22.11.2014 Views

Produção de Cultura no Brasil - O lado tropical das políticas digitais

Produção de Cultura no Brasil - O lado tropical das políticas digitais

Produção de Cultura no Brasil - O lado tropical das políticas digitais

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

dicionalmente fragmentada, se comparada às alianças políticas<br />

da direita, parece encontrar ainda mais dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> se unir<br />

neste cenário repleto <strong>de</strong> contradições. Vê-se então o surgimento<br />

<strong>de</strong> uma política civil <strong>de</strong>stinada a <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r os direitos huma<strong>no</strong>s<br />

e a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida, e a cultura é utilizada por ONGs e movimentos<br />

sociais como forma <strong>de</strong> resistência a este mesmo sistema<br />

que, <strong>de</strong> certa forma, o gerou.<br />

Ainda que se articulem com o po<strong>de</strong>r público e a iniciativa<br />

privada, estas organizações buscam garantir a auto<strong>no</strong>mia<br />

<strong>de</strong> suas ativida<strong>de</strong>s como principal justificativa para a ação filantrópica.<br />

Mas como o sistema capitalista possui incrível capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> assimilar elementos <strong>de</strong> resistência, grupos com<br />

interesses econômicos e políticos enxergaram nas ONGs uma<br />

excelente ferramenta <strong>de</strong> controle social aparentemente sem<br />

fins lucrativos e <strong>de</strong>sligados da idéia do po<strong>de</strong>r estatal. Se há 40<br />

a<strong>no</strong>s atrás – <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong> - observava-se iniciativas da esquerda<br />

em se aproximar “do povo” e suprir as necessida<strong>de</strong>s dos “me<strong>no</strong>s<br />

favorecidos” por convicção i<strong>de</strong>ológica, hoje muitas ONGs<br />

assistencialistas cumprem o papel do Estado por questões <strong>de</strong><br />

interesse político e/ou econômico. Por outro <strong>lado</strong>, já é senso<br />

comum enxergar estas organizações como apenas mais um braço<br />

do “sistema”, generalizando assim esta apropriação negativa<br />

da organização civil e acabando por encobrir iniciativas com<br />

função social <strong>de</strong> fato. Esta incerteza em relação à natureza <strong>das</strong><br />

ativida<strong>de</strong>s – não só <strong>de</strong> ONGs, mas <strong>de</strong> praticamente qualquer<br />

ativida<strong>de</strong> política ou social – reforça o projeto individualista e<br />

a <strong>de</strong>scrença na transformação social, o que está intimamente<br />

ligado aos reflexos da globalização.<br />

Assim como outras esferas <strong>de</strong> políticas públicas, as artes<br />

precisam ser planeja<strong>das</strong> e financia<strong>das</strong>, se não quiserem sucumbir<br />

ao caráter instrumentalista da política cultural. Entretanto,<br />

na tentativa <strong>de</strong> conciliar arte e vida, a vanguarda ten<strong>de</strong> a institucionalizar<br />

suas práticas estéticas, e <strong>de</strong>sta forma, a organização da<br />

107

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!