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por Le Clézio revelado O mundo - Fonoteca Municipal de Lisboa

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Edição<br />

“O Cinema Americano<br />

dos anos 70- Uma<br />

década em revolução”<br />

é a homenagem <strong>de</strong><br />

Ted Demme e Richard<br />

LaGranvanese<br />

à revolução cultural<br />

americana dos anos 70<br />

tal como ficou registada<br />

no cinema <strong>de</strong>ssa época.<br />

Documentário (edição<br />

da Midas), com participação<br />

<strong>de</strong> muitas das<br />

estrelas <strong>de</strong>sse momento,<br />

para servir eventualmente<br />

<strong>de</strong> contraponto à<br />

leitura <strong>de</strong> “Easy Ri<strong>de</strong>rs,<br />

Raging Bulls: How the<br />

Sex, Drugs and Rock ‘N’<br />

Roll Generation Saved<br />

Hollywood”, o livro <strong>de</strong><br />

Peter Biskind.<br />

Chris (Julian<br />

McMahon), o narcísico<br />

com momentos <strong>de</strong><br />

generosida<strong>de</strong>, e Sean<br />

(Dylan Walsh), o sonso<br />

com momentos <strong>de</strong><br />

sacanice,<br />

“A<strong>de</strong>us, Rapazes”,<br />

exercício sobre a<br />

<strong>de</strong>scoberta brutal do<br />

<strong>mundo</strong> adulto<br />

retrato da burguesia <strong>de</strong>ca<strong>de</strong>nte a que o<br />

realizador se entrega em “Os Malucos<br />

<strong>de</strong> Maio” (1989), também ele rodado na<br />

região da sua infância.<br />

Não estão, claro, todos ao mesmo<br />

nível. Extraordinários: os gémeos “O<br />

Colaboracionista” e “A<strong>de</strong>us,<br />

Rapazes”, exercícios sobre a<br />

aprendizagem da solidão e a<br />

<strong>de</strong>scoberta brutal do <strong>mundo</strong> adulto<br />

<strong>por</strong> parte <strong>de</strong> adolescentes protegidos.<br />

<strong>Le</strong>vezinho: “Os Malucos <strong>de</strong> Maio”,<br />

comédia renoiriana, melhor na<br />

melancolia encantadora do lento<br />

a<strong>de</strong>us a um passado que fica lá atrás<br />

do que na farsa a traço grosso da<br />

sátira da revolução burguesa. Falhado<br />

mas fascinante: “O Unicórnio”,<br />

bizarria surreal praticamente sem<br />

diálogos, fábula metafórica sobre o<br />

paraíso perdido, tentativa <strong>de</strong> cinema<br />

em estado puro magistralmente<br />

fotografada <strong>por</strong> mestre Sven Nykvist.<br />

Os dois documentários, contudo,<br />

tornam a edição imperdível. Entre<br />

Janeiro e Maio <strong>de</strong> 1968, um Malle<br />

<strong>de</strong>sencantado com o que sentia ser<br />

uma carreira estagnada percorreu a<br />

Índia durante cinco meses,<br />

acompanhado pelo câmara Etienne<br />

Becker e pelo engenheiro <strong>de</strong> som<br />

Jean-Clau<strong>de</strong> Laureux. De regresso a<br />

Paris, tirou do material dois filmes<br />

autónomos <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma concepção<br />

clássica do documentário como<br />

registo vivencial, mas transcen<strong>de</strong>ndo<br />

quer a simples lógica turística do<br />

“filme <strong>de</strong> viagem” quer a tendência<br />

politicizante <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 1968 (mesmo<br />

que elas estejam presentes). Trata-se<br />

<strong>de</strong> construir uma sucessão <strong>de</strong><br />

impressões recolhidas ao acaso dos<br />

encontros, em diálogo constante<br />

entre a emoção e a razão, recusando<br />

o <strong>de</strong>slumbramento oci<strong>de</strong>ntal do<br />

“bom selvagem” em favor <strong>de</strong> um<br />

olhar lúcido e neutro que se constrói<br />

na própria duração <strong>de</strong> cada plano. A<br />

própria condição <strong>de</strong> observador<br />

externo <strong>de</strong> Malle torna-se num dos<br />

“leit-motifs” da viagem, <strong>por</strong>que - nas<br />

suas próprias palavras - “na Índia, um<br />

oci<strong>de</strong>ntal com uma câmara é<br />

duplamente oci<strong>de</strong>ntal”.<br />

Um dos filmes, “A Índia Fantasma”,<br />

são sete episódios <strong>de</strong> 50 minutos<br />

pensados para TV (e é espantoso<br />

pensar: quarenta anos <strong>de</strong>pois,<br />

nenhuma televisão aceitaria exibir<br />

“isto”...). É um extraordinário mosaico<br />

sobre os esplendores e misérias da<br />

Índia mo<strong>de</strong>rna, mais datado quando<br />

explora a componente política, mais<br />

estimulante quando se <strong>de</strong>ixa levar<br />

pelos momentos que regista e quando<br />

questiona a própria pureza da formadocumentário,<br />

num precursor “avant<br />

la lettre” das questões que trabalham<br />

actualmente os cineastas da área. O<br />

outro, “Calcutá”, é um “oitavo<br />

episódio” pensado para cinema e<br />

centrado no quotidiano daquela<br />

cida<strong>de</strong>; está mais perto da convenção<br />

do “filme <strong>de</strong> viagem” ou do<br />

documentário etnográfico, faz-lhe falta<br />

a duração sem pressas do seu<br />

companheiro televisivo, mas sente-se<br />

nele o olhar generoso <strong>de</strong> Malle. A<br />

experiência indiana e os dois<br />

documentários funcionaram como<br />

“charneira” entre as duas fases da<br />

carreira do realizador, e po<strong>de</strong>mos<br />

sentir como essa atenção às pessoas,<br />

essa aposta na duração do plano, esse<br />

olhar lúcido contamina toda a restante<br />

obra.<br />

“A Índia Fantasma” é o único “extra”<br />

<strong>de</strong>sta caixa <strong>de</strong> preço apetecível e<br />

apresentação sóbria mas acabamentos<br />

pobres organizada pelo editor<br />

espanhol Avalon, que não correspon<strong>de</strong><br />

a (nem aproveita nenhum dos extras<br />

<strong>de</strong>) nenhuma das edições<br />

internacionais <strong>de</strong>stes filmes, nem<br />

contextualiza quer o realizador quer as<br />

obras reunidas. A lógica que reúne<br />

estes títulos (bem como os cinco<br />

presentes numa segunda caixa do<br />

mesmo editor) é <strong>de</strong> catálogo -<br />

pertencem todos ao acervo da<br />

distribuidora francesa Pyrami<strong>de</strong> - e as<br />

cópias estão em excelentes condições,<br />

ou, no caso <strong>de</strong> “Calcutá” e “A Índia<br />

Fantasma”, nas melhores possíveis<br />

(restauradas pelos Archives Françaises<br />

du Film a partir <strong>de</strong> originais bastante<br />

gastos). As legendagens vão do bom ao<br />

mau (em “O Colaboracionista” e nos<br />

documentários, com muitas<br />

transferências directas do espanhol e a<br />

mesma palavra grafada <strong>de</strong> modo<br />

diferente <strong>de</strong> filme para filme), e a<br />

divisão dos sete episódios <strong>de</strong> “A Índia<br />

Fantasma” pelos vários discos não<br />

surgem pela or<strong>de</strong>m indicada na contracapa.<br />

Mesmo assim, face ao preço em<br />

conta (40 euros) e à qualida<strong>de</strong> do<br />

material reunido, é uma edição a ter<br />

em conta para (re)<strong>de</strong>scobrir um<br />

cineasta que já merecia ser reavaliado<br />

com atenção.<br />

Televisão<br />

Bizarrias, outra vez<br />

mmnnn<br />

Extras<br />

mnnnn<br />

Nip/Tuck<br />

5ª tem<strong>por</strong>ada,<br />

Parte I<br />

Criador Ryan<br />

Murphy<br />

Distr. Castello-<br />

Lopes<br />

Pior do que uma má série é uma série<br />

muito boa que se torna irrelevante. Bom,<br />

não tão má que nos afaste do ecrã, mas<br />

má ao ponto <strong>de</strong> nos <strong>de</strong>ixar nostálgicos<br />

em relação aos primeiros episódios - que<br />

é o sinal mais evi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> que algo vai<br />

mal no reino da quinta tem<strong>por</strong>ada <strong>de</strong><br />

“Nip/Tuck”, a série sobre dois cirurgiões<br />

plásticos que nos continua a dar a<br />

medicina à lupa mas não a surpreen<strong>de</strong>r.<br />

Com a mudança dos dois cirurgiões <strong>de</strong><br />

Miami para Los Angeles, território do<br />

hedonismo <strong>por</strong> excelência, per<strong>de</strong>u-se a<br />

ironia da “tagline” <strong>de</strong> “Nip/Tuck”, a<br />

“série profundamente superficial”.<br />

Per<strong>de</strong>u-se a ironia <strong>por</strong>que ela tornou-se,<br />

<strong>de</strong> facto, naquilo que anunciava,<br />

superficial. E per<strong>de</strong>u-se também o mais<br />

interessante das personagens: a<br />

espessura e, acima <strong>de</strong> tudo, a<br />

credibilida<strong>de</strong>. Os “twists” passaram a ser<br />

isso mesmo, meros “twists”, que nada<br />

acrescentam, antes são manobras <strong>de</strong><br />

diversão <strong>de</strong> argumentistas/criadores que<br />

já não sabem fazer crescer as “pessoas”<br />

que criaram. A galeria <strong>de</strong> freaks que vão<br />

passando pelo consultório (do bem<br />

sucedido empresário que é masoquista à<br />

velhota que quer que o seu jovem noivo<br />

volte a ter os pêlos que ela em tempos<br />

quis mandar tirar) e os jactos <strong>de</strong><br />

surrealismo à la “Twin Peaks” são mais<br />

do mesmo, com a diferença <strong>de</strong> que o<br />

mesmo já foi melhor nas três primeiras<br />

tem<strong>por</strong>adas.<br />

Resumimos, então, o argumento <strong>de</strong>sta<br />

semi-quinta tem<strong>por</strong>ada (semi <strong>por</strong>que o<br />

DVD vai até ao episódio 14; o resto, que<br />

vai até ao 22, estreia este mês nos EUA):<br />

Chris (Julian McMahon), o narcísico com<br />

momentos <strong>de</strong> generosida<strong>de</strong>, e Sean<br />

(Dylan Walsh), o sonso com momentos<br />

<strong>de</strong> sacanice, mudam-se para LA on<strong>de</strong><br />

montam nova clínica. Como o negócio<br />

não arranca, tentam atingir os fins <strong>por</strong><br />

outros meios. Sean torna-se a estrela <strong>de</strong><br />

uma série que glosa o próprio “Nip/<br />

Tuck” (chama-se “Corações e Bisturis”) e<br />

Chris fica em crise <strong>de</strong> egocentrismo,<br />

invertendo o papel com Sean. Julia tem<br />

um caso com uma mulher, e a filha<br />

adolescente <strong>de</strong>la, uma Lolita a assombrar<br />

o já não puritano Sean, torna-se a<br />

verda<strong>de</strong>ira vilã.<br />

É pena, então, que o criador Ryan<br />

Murphy tenha adormecido à sombra do<br />

sucesso da série estreada em 2003 nos<br />

EUA. A “crise”, é verda<strong>de</strong>, já se anunciara<br />

na tem<strong>por</strong>ada quatro, com as<br />

personagens a chegarem a um impasse.<br />

A quinta tem<strong>por</strong>ada só o confirma - a ver<br />

vamos a parte II.<br />

Os extras, não legendados, são uma<br />

conversa com Ryan Murphy e alguns<br />

actores sobre o hedonismo ou cenas <strong>de</strong><br />

apanhados. Joana Gorjão Henriques<br />

SÁB <br />

<br />

REMIX ENSEMBLE<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

; ; ; <br />

, para piano, ensemble e electrónica<br />

<br />

para trompa solo, quatro trompas<br />

naturais e ensemble<br />

No ano em que celebra setenta anos, Jonathan Harvey é o<br />

Compositor em Residência na Casa da Música. Um ecléctico<br />

programa com obras para diferentes instrumentos solistas,<br />

ensemble e com recurso à electrónica.<br />

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Ípsilon • Sexta-feira 9 Janeiro 2009 • 35

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