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O legado do PAN: uma nova fase para o Rio? - Tribunal de Contas ...

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ao art. 135, inciso V, <strong>do</strong> CPC, que dispõe:<br />

“Art. 135 – Reputa-se fundada a suspeição<br />

<strong>de</strong> parcialida<strong>de</strong> <strong>do</strong> juiz, quan<strong>do</strong>: (...) V<br />

– interessa<strong>do</strong> no julgamento da causa em<br />

favor <strong>de</strong> <strong>uma</strong> das partes.”<br />

É o que prelecionam as lições <strong>de</strong> Jorge<br />

Ulisses Jacoby Fernan<strong>de</strong>s 8 :<br />

Fácil inferir, portanto, que à luz <strong>do</strong><br />

princípio <strong>do</strong> juiz natural, o julgamento<br />

não po<strong>de</strong>rá ser feito por conselheiro<br />

ou ministro parcial, ou escolhi<strong>do</strong> por<br />

critérios não aleatórios.<br />

(...)<br />

Embora não seja pacífico o assunto,<br />

parece também aplicável a suspeição,<br />

como causa processual <strong>de</strong> vedação<br />

à participação <strong>do</strong> julga<strong>do</strong>, ten<strong>do</strong> em<br />

vista que o Código <strong>de</strong> Processo Civil<br />

é aplicável, subsidiariamente, a to<strong>do</strong>s<br />

os ramos, inclusive ao administrativo,<br />

conforme Súmulas nº 103 e 145 <strong>do</strong><br />

<strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> da União.<br />

Muito embora controvertida a<br />

aplicação <strong>do</strong> art. 135, V, CPC 9 à hipótese<br />

<strong>de</strong> prejulgamento, com o advento a Lei<br />

Complementar nº 35/79, a redação <strong>do</strong> art.<br />

36, III, in verbis, pacificou a cele<strong>uma</strong>.<br />

Art. 36 - É veda<strong>do</strong> ao magistra<strong>do</strong>:<br />

(...)<br />

III - manifestar, por qualquer meio<br />

<strong>de</strong> comunicação, opinião sobre processo<br />

pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> julgamento, seu ou <strong>de</strong> outrem,<br />

ou juízo <strong>de</strong>preciativo sobre <strong>de</strong>spachos,<br />

votos ou sentenças, <strong>de</strong> órgãos judiciais,<br />

ressalvada a crítica nos autos e em obras<br />

técnicas ou no exercício <strong>do</strong> magistério.<br />

E este é o entendimento que vem<br />

sen<strong>do</strong> sufraga<strong>do</strong> pelo Supremo <strong>Tribunal</strong><br />

Fe<strong>de</strong>ral, conforme a seguir:<br />

COMPETÊNCIA - HABEAS-CORPUS<br />

- ATO DE TRIBUNAL DE JUSTIÇA.<br />

Na dicção da ilustrada maioria (seis<br />

votos a favor e cinco contra), em relação<br />

à qual guar<strong>do</strong> reservas, compete ao<br />

Supremo <strong>Tribunal</strong> Fe<strong>de</strong>ral julgar to<strong>do</strong><br />

e qualquer habeas-corpus impetra<strong>do</strong><br />

contra ato <strong>de</strong> tribunal, tenha este, ou não,<br />

qualificação <strong>de</strong> superior. LEGITIMIDADE<br />

- ASSISTENTE DA ACUSAÇÃO -<br />

HABEAS-CORPUS. O assistente da<br />

acusação, tal como o Esta<strong>do</strong>-acusa<strong>do</strong>r,<br />

não possui legitimida<strong>de</strong> <strong>para</strong> oporse<br />

à medida formalizada em habeascorpus,<br />

sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>scabida tal intervenção.<br />

IMPEDIMENTO - ANTECIPAÇÃO<br />

DE JUÍZO. Constatan<strong>do</strong>-se haver o<br />

magistra<strong>do</strong> emiti<strong>do</strong> juízo <strong>de</strong> valor<br />

sobre a controvérsia antes <strong>do</strong> momento<br />

propício, forçoso é concluir pelo<br />

respectivo impedimento, a teor <strong>do</strong><br />

disposto no artigo 36, inciso III, da Lei<br />

Orgânica da Magistratura. Isso ocorre<br />

quan<strong>do</strong>, no julgamento <strong>de</strong> embargos<br />

infringentes, revela convencimento<br />

sobre matéria que lhe é estranha,<br />

porquanto somente passível <strong>de</strong> ser<br />

examinada <strong>uma</strong> vez provi<strong>do</strong> o recurso<br />

e apreciada a apelação que a veiculou.<br />

– Habeas Corpus nº 74203/DF (2ª Turma)<br />

(grifos nossos)<br />

Esta Corte, por maioria <strong>de</strong> votos (...)<br />

<strong>de</strong>feriu (...) o pedi<strong>do</strong> <strong>de</strong> medida cautelar<br />

<strong>para</strong> conferir, à EC nº 12, <strong>de</strong> 30-6-93, à<br />

Constituição <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Amazonas, a<br />

interpretação conforme a Constituição<br />

Fe<strong>de</strong>ral , no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> que a convocação<br />

<strong>do</strong>s Presi<strong>de</strong>ntes <strong>do</strong>s Tribunais <strong>de</strong> <strong>Contas</strong><br />

<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e <strong>do</strong>s Municípios não po<strong>de</strong>rá<br />

ter, como objeto, esclarecimento sobre<br />

atos <strong>de</strong> julgamento, da competência <strong>do</strong><br />

<strong>Tribunal</strong> (...) – ADIn nº 1.170-7 / AM<br />

– DJ 31/10/02. Rel. Min. Gilmar Men<strong>de</strong>s<br />

(grifos nossos)<br />

Dito isto, reconhece-se a legitimação 10<br />

da Comissão Parlamentar <strong>de</strong> Inquérito<br />

<strong>para</strong> exercício <strong>do</strong>s seus misteres na<br />

forma da Lei nº 1579/52, como, aliás, já<br />

reconheci<strong>do</strong> por força <strong>do</strong> teor <strong>do</strong> conti<strong>do</strong><br />

no Ofício nº TCM/GPA/PRES/0104, <strong>de</strong> 04<br />

<strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2007.<br />

Todavia tais po<strong>de</strong>res não são<br />

absolutos, comportan<strong>do</strong> temperamentos<br />

à luz <strong>do</strong> or<strong>de</strong>namento constitucional,<br />

<strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que, na esteira <strong>do</strong> que já foi<br />

afirma<strong>do</strong> alhures, os propósitos <strong>do</strong><br />

convite <strong>de</strong> Conselheiros restarão ilegais<br />

e ilegítimos se <strong>de</strong> tal ato preten<strong>de</strong>r-se<br />

buscar <strong>de</strong>poimento sobre conteú<strong>do</strong><br />

objeto <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> contas em juízo<br />

valorativo.<br />

Neste senti<strong>do</strong>, configura verda<strong>de</strong>ira<br />

interferência <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Legislativo<br />

no exercício das ativida<strong>de</strong>s-fim <strong>do</strong><br />

<strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong>, com a suspeição<br />

<strong>de</strong> seus membros <strong>para</strong> o exercício <strong>do</strong>s<br />

encargos que constitucionalmente lhes<br />

são conferi<strong>do</strong>s, com flagrante mácula ao<br />

princípio constitucional da tripartição<br />

das funções <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, consubstancia<strong>do</strong><br />

no art. 2º da Carta da República 11 .<br />

Registre-se, a propósito, que foi nessa<br />

direção que este <strong>Tribunal</strong> conduziu as suas<br />

justificativas <strong>para</strong> o não comparecimento<br />

<strong>de</strong> membro <strong>de</strong>sta Corte junto à citada<br />

CPI, <strong>de</strong>stacan<strong>do</strong>-se, por oportuno, jamais<br />

preten<strong>de</strong>r <strong>de</strong>smerecer o espírito <strong>de</strong><br />

colaboração que sempre norteou a boa<br />

relação entre as Instituições.<br />

Vale ressaltar, por oportuno, que o<br />

referi<strong>do</strong> edital <strong>de</strong> concorrência <strong>para</strong> a<br />

concessão <strong>de</strong> uso <strong>do</strong> <strong>Rio</strong>centro foi objeto<br />

<strong>de</strong> Representação oferecida pelo Sr.<br />

Luiz Paulo <strong>de</strong> Barros Correia Viveiros<br />

<strong>de</strong> Castro (processo nº 40/1002/2006),<br />

ora sobresta<strong>do</strong> por <strong>de</strong>cisão <strong>do</strong> Plenário<br />

<strong>de</strong>ste <strong>Tribunal</strong> – voto nº 349/2006,<br />

em <strong>de</strong>corrência <strong>do</strong> ajuizamento da<br />

Ação Popular nº 2006.001.037305-6,<br />

distribuída à 4ª Vara <strong>de</strong> Fazenda Pública<br />

da Comarca da Capital, cujo pedi<strong>do</strong><br />

principal é a anulação <strong>do</strong> menciona<strong>do</strong><br />

certame, a qual se encontra ainda<br />

pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> julgamento.<br />

Vale <strong>de</strong>stacar, ainda, como prerrogativas<br />

<strong>para</strong> o comparecimento <strong>de</strong> Conselheiro,<br />

(1) o ajuste prévio <strong>de</strong> dia, hora e local,<br />

a fim <strong>de</strong> que seja ouvi<strong>do</strong> e (2) não estar<br />

sujeito a notificação ou a intimação <strong>para</strong><br />

comparecimento, salvo se expedida por<br />

autorida<strong>de</strong> judicial (art. 33, incisos I e IV,<br />

da LC nº 35/79, c/c art. 411, inciso IX e p.<br />

único <strong>do</strong> CPC, e 221 <strong>do</strong> CPP).<br />

Seguin<strong>do</strong> a compreensão <strong>do</strong>s<br />

argumentos até aqui aduzi<strong>do</strong>s, <strong>de</strong> fato<br />

compete a este <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> o<br />

<strong>de</strong>ver <strong>de</strong> prestação <strong>de</strong> informações<br />

quan<strong>do</strong> solicitadas, na forma <strong>do</strong>s<br />

arts. 71, VII, CRFB e 88, VIII, da Lei<br />

Orgânica Municipal. Contu<strong>do</strong>, o <strong>de</strong>ver<br />

<strong>de</strong> informação não se confun<strong>de</strong> com o<br />

8<br />

FERNANDES, Jorge Ulisses Jacoby. Tribunais <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> <strong>do</strong> Brasil: Jurisdição e Competência. Belo Horizonte: Fórum, 2003, p. 513 e 515.<br />

9<br />

Ainda que se entenda que o rol <strong>do</strong> art. 135 <strong>do</strong> CPC é taxativo, <strong>do</strong>utrinariamente embasava-se o prejulgamento como causa <strong>de</strong> suspeição prevista<br />

em seu inciso V, na medida em que o prejulgamento da causa aproximaria o juiz, em prejuízo da imparcialida<strong>de</strong>, a encapar o interesse <strong>de</strong> <strong>uma</strong> das<br />

partes. Afinal <strong>de</strong> contas, o que se preten<strong>de</strong> é abertura da exegese, haja vista que a leitura numerus clausus se afigura por <strong>de</strong>masia<strong>do</strong> restritivo.<br />

10<br />

Em que pese o argumento <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong> invoca<strong>do</strong> por José Alfre<strong>do</strong> <strong>de</strong> Oliveira Baracho em senti<strong>do</strong> oposto, in verbis: “Ora, o membro <strong>do</strong><br />

<strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong> ou <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r Judiciário não po<strong>de</strong> ser compeli<strong>do</strong> à presença na Comissão, porque o Po<strong>de</strong>r Legislativo não po<strong>de</strong> exigir <strong>de</strong>veres <strong>do</strong><br />

Judiciário ou <strong>do</strong> <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> <strong>Contas</strong>. Aliás, Alcino Pinto Falcão teve ocasião <strong>de</strong> observar que nenh<strong>uma</strong> subordinação existe na justiça às Comissões<br />

Parlamentares <strong>de</strong> Inquérito (Revista Forense nº 185. p. 397)” In BARACHO, José Alfre<strong>do</strong> <strong>de</strong> Oliveira. Teoria Geral das Comissões Parlamentares.<br />

<strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro: 1988. Forense. p. 137.<br />

11<br />

Nesse senti<strong>do</strong> veja-se o HC 80539, Rel. Min. Maurício Corrêa, julgamento em 21-3-01, DJ <strong>de</strong> 1-8-03: “Configura constrangimento ilegal, com<br />

evi<strong>de</strong>nte ofensa ao princípio da se<strong>para</strong>ção <strong>do</strong>s Po<strong>de</strong>res, a convocação <strong>de</strong> magistra<strong>do</strong> à fim <strong>de</strong> que preste <strong>de</strong>poimento em razão <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong><br />

conteú<strong>do</strong> jurisdicional atinentes ao fato investiga<strong>do</strong> pela Comissão Parlamentar <strong>de</strong> Inquérito.”<br />

Revista TCMRJ n. 36 - setembro 2007<br />

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