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Produção de Cultura no Brasil - O lado tropical das políticas digitais

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PREFÁCIO<br />

Marildo José Nercolini.<br />

Pensar a cultura é pensar em um campo <strong>de</strong> luta, social e<br />

histórico, em que sentidos e significados, também sociais e históricos,<br />

são disputados. <strong>Cultura</strong> é uma arena on<strong>de</strong> sujeitos e grupos<br />

entram em disputa, negociam, interpelam-se, confrontam-se <strong>no</strong><br />

processo <strong>de</strong> construção dos sentidos <strong>de</strong> agir e <strong>de</strong> estar <strong>no</strong> mundo.<br />

Sempre é bom lembrar as reflexões trazi<strong>das</strong> por Raymond<br />

Williams e pelos Estudos <strong>Cultura</strong>is que apontam para o papel<br />

fundamental da cultura na construção social da realida<strong>de</strong>, não<br />

como simples reflexo <strong>das</strong> relações econômicas, mas sim como<br />

elemento fundamental, articu<strong>lado</strong> com a eco<strong>no</strong>mia e a política,<br />

tendo, portanto, papel ativo, não simplesmente reproduzindo,<br />

mas produzindo a socieda<strong>de</strong> em que vivemos.<br />

Inicio com essa reflexão porque o texto feito por Aline Carvalho<br />

se insere <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sses parâmetros e busca, <strong>no</strong> <strong>de</strong>correr <strong>de</strong><br />

seus argumentos, enfatizar esse papel importante que a cultura<br />

adquire <strong>no</strong> contexto contemporâneo, afirmando, como o faz Stuart<br />

Hall, a centralida<strong>de</strong> da cultura. Claro que não po<strong>de</strong>mos cair<br />

<strong>no</strong> extremismo <strong>de</strong> pensar que tudo seja cultura, mas sim que, se<br />

a cultura é o espaço <strong>de</strong> atribuição e construção <strong>de</strong> sentido e valor,<br />

as <strong>de</strong>mais instâncias (econômica e política) estão com ela diretamente<br />

interconecta<strong>das</strong>, não mais em uma relação hierarquizante,<br />

mas <strong>de</strong> complementarida<strong>de</strong>, negociação e embates constantes.<br />

A proposta do livro, nas palavras da própria autora, é “fazer<br />

uma análise comparativa entre a efervescência artística <strong>no</strong> <strong>Brasil</strong><br />

– em termos <strong>de</strong> políticas e motivações refleti<strong>das</strong> na produção<br />

cultural – na década <strong>de</strong> 60 e hoje em dia, em <strong>no</strong>vos contextos.”<br />

Objetivo instigante e complexo, que a autora dá conta e muito<br />

bem, a meu ver.<br />

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