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direito em movimento sistema dos juizados especiais - Emerj

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u ARTIGOS u<br />

tir da profissão. Não se sentia b<strong>em</strong> mandando pequenos infratores para a<br />

prisão, n<strong>em</strong> julgando vidas por meio de autos. Tinha necessidade de olhar,<br />

ouvir e falar com as pessoas. Ela é uma entusiasta da mediação de conflitos.<br />

Alguém que, no dia-a-dia, ressuscita a velha máxima do “conversando,<br />

a gente se entende”. E não é esse, afinal, o princípio da civilização<br />

O que nos salvou de perder a juíza Sueli Pini foi a criação <strong>dos</strong> Juiza<strong>dos</strong><br />

Especiais – b<strong>em</strong> mais próximos das pessoas, falando a linguag<strong>em</strong> delas.<br />

“Foi como se tivess<strong>em</strong> me tirado de um vaso e me plantado no campo!<br />

Abandonei a toga de pingüim. Deixei os muros do castelo que imped<strong>em</strong><br />

de ver as ruas. Abracei com paixão a proposta da justiça <strong>em</strong> <strong>movimento</strong> e,<br />

portanto, para to<strong>dos</strong>.”<br />

Partidária da Reforma do Judiciário – que regulamenta a justiça itinerante<br />

– Sueli enxerga a urgência de outra reforma: a do juiz! Na sua opinião,<br />

ele ou ela precisam ter um “choque de gente”. O que é isto Ver onde<br />

e como as pessoas viv<strong>em</strong>, ouvir suas necessidades. Informá-las e, se necessário<br />

for, ensiná-las acerca de seus <strong>direito</strong>s. Ela também gosta de repetir<br />

que para pagar os servidores públicos, o Estado tira comida da boca de<br />

muita gente. Em última instância, os juízes, servidores b<strong>em</strong> pagos, têm o<br />

dever de trabalhar muito e com qualidade.<br />

Sueli Pini labora para valer. Mãe de seis filhos, ela tenta esticar as<br />

irrisórias vinte quatro horas do dia. Lidera uma equipe de funcionários e<br />

voluntários no Fórum de Macapá. Está à frente de projetos inovadores:<br />

atendimentos <strong>em</strong> praças públicas, nas periferias miseráveis da cidade, no<br />

lixão onde urubus disputam sobras com homo sapiens.<br />

Naturalmente, tantas ousadias atra<strong>em</strong> adversários. Gente que prefere<br />

que as coisas sigam como são. Mas, guerreira, ela avança no caminho.<br />

Sabe que “a vida é curta e a obra é longa”. A idéia de uma justiça mais justa<br />

só vingará se contagiar as jovens gerações. Trabalhando para isso, Sueli<br />

desenvolve o programa Justiça Preventiva na Escola, abrangendo alunos<br />

das redes pública e particular.<br />

A cada jornada itinerante fluvial, quando o barco Tribuna deixa Macapá<br />

com destino a Bailique, a juíza arregimenta, com verve e entusiasmo,<br />

profissionais de outras áreas: médicos, assistentes sociais, educadores, artistas.<br />

Eles transformam o barco da justiça <strong>em</strong> uma nau multidisciplinar.<br />

São pessoas dispostas a enfrentar as dozes horas de um rio caprichoso, a<br />

24 u Direito <strong>em</strong> Movimento, Rio de Janeiro, v. 15, p. 15-96, 2º s<strong>em</strong>. 2012 u

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