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que hoje em termos de carbono, eu acho que está no momento também de nós<br />
nos responsabilizarmos e termos consciência que o meio ambiente é<br />
responsabilidade nossa; e se nós queremos definir alguma coisa para<br />
preservar o meio ambiente, não adianta ficarmos nos apegando a questão de<br />
nomeclatura, mínima, máxima, referência, que tudo isso é bobagem. O que<br />
precisa decidir é que essa questão de vazão mínima tem que acabar. Se nós<br />
fossemos peixes, dentro de um rio desses, nós iríamos nos conformar com<br />
vazão mínima durante 12 meses. Tem um pescador no rio São Francisco,<br />
chamado Seu Toinho, que é uma pessoa muito sábia, ele diz ‘”minha filha, os<br />
peixes namoram, se beijam e eles namoram quando tem cheia, porque a cheia<br />
traz água amarela, a cheia traz uma água nutritiva, e é a partir daí, dessa<br />
felicidade, que eles têm até vontade de namorar e de procriar”. As águas do rio<br />
São Francisco, a jusante das barragens, são as águas mais limpas que vocês<br />
podem ver. Depois das barragens, a água é limpa, não tem nada, nem peixe<br />
(risos).<br />
No passado, nós trabalhavámos com série histórica de vazão, métodos<br />
hidrológicos, com fundamentação estatística. No presente a questão ainda é<br />
técnica, ainda continua sendo técnica, mas vai envolver outras disciplinas e<br />
mais a nossa consciência, a nossa decisão. Como um todo, a decisão é da<br />
sociedade, e essa decisão deve estar embasada na legislação: o conceito<br />
adotado para vazão ambiental, a esfera de decisão, se será o Conselho o<br />
fórum de decisão, ou se será o comitê, se serão os dois, quem define, quando,<br />
qual vai ser o procedimento, ou quais são os procedimentos técnicos e legais, a<br />
metodologia. É o procedimento para a tomada de decisão. Nós vamos<br />
simplesmente dizer ‘’vocês aprovam?’’ e todo mundo aprova, é preciso que as<br />
pessoas saibam exatamente o que está sendo decidido. Não é um plebiscito<br />
porque não adianta dizer que não quer geração de energia, porque seria falso,<br />
dizer que não quer. Então, nós queremos energia, mas queremos preservar o<br />
meio ambiente também. Então, até que ponto é possível ceder, em que, e<br />
quando e onde e como a sociedade vai ser envolvida na decisão sobre os<br />
riscos e benefícios do empreendimento? Então, o futuro está sempre em<br />
negociação, nós temos uma legislação que permite isso, nós temos<br />
instrumentos que permitem isso, precisamos aprimorar e ajustar alguma coisa,