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Produção de Cultura no Brasil - O lado tropical das políticas digitais

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ta limitação populista, O Oficina ergueu-se a partir da experiência<br />

interior da <strong>de</strong>sagregação burguesa em 64” 27 . Na relação palco-público<br />

observava-se uma cumplicida<strong>de</strong> diferente, não mais ligados<br />

pela simpatia e didatismo, como <strong>no</strong> Arena, mas pela brutalização e<br />

choque. Era uma resposta mais radical à <strong>de</strong>rrota <strong>de</strong> 64, e seu público<br />

era aquele a quem o resíduo populista do Arena incomodava.<br />

Para eles – artistas e público do Oficina - <strong>de</strong>pois da aliança da burguesia<br />

com o imperalismo que resultou na ditadura militar, todo<br />

consentimento entre palco e platéia é um erro i<strong>de</strong>ológico e estético,<br />

e a cumplicida<strong>de</strong> esperançosa da classe média estudantil <strong>no</strong><br />

Opinião se configurava como alienação e conformismo. 28<br />

No campo da canção, a influência <strong>das</strong> idéias <strong>de</strong> esquerda<br />

<strong>no</strong>s meios artísticos levará a uma verda<strong>de</strong>ira revolução estética<br />

na música popular. Alienação e engajamento na cultura estudantil<br />

serão neste momento a principal discussão, e esta torna-se<br />

mais evi<strong>de</strong>nte <strong>no</strong> cenário musical, cuja produção cresce vertigi<strong>no</strong>samente<br />

neste período. Para Francisco Texeira da Silva:<br />

As canções possuem um po<strong>de</strong>r especial, um certo encantamento<br />

próprio, compondo parte fundamental<br />

da memória dos indivíduos. As canções eram, naquele<br />

momento, ouvi<strong>das</strong> e aprendi<strong>das</strong>, para serem repeti<strong>das</strong><br />

na mesa do bar, <strong>no</strong>s corredores <strong>das</strong> escolas e universida<strong>de</strong>s,<br />

em pequenas reuniões. Eram tempos em que a<br />

canção também era uma arma, reforçando a solidarieda<strong>de</strong><br />

mútua e a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> coletiva 29 .<br />

Nessa perspectiva, a MPB se <strong>de</strong>staca não só como o centro<br />

<strong>de</strong> um amplo <strong>de</strong>bate estético-i<strong>de</strong>ológico ocorrido <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s 60,<br />

mas, acima <strong>de</strong> tudo, como uma instituição sociocultural forjada a<br />

27 Schwarz, 1978, p. 44.<br />

28 Veremos mais sobre o Teatro Oficina <strong>no</strong> capítulo 2.<br />

29 Teixeira da Silva, apud Cambraia Naves & Duarte, 2003, p.140.<br />

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