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Produção de Cultura no Brasil - O lado tropical das políticas digitais

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Dizer que os a<strong>no</strong>s 60 “não acabaram”, “continuam vivos” e<br />

to<strong>das</strong> as afirmações que seguem essa linha, não são verda<strong>de</strong>s em<br />

si, mas nem tampouco simplesmente são construções retóricas,<br />

<strong>de</strong>stituí<strong>das</strong> <strong>de</strong> sentido. Muitas análise foram e continuam sendo<br />

feitas sobre esse período. Algumas <strong>de</strong>las bastante pertinentes,<br />

outras nem tanto, ora por en<strong>de</strong>usarem ora por <strong>de</strong>monizarem em<br />

excesso certos feitos ou pessoas, sem perceber que entre o preto<br />

e o branco há uma interminável possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> outros matizes,<br />

como tenta apontar Aline, <strong>no</strong> <strong>de</strong>correr <strong>de</strong> seu livro.<br />

Cabe ainda <strong>de</strong>stacar que os a<strong>no</strong>s 60 e, sobretudo, o já mítico<br />

68, assim como qualquer outro período ou fato que fôssemos<br />

estudar, não acontece <strong>de</strong> forma isolada, como se “milagrosamente”<br />

os <strong>de</strong>uses todos tivessem conspirado a favor e as pessoas <strong>de</strong><br />

repente tivessem se tornado profundamente inteligentes, criativas<br />

e contestadoras. O que quero dizer com isso é que nada acontece<br />

“<strong>de</strong> repente”. Não po<strong>de</strong>mos esquecer todo o processo histórico anterior,<br />

os muitos conflitos, diálogos, negociações, embates acontecidos<br />

e que possibilitaram que <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s 60 muitas experiências estéticas<br />

criativas e i<strong>no</strong>vadoras tomassem forma, ou melhor, fossem<br />

possíveis e tivessem a força que tiveram.<br />

Um ator social adquire forma e vai ser fundamental quando<br />

se fala na década <strong>de</strong> 60 como um todo: a juventu<strong>de</strong>. Ela passou<br />

a exigir e lutar por um espaço na socieda<strong>de</strong>, que até então lhe<br />

fora negado ou restringido. Para essa juventu<strong>de</strong>/60, a contestação<br />

foi a pedra <strong>de</strong> toque; os jovens buscavam criar seus próprios<br />

espaços <strong>de</strong> criação e manifestação, contrapondo-se aos padrões<br />

sociais vigentes. Havia uma confluência <strong>das</strong> várias artes e seus<br />

criadores e uma busca dos jovens por interferir <strong>no</strong>s rumos <strong>das</strong><br />

socieda<strong>de</strong>s on<strong>de</strong> viviam e criavam. Arte, cultura e política articu<strong>lado</strong>s<br />

em busca da revolução, a palavra que <strong>de</strong>u o tom dos a<strong>no</strong>s<br />

60. Tomada em diferentes acepções <strong>de</strong> acordo com a tendência<br />

política a que o artista estava ligado, a revolução <strong>de</strong>u a linha para<br />

a criação <strong>de</strong> muitos e importantes artistas plásticos, cantores,<br />

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