22.11.2014 Views

Produção de Cultura no Brasil - O lado tropical das políticas digitais

Produção de Cultura no Brasil - O lado tropical das políticas digitais

Produção de Cultura no Brasil - O lado tropical das políticas digitais

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

instrumento <strong>de</strong> tomada <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r. Assim, observava-se o esforço<br />

<strong>de</strong> “a<strong>de</strong>strar os po<strong>de</strong>res formais da criação artística a ponto <strong>de</strong> exprimir<br />

correntemente na sintaxe <strong>das</strong> massas os conteúdos políticos<br />

originais” 15 , ficando então a concepção estética a serviço do<br />

conteúdo político, objetivando uma comunicação mais imediata<br />

com seu público: o povo. É importante acentuar a preocupação<br />

cepecista da opção <strong>de</strong> público em termos <strong>de</strong> “povo”, que, colocado<br />

<strong>de</strong>sta forma, homegeiniza conceituamente a multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

contradições e interesses da população. 16<br />

A cultura encontrava solo fértil e era o mais importante canal<br />

<strong>de</strong> diálogo escolhido pela esquerda na relação com as massas.<br />

Acreditavam <strong>de</strong>sta maneira preparar “a base” para uma revolução<br />

socialista <strong>no</strong> país - motivada pela recente Revolução Cubana.<br />

Tanto nas produções em traços populistas quanto nas vanguar<strong>das</strong>,<br />

temas do <strong>de</strong>bate político como a mo<strong>de</strong>rnização, a <strong>de</strong>mocratização,<br />

o nacionalismo, e a “fé <strong>no</strong> povo” estavam <strong>no</strong> centro<br />

<strong>das</strong> discussões, informando e <strong>de</strong>lineando a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma<br />

arte participante, forjando o mito do alcance revolucionário da<br />

cultura. Segundo Heloísa Buarque <strong>de</strong> Hollanda, “a efervescência<br />

política e o intenso clima <strong>de</strong> mobilização que experimentávamos <strong>no</strong><br />

dia-a-dia favoreciam a a<strong>de</strong>são dos artistas e intelectuais ao projeto<br />

revolucionário” 17 - projeto que, atentado para as contradições levanta<strong>das</strong><br />

pelo processo <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização industrial, busca uma<br />

arte <strong>de</strong> vanguarda ou <strong>de</strong> diálogo populista trazendo para o centro<br />

<strong>das</strong> preocupações o empenho da participação social que marcou<br />

aquela década. A tensão entre a arte popular revolucionária e o<br />

experimentalismo formal permitiu que a produção cultural bra-<br />

15 Anteprojeto do Manifesto do Centro Popular <strong>de</strong> <strong>Cultura</strong>, redigido em<br />

março <strong>de</strong> 1962, por Carlos Estevam Martins, então presi<strong>de</strong>nte do CPC. Ver<br />

texto completo em Hollanda, 1980, p. 135-168.<br />

16 As motivações e realizações do CPC serão vistas mais aprofundamente<br />

adiante, <strong>no</strong> capítulo 2.<br />

17 Hollanda ,1980, p. 15.<br />

43

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!