidt Murta<br />

Ribeiro e o presi<strong>de</strong>nte <strong>do</strong> <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong><br />

<strong>do</strong> Município <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro, Thiers<br />

Montebello.<br />

Na ocasião foram homenageadas com<br />

o Troféu 180 Anos as personalida<strong>de</strong>s<br />

que se <strong>de</strong>stacaram em suas áreas <strong>de</strong><br />

atuação. O presi<strong>de</strong>nte Lula e o governa<strong>do</strong>r<br />

Sérgio Cabral receberam o Troféu como<br />

homenagem especial.<br />

Após a entrega <strong>do</strong> Troféu, o ministro<br />

Marcos Vinicios Vilaça, um <strong>do</strong>s agracia<strong>do</strong>s,<br />

discursou em nome <strong>do</strong>s homenagea<strong>do</strong>s,<br />

<strong>de</strong>stacan<strong>do</strong> também a importância <strong>do</strong><br />

livro “180 anos <strong>do</strong> Jornal <strong>do</strong> Commercio<br />

– 1827-2007 – <strong>de</strong> D. Pedro I a Luiz Inácio<br />

Lula da Silva”: “É <strong>de</strong> um Acadêmico a<br />

competentemente cuida<strong>do</strong>sa história <strong>do</strong><br />

Jornal <strong>do</strong> Commercio, neste ato entregue<br />

ao nosso patrimônio intelectual e que<br />

enriquece a ensaística brasileira.<br />

Cícero Sandroni, “meninos eu vi”,<br />

tratou <strong>de</strong> escrevê-la com os cuida<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

um clínico. Exigente como ele só, a lupa<br />

era passada a toda hora. Não se poupou,<br />

forçan<strong>do</strong> a memória, bisbilhotan<strong>do</strong>,<br />

vasculhan<strong>do</strong> coleções, conferin<strong>do</strong>. O<br />

resulta<strong>do</strong> é o livro primoroso oferta<strong>do</strong> à<br />

memória nacional, ainda mais com a graça<br />

<strong>de</strong> quem sabe dizer.<br />

Sandroni mostra a trajetória <strong>do</strong> Jornal<br />

e seu contributo ao que no Brasil foi<br />

<strong>de</strong>senvolvimento social e crescimento<br />

econômico, a performance <strong>de</strong> Rui Barbosa<br />

escreven<strong>do</strong> nas suas páginas ou discursan<strong>do</strong><br />

da sacada <strong>do</strong> prédio, o acervo <strong>do</strong>s Annaes<br />

um verda<strong>de</strong>iro relicário <strong>para</strong> compreensão<br />

<strong>do</strong> Brasil.<br />

Na seqüência <strong>do</strong> enlace Jornal <strong>do</strong><br />

Commercio e Aca<strong>de</strong>mia Brasileira <strong>de</strong> Letras,<br />

estou eu aqui, um tanto in<strong>de</strong>vidamente, a<br />

falar pelos homenagea<strong>do</strong>s”, <strong>de</strong>clarou.<br />

Marcos Vilaça, presi<strong>de</strong>nte da Aca<strong>de</strong>mia<br />

Brasileira <strong>de</strong> Letras, relembrou, também,<br />

a fundação <strong>do</strong> Jornal <strong>do</strong> Commercio e<br />

sua “intimida<strong>de</strong>” com a ABL: “Muitas<br />

instituições culturais no Brasil têm seu<br />

instante seminal com as digitais francesas.<br />

Nem é preciso recordar. O Jornal <strong>do</strong><br />

Commercio também tem.<br />

Marcos Vinicios Vilaça, presi<strong>de</strong>nte da Aca<strong>de</strong>mia Brasileira <strong>de</strong> Letras, ao discursar em<br />

nome <strong>do</strong>s homenagea<strong>do</strong>s<br />

Pierre Plancher, vin<strong>do</strong> da França,<br />

fun<strong>do</strong>u o Jornal. Chegava varri<strong>do</strong> pela<br />

restauração <strong>do</strong>s Bourbon, como exemplo<br />

<strong>de</strong> que a fraternité na França nem sempre<br />

é fraternité.<br />

Daí em diante a gente anota a sucessão<br />

<strong>de</strong> coman<strong>do</strong>s.<br />

A fundação, como sabemos, foi em<br />

1827. Em 32, Villeneuve passa a ser o <strong>do</strong>no.<br />

Com a República, com a intermediação<br />

<strong>de</strong> Eduar<strong>do</strong> Pra<strong>do</strong>, transfere a José Carlos<br />

Rodrigues, misto <strong>de</strong> homem culto e<br />

empresário talentoso.<br />

Floriano não per<strong>do</strong>a a aposição das<br />

folhas, que só cessará nas presidências <strong>de</strong><br />

Pru<strong>de</strong>nte, Campos Sales e Rodrigues Alves.<br />

Oposição incan<strong>de</strong>scente, como <strong>de</strong> hábito em<br />

certos perío<strong>do</strong>s, as palavras pegan<strong>do</strong> fogo,<br />

nas páginas em labaredas.<br />

Quan<strong>do</strong> em 1923 Feliz Pacheco,<br />

suce<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a José Carlos Rodrigues e a<br />

Antonio Ferreira Botelho, assume o Jornal,<br />

a Aca<strong>de</strong>mia Brasileira <strong>de</strong> Letras nele se<br />

insere, o órgão já era famoso, e daí não<br />

sairia jamais. Elmano Cardim prosseguiu<br />

no enlace, fortaleci<strong>do</strong> <strong>de</strong>pois por Assis<br />

Chateaubriand e Austregésilo <strong>de</strong> Athay<strong>de</strong>.<br />

Antes <strong>de</strong>les <strong>do</strong>is, o nome emblemático <strong>de</strong><br />

Santiago Dantas, homem público, jurista e<br />

h<strong>uma</strong>nista também cui<strong>do</strong>u <strong>do</strong> Jornal. Esses<br />

nomes, Chateaubriand e Athay<strong>de</strong>, servem<br />

<strong>para</strong> explicitar à suficiência a intimida<strong>de</strong> da<br />

ABL com o Jornal <strong>do</strong> Commercio.”<br />

Continuan<strong>do</strong>, Marcos Vilaça <strong>de</strong>monstrou<br />

toda sua admiração pelo jornalismo: “E, já<br />

que me permitem falar, <strong>de</strong>ixem que revele<br />

meu fascínio no jornal, qualquer que seja<br />

ele. Meu fascínio é pelo jornal <strong>de</strong> anteontem.<br />

Aquele que nos permite o subsídio <strong>para</strong> a<br />

história, a sociologia, a ciência política, a<br />

antropologia, sem a pressa necessária <strong>do</strong><br />

jornal <strong>de</strong> hoje.<br />

Gilberto Freyre, aliás, como quase<br />

sempre, foi pioneiro brasileiro na valorização<br />

<strong>do</strong>s anúncios <strong>de</strong> jornal. Antes <strong>de</strong>le, em<br />

língua portuguesa talvez só Santo Tirso.<br />

Basta ler o que Freyre escreveu sobre<br />

escravos e escravidão, a se basear sobretu<strong>do</strong><br />

nas páginas <strong>do</strong> Jornal <strong>do</strong> Commercio e <strong>do</strong><br />

Diário <strong>de</strong> Pernambuco.<br />

E Gilberto ensina: “O jornalista em<br />

contacto com a rua, com a praça, com<br />

o merca<strong>do</strong>, com as assembléias, com<br />

os comícios, com exércitos em ação e<br />

populações em guerra, com os conflitos<br />

internos entre grupos, com torcidas <strong>de</strong><br />

futebol, com gran<strong>de</strong>s homens <strong>do</strong> dia,<br />

sejam esses gran<strong>de</strong>s homens estadistas<br />

ou campeões esportistas, generais ou<br />

bispos – po<strong>de</strong> aproximar-se <strong>do</strong> pesquisa<strong>do</strong>r<br />

sociológico ou psico-sociológico”.<br />

E foi o que admiravelmente Gilberto<br />

Freyre fez. Explicou, in<strong>do</strong> além da<br />

historiografia convencional a migração da<br />

Monarquia <strong>para</strong> a República, em Or<strong>de</strong>m e<br />

Progresso, planta<strong>do</strong> também nos subsídios<br />

<strong>do</strong>s jornais, das cartas interpessoais, das<br />

autobiografias, <strong>do</strong>s diários íntimos, <strong>do</strong><br />

mun<strong>do</strong> extra-oficial.<br />

Por tu<strong>do</strong> isso o poeta falou assim:<br />

“O fato ainda não acabou <strong>de</strong> acontecer<br />

e já a mão nervosa <strong>do</strong> repórter<br />

o transforma em notícia.<br />

O mari<strong>do</strong> está matan<strong>do</strong> a mulher.<br />

A mulher ensangüentada grita.<br />

Ladrões arrombam o cofre.<br />

A polícia dissolve o meeting.<br />

A pena escreve.<br />

Vem da sala <strong>de</strong> linotipos a <strong>do</strong>ce música<br />

mecânica.”<br />

Deixem-me dizer, tenho paixão por essa<br />

vertente <strong>do</strong> jornalismo.”, concluiu Vilaça.<br />

130 setembro 2007 - n. 36 Revista TCMRJ

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