Produção de Cultura no Brasil - O lado tropical das polÃticas digitais
Produção de Cultura no Brasil - O lado tropical das polÃticas digitais
Produção de Cultura no Brasil - O lado tropical das polÃticas digitais
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
tórias distintas, diferentes modos <strong>de</strong> vida, em estágios diversos<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento e situa<strong>das</strong> em diferentes fusos horários.<br />
Importante também apontar que, com as Novas Tec<strong>no</strong>logias<br />
<strong>de</strong> Comunicação e Informação (NTCI), o contato com imaginários<br />
provenientes <strong>de</strong> outras culturas foi e<strong>no</strong>rmemente ampliado,<br />
<strong>no</strong> sentido <strong>de</strong> que se po<strong>de</strong> ter acesso a informações, imagens,<br />
produtos e mesmo contactar pessoas separa<strong>das</strong> por significativa<br />
distância – física e cultural. Entretanto a produção <strong>de</strong>stas mensagens<br />
nem sempre é feita pelas pessoas referencia<strong>das</strong>, o que po<strong>de</strong><br />
vir a <strong>de</strong>turpar e reforçar visões estigmatiza<strong>das</strong> <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong><br />
ou fato, e, mais ainda, reforçar a distância entre estas realida<strong>de</strong>s 111 .<br />
Por exemplo, gigantes transnacionais – principalmente na<br />
área <strong>das</strong> comunicações – imprimem um certo estilo <strong>de</strong> vida homogeneizado<br />
e oci<strong>de</strong>ntalizado a partir <strong>de</strong> produtos culturais estandartizados<br />
que se sobrepõem às particularida<strong>de</strong>s e diferenças<br />
locais. Neste sentido é importante observar que os protagonistas<br />
da globalização não são as NTCI em si, mas as gran<strong>de</strong>s corporações<br />
que estão por trás <strong>de</strong>las realizando uma integração econômica<br />
baseada na <strong>de</strong>sregulação política a níveis globais. Assim,<br />
a cultura <strong>no</strong>rte-americana é refletida na “i<strong>de</strong>ologia cultural do<br />
consumismo” 112 , presente <strong>de</strong> forma mais ou me<strong>no</strong>s explícita em<br />
gran<strong>de</strong>s corporações da mídia periférica (como a Re<strong>de</strong> Globo<br />
111 Po<strong>de</strong>-se citar como exemplo <strong>no</strong>velas com temáticas <strong>de</strong> outras culturas, como<br />
a atual “Caminho <strong>das</strong> Índias”, da Re<strong>de</strong> Globo. Embora tenha sido feita toda uma<br />
pesquisa para a elaboração da <strong>no</strong>vela, <strong>de</strong> uma maneira geral a cultura indiana é apresentada<br />
<strong>de</strong> forma estigmatizada, pasteurizada em sua e<strong>no</strong>rme diversida<strong>de</strong> cultural<br />
interna. E ainda, a fim <strong>de</strong> compor a trama amorosa principal, ressalta o conservadorismo<br />
e hierarquia resultados do sistema <strong>de</strong> castas, provocando em muitas pessoas –<br />
dado o alcance simbólico <strong>de</strong> uma <strong>no</strong>vela <strong>no</strong> horário <strong>no</strong>bre – uma certa resistência à<br />
cultura indiana, sem que <strong>no</strong> entanto a conheçam em sua plenitu<strong>de</strong>. Além disso, este<br />
tipo <strong>de</strong> ação televisiva encontra reflexos <strong>no</strong> mercado da moda, fazendo estourar <strong>no</strong><br />
mercado peças <strong>de</strong> roupa e acessórios que lembrem esta cultura, mas não necessariamente<br />
a representem <strong>de</strong> forma fiel, e que muito provavelmente serão esquecidos ou<br />
consi<strong>de</strong>rados “fora <strong>de</strong> moda” alguns meses após o fim da <strong>no</strong>vela.<br />
112 Sklair, apud Yudice, 2005.<br />
93