13.03.2015 Views

por Le Clézio revelado O mundo - Fonoteca Municipal de Lisboa

por Le Clézio revelado O mundo - Fonoteca Municipal de Lisboa

por Le Clézio revelado O mundo - Fonoteca Municipal de Lisboa

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Concertos<br />

O timbre escuro, a agilida<strong>de</strong>, o instinto<br />

teatral e o sentido <strong>de</strong> estilo <strong>de</strong> Marijana<br />

Mijanovic a<strong>de</strong>quam-se especialmente<br />

bem ao repertório dos antigos “castrati”<br />

Murray Perahia, consi<strong>de</strong>rado um dos<br />

melhores pianistas do nosso tempo<br />

Clássica<br />

Marijana<br />

Mijanovic,<br />

a voz do<br />

barroco<br />

O virtuosismo da música <strong>de</strong><br />

Han<strong>de</strong>l e Vivaldi. Cristina<br />

Fernan<strong>de</strong>s<br />

Marijana Mijanovic e Orquestra<br />

<strong>de</strong> Câmara <strong>de</strong> Basileia<br />

Com Marijana Mijanovic (meiosoprano).<br />

<strong>Lisboa</strong>. Fundação e Museu Calouste Gulbenkian. Av.<br />

Berna, 45A. Dom. às 19h00. Tel.: 217823700. 17,5€ a<br />

35€.<br />

Em 2009 passam 250 anos da morte<br />

<strong>de</strong> Han<strong>de</strong>l, efeméri<strong>de</strong> que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> já<br />

começa a ser assinalada <strong>por</strong> várias<br />

instituições musicais. O ciclo <strong>de</strong><br />

Música Antiga da Gulbenkian propõe,<br />

no domingo, um programa imperdível<br />

com a contralto Marijana Mijanovic e a<br />

Orquestra <strong>de</strong> Câmara <strong>de</strong> Basileia,<br />

on<strong>de</strong> se presta homenagem ao famoso<br />

“castrato” Francesco Bernardi (mais<br />

conhecido como Senesino), um dos<br />

intérpretes privilegiados <strong>de</strong> algumas<br />

das mais brilhantes óperas <strong>de</strong> Han<strong>de</strong>l.<br />

O programa contempla árias das<br />

óperas “Ro<strong>de</strong>linda”, “Orlando” e<br />

“Giulio Cesare” e três “Concerti<br />

Grossi”, <strong>de</strong> Han<strong>de</strong>l, mas reserva<br />

também lugar para Vivaldi, cuja<br />

escrita vocal testemunha igualmente a<br />

exuberância do virtuosismo barroco.<br />

Será possível ouvir árias da<br />

“Andromeda Liberata” e <strong>de</strong> “Orlando<br />

Furioso”, bem como a extraordinária<br />

cantata “Cessate, omai cessate”, uma<br />

das peças <strong>de</strong> eleição dos contraltos<br />

femininos e masculinos<br />

(contratenores) que se <strong>de</strong>dicam a este<br />

repertório. Esta obra conta com<br />

impressionantes interpretações em<br />

disco, das quais se <strong>de</strong>stacam as <strong>de</strong><br />

Andreas Scholl, Sara Mingardo ou da<br />

mezzo-soprano Anne Sophie von<br />

Otter.<br />

O timbre escuro, a agilida<strong>de</strong>, o<br />

instinto teatral e o sentido <strong>de</strong> estilo <strong>de</strong><br />

Marijana Mijanovic a<strong>de</strong>quam-se<br />

especialmente bem ao repertório dos<br />

antigos “castrati”. Nascida em Valjevo,<br />

na antiga Jugoslávia, causou sensação<br />

no meio musical quando se estreou na<br />

ópera “Il Ritorno d’Ulisse”, <strong>de</strong><br />

Monteverdi, no Festival <strong>de</strong> Aix-en-<br />

Provence <strong>de</strong> 2000, sob a direcção <strong>de</strong><br />

William Christie. Nos últimos anos<br />

converteu-se numa das mais<br />

requesitadas intérpretes <strong>de</strong> ópera<br />

barroca, contando com uma<br />

im<strong>por</strong>tante discografia que inclui<br />

títulos como “Bajazet”, “Montezuma”<br />

e “Tito Manlio”, <strong>de</strong> Vivaldi, e<br />

“Ro<strong>de</strong>linda” e “Giulio Cesare”, <strong>de</strong><br />

Han<strong>de</strong>l, sob a direcção <strong>de</strong> maestros<br />

como Alan Curtis, Mark Minkowski e<br />

Fabio Biondi. Recentemente, a<br />

cantora gravou o seu primeiro álbum<br />

a solo, “Affetti barocchi” (árias <strong>de</strong><br />

Han<strong>de</strong>l para Senesino), para a Sony<br />

Classical, <strong>de</strong> que po<strong>de</strong>remos ouvir<br />

alguns excertos no concerto da<br />

Gulbenkian.<br />

O regresso <strong>de</strong><br />

Murray Perahia<br />

Murray Perahia<br />

Com Murray Perahia (piano).<br />

Porto. Casa da Música. Pç. Mouzinho <strong>de</strong><br />

Albuquerque. 5ª às 19h30. Tel.: 220120220. 25€.<br />

Murray Perahia quase não precisa <strong>de</strong><br />

apresentações. Consi<strong>de</strong>rado um dos<br />

mais im<strong>por</strong>tantes pianistas do nosso<br />

tempo, tem cultivado ao longo <strong>de</strong> uma<br />

carreira <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> três décadas um<br />

estilo que se caracteriza <strong>por</strong> uma<br />

aproximação rigorosa ao texto<br />

original, pela sensibilida<strong>de</strong> poética e<br />

<strong>por</strong> um certo gosto pela sobrieda<strong>de</strong><br />

em <strong>de</strong>trimento do exibicionismo<br />

técnico gratuito. O primeiro prémio<br />

do Concurso Internacional <strong>de</strong> <strong>Le</strong>eds,<br />

em 1972, funcionou como rampa <strong>de</strong><br />

lançamento para o seu bem sucedido<br />

percurso internacional, marcado pela<br />

sólida reputação num repertório<br />

amplo que se esten<strong>de</strong> <strong>de</strong> Bach a<br />

Bartók. Entre as suas últimas<br />

gravações <strong>de</strong>staca-se o CD <strong>de</strong>dicado às<br />

Partitas nºs 2, 3 e 4, <strong>de</strong> Bach, na Sony<br />

Classics.<br />

De regresso a Portugal, on<strong>de</strong> tem<br />

tocado com alguma regularida<strong>de</strong>,<br />

Perahia apresenta no dia 15, na Casa<br />

da Música, um interessante programa<br />

que parte da repertório barroco (com<br />

a Partita nº6, <strong>de</strong> Bach) e termina com<br />

a influência barroca no Romantismo<br />

(com as “Variações sobre um tema <strong>de</strong><br />

Han<strong>de</strong>l”, <strong>de</strong> Brahms), passando <strong>por</strong><br />

Mozart (Sonata em Fá Maior, K. 332) e<br />

Beethoven (Sonata op. 57,<br />

“Appassionata”). No dia 18, o pianista<br />

repete as mesmas obras em <strong>Lisboa</strong>, na<br />

Gulbenkian. C.F.<br />

Contem<strong>por</strong>ânea<br />

Jonathan<br />

Harvey,<br />

o mestre da<br />

electrónica<br />

Jonathan Harvey será o compositor<br />

resi<strong>de</strong>nte da Casa da Música nesta tem<strong>por</strong>ada<br />

Primeiro concerto da<br />

residência do gran<strong>de</strong><br />

compositor britânico na<br />

Casa da Música. Cristina<br />

Fernan<strong>de</strong>s<br />

Remix Ensemble: Portrait<br />

Jonathan Harvey<br />

Direcção Musical: Peter Run<strong>de</strong>l.<br />

Com Hidéki Nagano (piano),<br />

Christophe Desjardins (viola), Simon<br />

Breyer (trompa), Sound Intermedia<br />

(informática musical).<br />

Porto. Casa da Música. Pç. Mouzinho <strong>de</strong><br />

Albuquerque. Sáb. às 21h. Tel.: 220120220. 10€.<br />

Durante a tem<strong>por</strong>ada <strong>de</strong> 2009, a Casa<br />

da Música terá como compositor<br />

resi<strong>de</strong>nte o britânico Jonathan<br />

Harvey, que cumpre este ano o seu<br />

70º aniversário. A panorâmica sobre<br />

a sua extensa produção inicia-se este<br />

sábado, às 21h, com um concerto<br />

pelo Remix Ensemble em<br />

colaboração com im<strong>por</strong>tantes<br />

solistas na área do repertório<br />

contem<strong>por</strong>âneo: Hidéki Nagano<br />

(piano), Christophe Desjardins (viola)<br />

e Simon Breyer (trompa). Um<br />

programa variado com obras para<br />

viola solo, concertos para diferentes<br />

instrumentos, peças para ensemble e<br />

electrónica preten<strong>de</strong> fazer um<br />

primeiro retrato da activida<strong>de</strong><br />

criativa <strong>de</strong> Harvey entre 1992 e 2003.<br />

Serão interpretadas as obras “Chant”,<br />

“Jubilus”, “Moving Trees”, “Bird<br />

Concerto with Pianosong”, com a<br />

estreia nacional <strong>de</strong> uma obra fora do<br />

comum <strong>de</strong> Ligeti: “Hamburg<br />

Concerto”, para trompa solo, quatro<br />

trompas naturais e ensemble.<br />

Nascido em 1939, em Sutton<br />

Coldfield, Jonathan Harvey foi<br />

menino <strong>de</strong> coro no St. Michael<br />

College <strong>de</strong> Tenbury - prática<br />

responsável pela sua forte afinida<strong>de</strong><br />

com a música polifónica da<br />

Renascença - e mais tar<strong>de</strong> estudou<br />

violoncelo, instrumento que se<br />

tornará bastante presente nas<br />

suas criações. Prosseguiu<br />

<strong>de</strong>pois a sua formação na<br />

Universida<strong>de</strong> Saint John <strong>de</strong><br />

Cambridge e trabalhou com<br />

Erwin Stein e Hans Keller<br />

(alunos <strong>de</strong> Schoenberg) <strong>por</strong><br />

conselho <strong>de</strong> Britten. O contacto<br />

com as novas tecnologias nos anos<br />

60 influenciou <strong>de</strong>cisivamente o seu<br />

percurso, sendo hoje consi<strong>de</strong>rado<br />

um dos mais imaginativos<br />

compositores na área da música<br />

electrónica. A sua produção<br />

abarca também géneros como a<br />

música coral “a capella”, o<br />

repertório para orquestra,<br />

música <strong>de</strong> câmara e música para<br />

instrumentos solistas.<br />

Pop<br />

O trovador<br />

eterno da<br />

Espanha livre<br />

Hoje, em <strong>Lisboa</strong>, Paco<br />

Ibáñez cantará várias<br />

canções do seu disco mas<br />

também várias outras do seu<br />

extenso re<strong>por</strong>tório. Nuno<br />

Pacheco<br />

Paco Ibañez<br />

Cenografia: Fre<strong>de</strong>ric Amat. Com<br />

Paco Ibañez (voz e guitarra).<br />

Encenação: Fre<strong>de</strong>ric Amat.<br />

<strong>Lisboa</strong>. Culturgest. R. Arco do Cego, Ed. CGD. 6ª às<br />

21h30. Tel.: 217905155. 20€. -30 anos: 5€.<br />

Paco Ibáñez vem cantar em Portugal<br />

e esse é um acontecimento raro que<br />

merece celebração. Não apenas<br />

<strong>por</strong>que são escassos os cantores<br />

espanhóis que aqui actuam mas<br />

também <strong>por</strong>que ele é um dos mais<br />

lendários representantes da Espanha<br />

que nunca abdicou da liberda<strong>de</strong>,<br />

mesmo quando vivia em ditadura.<br />

Nascido em Valência, em 1934,<br />

viveu muitos anos no exílio, em Paris,<br />

e foi aí que <strong>de</strong>scobriu a sua vocação<br />

<strong>de</strong> trovador, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> escutar<br />

Brassens e Atahualpa Yupanqui.<br />

Proscrito <strong>por</strong> Franco, cantou e canta<br />

ainda poetas como Lorca, Góngora,<br />

Alberti, Goytisolo, Celaya, Machado,<br />

Cernuda, Hérnan<strong>de</strong>z, Quevedo, Blas<br />

<strong>de</strong> Otero. Para ele, repetir hoje que “a<br />

poesia é uma arma carregada <strong>de</strong><br />

futuro” (título <strong>de</strong> um poema <strong>de</strong><br />

Gabriel Celaya que gravou) faz tanto<br />

sentido “quanto dizer que o mar<br />

existe e que cada vez o que vemos<br />

nos dá vida”.<br />

Pelo telefone, antes do concerto,<br />

Paco Ibáñez explica que é ainda a luta<br />

pela liberda<strong>de</strong> que o move. “É a<br />

condição fundamental. Porque cada<br />

palavra é já um acto. E qualquer passo<br />

que damos na vida, se não está<br />

baseado nessa liberda<strong>de</strong> em que<br />

acreditamos e que se converte em<br />

princípios e em critérios, é um passo<br />

em falso que há-<strong>de</strong> levar o vento.”<br />

Com vários discos gravados <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

1964 (a capa do primeiro ostentava<br />

um <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> Salvador<br />

Dalí, que se tornou<br />

seu amigo), o<br />

cantor lançou<br />

em 2008 um<br />

Paco Ibañez:<br />

a luta pela liberda<strong>de</strong><br />

ainda o move<br />

40 • Ípsilon • Sexta-feira 9 Janeiro 2009

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!