Produção de Cultura no Brasil - O lado tropical das polÃticas digitais
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CONCLUSÃO<br />
Depois <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> análises sobre a produção <strong>de</strong> cultura e<br />
suas imbricações políticas e sociais, encerro este trabalho reforçando a<br />
argumentação feita ao longo dos capítulos com observações sobre os<br />
temas estudados, relacionando-os entre si, tendo em vista a perspectiva<br />
histórica que <strong>no</strong>s levaram aos acontecimentos relacionados.<br />
Como vimos, a década <strong>de</strong> 60 foi marcada por intensa produção<br />
cultural e uma certa valorização da cultura popular, como o enfoque<br />
dado ao “povo” a partir dos pressupostos do projeto nacional-popular.<br />
Se naquele tempo o espírito <strong>de</strong>senvolvimentista dos a<strong>no</strong>s 50 e o<br />
“<strong>de</strong>scobrimento” do território nacional a partir <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas tec<strong>no</strong>logias<br />
<strong>de</strong> transporte e comunicação geraram uma necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> busca por<br />
uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> nacional, hoje o esforço é <strong>no</strong> sentido da preservação<br />
da cultura local, ainda que híbrida e conectada com a cultura global,<br />
garantindo assim a multiplicida<strong>de</strong> cultural em um país <strong>de</strong> tantas origens.<br />
No sentido da valorização da “cultura popular”, a principal diferença<br />
do CPC da década <strong>de</strong> 60 e do Programa <strong>Cultura</strong> Viva hoje é o<br />
reconhecimento da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> registro <strong>das</strong> tradições populares<br />
por parte da própria comunida<strong>de</strong> e a potencialização <strong>das</strong> ativida<strong>de</strong>s<br />
que já são <strong>de</strong> alguma forma <strong>de</strong>senvolvi<strong>das</strong>, revendo assim um certo<br />
autoritarismo típico da época, que <strong>de</strong>finia com clareza excessiva o que<br />
era bom para socieda<strong>de</strong> e o que não era.<br />
Neste sentido, a Tropicália exerceu, como vimos, um importante<br />
papel <strong>no</strong> questionamento dos padrões e valorização da<br />
diversida<strong>de</strong> através <strong>de</strong> experimentações - o que também po<strong>de</strong> ser<br />
encontrado em ações <strong>de</strong> diversos Pontos <strong>de</strong> <strong>Cultura</strong> do país, que<br />
experimentam <strong>no</strong>vas tec<strong>no</strong>logias com saberes tradicionais, sob a<br />
perspectiva do conhecimento livre. Assim, retoma a antropofagia<br />
<strong>de</strong> Oswald <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>, bebendo em diferentes fontes em busca <strong>de</strong><br />
uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural local articulada com as transformações globais,<br />
mais amplas. A gran<strong>de</strong> diferença é que hoje, com a globalização,<br />
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