por Le Clézio revelado O mundo - Fonoteca Municipal de Lisboa
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Teatro/Dança<br />
Internet<br />
Reiquejavique<br />
no Alto<br />
Minho<br />
Pedro Penim foi ao Alto<br />
Minho e encontrou o<br />
“Eldorado”. Inês Nadais<br />
Já temos a Cetbase, a base <strong>de</strong><br />
dados do Centro <strong>de</strong> Estudos<br />
<strong>de</strong> Teatro da Faculda<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> <strong>Le</strong>tras <strong>de</strong> <strong>Lisboa</strong>, para<br />
consultar na Internet fichas<br />
<strong>de</strong> espectáculos, “currículos”<br />
<strong>de</strong> actores, encenadores,<br />
etc. Mas ainda não há uma<br />
enciclopédia do teatro<br />
<strong>por</strong>tuguês como a que foi<br />
criada agora no Brasil com<br />
a Enciclopédia Itaú Cultural<br />
<strong>de</strong> Teatro on<strong>de</strong> se encontram<br />
a história do teatro<br />
brasileiro, com programas<br />
Eldorado<br />
Pelas Comédias do Minho.<br />
Encenação <strong>de</strong> Pedro Penim. Com<br />
Gonçalo Fonseca, Luís Filipe Silva,<br />
Mónica Tavares, Rui Mendonça e<br />
Tânia Almeida.<br />
Porto. Balleteatro Auditório. Praça 9 <strong>de</strong> Abril, 76.<br />
Tel. 22 5508918. Hoje e amanhã, às 21h30. €5<br />
Há uns meses, quando saiu <strong>de</strong> <strong>Lisboa</strong><br />
e se meteu na estrada nacional 301 as<br />
vezes suficientes para amaldiçoar<br />
esses 14 quilómetros que separam<br />
Pare<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Coura do futuro a que tem<br />
direito, Pedro Penim não imaginava<br />
que se tinha posto a caminho do<br />
Eldorado. Convidaram-no para ir<br />
trabalhar com uma companhia do<br />
Alto Minho, e ele foi, sem fazer muitas<br />
perguntas: “Conhecia mal o Alto<br />
Minho e <strong>por</strong> isso passei uma semana a<br />
visitar aquilo, mas mais para conhecer<br />
os actores da companhia e para<br />
perceber em que condições a peça<br />
que era suposto eu fazer ia ser<br />
apresentada. Já tinha <strong>de</strong>cidido antes<br />
<strong>de</strong> ir para lá que não ia fazer nada <strong>de</strong><br />
muito regionalista, no sentido<br />
etnográfico do termo, nem nenhum<br />
espectáculo que fosse o meu ponto <strong>de</strong><br />
vista sobre a região. Percebi muito<br />
rapidamente que queria fazer um<br />
espectáculo universal, que tanto<br />
pu<strong>de</strong>sse funcionar em Melgaço como<br />
em Reiquejavique”, explica ao Ípsilon.<br />
Funcionou em Melgaço -<br />
um dos cinco concelhos<br />
que, com Monção,<br />
Pare<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Coura,<br />
Valença e Vila Nova<br />
<strong>de</strong> Cerveira,<br />
fundou a<br />
companhia <strong>de</strong><br />
teatro<br />
profissional<br />
Comédias do<br />
Minho, uma<br />
estrutura<br />
radicalmente<br />
itinerante cujos<br />
espectáculos<br />
circulam pelos<br />
cinco concelhos -,<br />
funcionou em<br />
<strong>Lisboa</strong> e<br />
<strong>de</strong> peças, sites <strong>de</strong> grupos e<br />
publicações especializadas.<br />
A i<strong>de</strong>ia inicial, conta a “Folha<br />
<strong>de</strong> São Paulo”, foi do crítico<br />
polaco radicado no Brasil<br />
Yan Michalski (1932-1990),<br />
“que pretendia publicar<br />
um ‘quem é quem’ da cena<br />
nacional”. Agora, estão lá<br />
ainda críticas, re<strong>por</strong>tagens,<br />
dissertações e artigos<br />
académicos dos arquivos da<br />
Funarte e do Centro Cultural<br />
São Paulo e das bibliotecas<br />
Jenny Klabin Segall, da<br />
vai funcionar no Porto, hoje e<br />
amanhã (quanto a Reiquejavique,<br />
não temos indicações), no Balleteatro<br />
Auditório. Somos todos iguais, diz<br />
Pedro Penim (no Alto Minho, em<br />
<strong>Lisboa</strong> ou na Islândia): “A televisão já<br />
nivelou tanto as referências que não<br />
há gran<strong>de</strong>s diferenças. Só na nossa<br />
cabeça é que o Alto Minho ainda é<br />
outro <strong>mundo</strong>. As pessoas reagem<br />
exactamente da mesma maneira<br />
numa casa do povo em Monção e<br />
num teatro em <strong>Lisboa</strong>.”<br />
O “Eldorado” podia ser isso - esta<br />
globalização aparentemente <strong>por</strong>reira,<br />
pá - mas foi outra coisa: “Tentei<br />
concertar várias vonta<strong>de</strong>s <strong>por</strong>que não<br />
queria fazer só o meu espectáculo.<br />
Queria que isto fosse um processo<br />
comum, a partir das circunstâncias<br />
muito específicas da companhia, dos<br />
objectivos da direcção artística<br />
[assegurada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2005 <strong>por</strong> Isabel<br />
Alves Costa, com consultoria <strong>de</strong><br />
Miguel Honrado] e dos meus<br />
interesses.” <strong>Le</strong>vou ferramentas -<br />
“Kvetch”, <strong>de</strong> Steven Berkoff, uma peça<br />
muito anos 80, e vários ví<strong>de</strong>os do<br />
YouTube, que reescreveu com a<br />
companhia. “A peça do Berkoff tem<br />
um mecanismo muito simples, mas<br />
muito ‘clever’: as personagens falam<br />
normalmente umas com as outras,<br />
mas subitamente dirigem-se ao<br />
público e dizem aquilo em que<br />
realmente estão a pensar.<br />
Reproduzimos esse mecanismo, mas<br />
misturámos o texto com vi<strong>de</strong>oblogues<br />
do YouTube, que vão minando a peça,<br />
como corpos estranhos”, explica.<br />
O sítio on<strong>de</strong> o texto <strong>de</strong> Steven<br />
Berkoff (muito contaminado, como<br />
qualquer criatura dos anos 80, “pela<br />
ameaça iminente da bomba”) se cruza<br />
com os diários vi<strong>de</strong>ográficos que<br />
milhares <strong>de</strong> pessoas disponibilizam na<br />
Internet (diários “muito<br />
contraditórios, <strong>por</strong>que funcionam<br />
como os velhos diários íntimos e<br />
intransmissíveis, mas ao mesmo<br />
tempo estão ali para quem quiser usálos,<br />
à disposição, literalmente, <strong>de</strong> todo<br />
o <strong>mundo</strong>”) é um “Eldorado”, mas o<br />
tipo <strong>de</strong> Eldorado <strong>de</strong> que fugiríamos, se<br />
tivéssemos pernas para isso. “Na<br />
maior parte dos vi<strong>de</strong>oblogues que<br />
encontrámos as pessoas relatam<br />
ataques <strong>de</strong> pânico,<br />
situações-limite,<br />
momentos <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>sespero. Isso que já<br />
estava na peça do<br />
Berkoff também está<br />
nos materiais<br />
que<br />
trouxemos<br />
do<br />
YouTube, e<br />
UNI-Rio e da ECA/USP. São<br />
mais <strong>de</strong> 700 verbetes, que<br />
incluem personalida<strong>de</strong>s<br />
e companhias, além das<br />
fichas resumidas <strong>de</strong> 10 mil<br />
profissionais e <strong>de</strong> seis mil<br />
espectáculos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1938<br />
a 2006. Neste momento, a<br />
enciclopédia concentra-se<br />
no eixo São Paulo - Rio <strong>de</strong><br />
Janeiro mas a partir <strong>de</strong><br />
Fevereiro vai incluir Minas<br />
Gerais, Pernambuco e Rio<br />
Gran<strong>de</strong> do Sul.<br />
acabou <strong>por</strong> transformar-se no tema<br />
central da peça. As personagens estão<br />
sempre a falar <strong>de</strong> como é sentir pânico<br />
e <strong>de</strong> como gostariam <strong>de</strong> não sentir<br />
pânico - noutro sítio, um sítio melhor<br />
do que aquele on<strong>de</strong> estão”, continua<br />
Penim. A bomba, o cancro, o<br />
<strong>de</strong>semprego, os atentados, a crise, a<br />
obesida<strong>de</strong>, as multas <strong>de</strong><br />
estacionamento, a velhice, os<br />
impostos - eles trocavam estas coisas<br />
todas <strong>por</strong> um paraíso, nem que fosse<br />
fiscal (e, mesmo sem indicações <strong>de</strong><br />
Reiquejavique, estamos em condições<br />
<strong>de</strong> afirmar que os islan<strong>de</strong>ses também).<br />
A família em ruínas<br />
Shadow Play: Jogo Sombra<br />
De Maila Dimas, Susana Nunes,<br />
Carlos Marques e Francisco Campos<br />
Encenação: Francisco Campos. Pelo<br />
Projecto Ruínas<br />
<strong>Lisboa</strong>. Teatro da Comuna. Pç. Espanha. De 7 a<br />
11/01. Tel.: 217221770. 4ª a dom., às 21h30.<br />
mmmnn<br />
“Shadow Play” foi concebido a partir<br />
<strong>de</strong> improvisações e <strong>de</strong> memórias<br />
pessoais dos actores, tendo como<br />
premissas temas como a família, a<br />
velhice ou o silêncio. O resultado foi a<br />
criação <strong>de</strong> quatro personagens que<br />
<strong>de</strong>stilam memórias como se<br />
passeassem <strong>por</strong> um álbum <strong>de</strong><br />
fotografias. Instalando-se numa<br />
cartografia edipiana, focando a<br />
disfuncionalida<strong>de</strong> do núcleo familiar,<br />
abordam-se assuntos como o fim do<br />
amor, a inveja, o suicídio, a<br />
homossexualida<strong>de</strong> encapuçada, a<br />
perversão sexual e a asfixia familiar.<br />
O tom, dada a espessura da<br />
temática, é inusitadamente<br />
coloquial. Tudo isto surge polvilhado<br />
com um humor cáustico, que em<br />
tudo remete para o teatro <strong>de</strong> Spiro<br />
Scimone. Mas um dos aspectos mais<br />
singulares <strong>de</strong>ste espectáculo é a<br />
proposta do próprio título:<br />
“Shadow Play”/ “Jogo Sombra”.<br />
Assim, a peça sobre esta família<br />
estabelece um “jogo <strong>de</strong> sombras”<br />
com uma outra peça, que a<br />
emoldura, num dispositivo <strong>de</strong><br />
teatro-<strong>de</strong>ntro-do-teatro. Desta<br />
maneira, aquilo a que assistimos é a<br />
um grupo <strong>de</strong> actores que chega para<br />
apresentar uma peça, interpretando<br />
<strong>de</strong>pois o insólito quarteto familiar. O<br />
quarteto <strong>de</strong> actores joga em diversos<br />
registos, do clownesco à comédia <strong>de</strong><br />
palavra, não mostrando fragilida<strong>de</strong>s<br />
em nenhum <strong>de</strong>les, assegurando<br />
interpretações equilibradas e<br />
mantendo sempre um interessante<br />
grau <strong>de</strong> suspensão e<br />
imprevisibilida<strong>de</strong>.Rui Pina Coelho<br />
Mona Lisa Show<br />
Agenda<br />
Estreiam<br />
Tu e Eu<br />
De Friedrich Karl Waechter.<br />
Encenação: Sofia <strong>de</strong> Portugal. Com<br />
Adriano Carvalho, André Patrício,<br />
Pedro Carraca.<br />
<strong>Lisboa</strong>. Teatro Aberto. Pç. Espanha. De 15/01 a<br />
31/12. 4ª, 5ª, 6ª e Sáb. às 21h30. Dom. às 16h. Tel.:<br />
213880089. 15€ (público em geral), 12€ (mais 65<br />
anos) e 7,5€ (até 25 anos).<br />
Caveman<br />
De Rob Becker. Encenação: António<br />
Pires. Com Jorge Mourato.<br />
<strong>Lisboa</strong>. Casa do Artista - Teatro Armando Cortez.<br />
Est. Pontinha, 7. De 14/01 a 15/02. 4ª, 5ª, 6ª e Sáb.<br />
às 21h30. Dom. às 17h. Tel.: 217154057.<br />
Continuam<br />
Os Produtores<br />
De Mel Brooks. Encenação: Cláudio<br />
Hochman. Com Rita Pereira, Miguel<br />
Dias, Manuel Marques, Rodrigo<br />
Saraiva, Custódia Galego. Direcção<br />
Musical: Nuno Feist.<br />
Portimão. Arena. Pq. <strong>de</strong> Feiras e Expos. Até 11/01.<br />
4ª e 5ª às 21h30. 6ª às 17h00 e 21h30. Dom. às<br />
21h45 (dia 4). Sáb. e Dom. às 21h30 (dias 10 e 11).<br />
Tel.: 282410440. 3€.<br />
Solrir - 3º Festival <strong>de</strong> Humor.<br />
Ver texto pág. 18 e 19<br />
Mona Lisa Show<br />
De Pedro Gil. Encenação: Pedro Gil.<br />
Com Ainhoa Vidal, António<br />
Fonseca, David Almeida, Mónica<br />
Garnel, Raquel Castro, Ricardo<br />
Gageiro, Romeu Costa.<br />
<strong>Lisboa</strong>. Teatro Meridional. R. do Açúcar, 64 -<br />
Poço do Bispo. De 15/01 a 01/02. 4ª, 5ª, 6ª e Sáb.<br />
às 21h30. Dom. às 17h. Tel.: 218689245<br />
A Tempesta<strong>de</strong><br />
De William Shakespeare. Encenação:<br />
John Mowat. Com Jorge Cruz, Marta<br />
Cerqueira, Tiago Viegas.<br />
<strong>Lisboa</strong>. Chapitô. R. Costa do Castelo, 1/7. Até<br />
01/03. 5ª, 6ª, Sáb. e Dom. às 22h00. Tel.:<br />
218855550. 25€ e 30€.<br />
Acamarrados<br />
De Enda Walsh. Companhia:<br />
Artistas Unidos. Com Carla Galvão,<br />
António Simão.<br />
Almada. Teatro <strong>Municipal</strong>. Av. Professor Egas<br />
Moniz. Até 01/02. 4ª, 5ª, 6ª e Sáb. às 21h30. Dom.<br />
às 16h00. Tel.: 212739360. 11€ e 8€.<br />
O Mercador <strong>de</strong> Veneza<br />
De William Shakespeare.<br />
Encenação: Ricardo Pais. Com<br />
António Durães, Lígia Roque, Luís<br />
Araújo, Micaela Cardoso, Sara<br />
Carinhas, Pedro Ribeiro, Pedro<br />
Manana, entre outros.<br />
Porto. Teatro Nacional São João. Pç. Batalha. Até<br />
18/01. 3ª, 4ª, 5ª, 6ª e Sáb. às 21h30. Dom. às<br />
16h00. Tel.: 223401910. 7€ a 15€.<br />
Imaculados<br />
De Dea Loher. Encenação: João<br />
Lourenço. Com, Ana Brandão, Ana<br />
Nave, Ana Rita Trinda<strong>de</strong>, Carlos<br />
Pisco, Cátia Ribeiro, Inês Rosado,<br />
Irene Cruz, Luís Barros, Pedro<br />
Ramos, entre outros.<br />
<strong>Lisboa</strong>. Teatro Aberto. Pç. Espanha. Até 01/02.<br />
4ª, 5ª, 6ª e Sáb. às 21h30. Dom. às 16h00. Tel.:<br />
213880089. 7,5€ a 15€.<br />
Cabaret<br />
De Joe Masteroff, Fred Ebb.<br />
Encenação: Diogo Infante. Com Ana<br />
Lúcia Palminha, Adriana Queiroz,<br />
Carlos Gomes, Dima Pavlenko,<br />
Fernando Gomes, Henrique Feist,<br />
Isabel Ruth, Pedro Laginha, Sandra<br />
Rosado, Sara Campina, entre<br />
outros.<br />
<strong>Lisboa</strong>. Teatro <strong>Municipal</strong> Maria Matos. Av. Frei<br />
Miguel Contreiras, 52. Até 15/02. 4ª, 5ª, 6ª e<br />
Sáb. às 21h30. Dom. às 17h00. Tel.: 218438801.<br />
15€ a 25€.<br />
30 • Ípsilon • Sexta-feira 9 Janeiro 2009