22.11.2014 Views

Produção de Cultura no Brasil - O lado tropical das políticas digitais

Produção de Cultura no Brasil - O lado tropical das políticas digitais

Produção de Cultura no Brasil - O lado tropical das políticas digitais

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

O crescimento <strong>de</strong>sse público consumidor <strong>de</strong> cultura se dá<br />

também em função <strong>das</strong> inúmeras facilida<strong>de</strong>s que o comércio passou<br />

a apresentar. Assim, ocorre uma expansão em nível <strong>de</strong> produção,<br />

distribuição e consumo <strong>de</strong> cultura – tanto <strong>das</strong> empresas alia<strong>das</strong><br />

ao regime que produzem mais para suprir a falta (econômica)<br />

dos que foram censurados, quanto da contracultura, que tenta distribuir<br />

sua produção <strong>no</strong> limite <strong>de</strong> sua proposta subversiva.<br />

A implantação <strong>de</strong> uma indústria cultural modifica o padrão<br />

<strong>de</strong> relacionamento com a cultura, uma vez que <strong>de</strong>finitivamente<br />

ela passa a ser concebida como um investimento comercial,<br />

o que não se trata apenas <strong>de</strong> uma manifestação do regime<br />

militar, mas a expressão do <strong>de</strong>senvolvimento capitalista <strong>no</strong> país<br />

através <strong>de</strong> uma via autoritária. Assim, po<strong>de</strong>-se enten<strong>de</strong>r a gama<br />

<strong>de</strong> interesses comuns <strong>no</strong> projeto <strong>de</strong> integração nacional entre o<br />

Estado autoritário – que buscava a ampliação da base <strong>de</strong> apoio<br />

ao regime - e o setor empresarial da indústria cultural que se<br />

consolidava <strong>no</strong> país – sublinhando a integração com o mercado.<br />

Neste sentido, a <strong>de</strong>spolitização do conteúdo por parte da indústria<br />

cultural e dos meios <strong>de</strong> comunicação massivos servia perfeitamente<br />

para ambas as pretensões. O que se via era uma política<br />

<strong>de</strong> pão e circo. Através do aparente <strong>de</strong>senvolvimento econômico<br />

conectado com o capitalismo internacional e da proliferação <strong>de</strong><br />

bens culturais “pasteurizados”, iludia-se a população para <strong>de</strong>sviar<br />

a atenção dos reais problemas sociais como a repressão e a <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong><br />

social. Desta forma, o pacto ditadura - meios <strong>de</strong> comunicação<br />

representava um duplo obstáculo para os movimentos<br />

contraculturais <strong>de</strong> resistência ao regime e à alienação, que agora<br />

se viam frente a dois “inimigos”: a censura política do conteúdo<br />

e a imposição econômica da indústria cultural.<br />

Neste cenário, os meios <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> massa começavam<br />

a se consolidar <strong>no</strong> país, sendo reconhecida a sua capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> difundir idéias, <strong>de</strong> se comunicar diretamente com as massas e,<br />

sobretudo, a possibilida<strong>de</strong> que têm em criar “estados emocionais<br />

55

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!