por Le Clézio revelado O mundo - Fonoteca Municipal de Lisboa
por Le Clézio revelado O mundo - Fonoteca Municipal de Lisboa
por Le Clézio revelado O mundo - Fonoteca Municipal de Lisboa
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Concertos<br />
O timbre escuro, a agilida<strong>de</strong>, o instinto<br />
teatral e o sentido <strong>de</strong> estilo <strong>de</strong> Marijana<br />
Mijanovic a<strong>de</strong>quam-se especialmente<br />
bem ao repertório dos antigos “castrati”<br />
Murray Perahia, consi<strong>de</strong>rado um dos<br />
melhores pianistas do nosso tempo<br />
Clássica<br />
Marijana<br />
Mijanovic,<br />
a voz do<br />
barroco<br />
O virtuosismo da música <strong>de</strong><br />
Han<strong>de</strong>l e Vivaldi. Cristina<br />
Fernan<strong>de</strong>s<br />
Marijana Mijanovic e Orquestra<br />
<strong>de</strong> Câmara <strong>de</strong> Basileia<br />
Com Marijana Mijanovic (meiosoprano).<br />
<strong>Lisboa</strong>. Fundação e Museu Calouste Gulbenkian. Av.<br />
Berna, 45A. Dom. às 19h00. Tel.: 217823700. 17,5€ a<br />
35€.<br />
Em 2009 passam 250 anos da morte<br />
<strong>de</strong> Han<strong>de</strong>l, efeméri<strong>de</strong> que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> já<br />
começa a ser assinalada <strong>por</strong> várias<br />
instituições musicais. O ciclo <strong>de</strong><br />
Música Antiga da Gulbenkian propõe,<br />
no domingo, um programa imperdível<br />
com a contralto Marijana Mijanovic e a<br />
Orquestra <strong>de</strong> Câmara <strong>de</strong> Basileia,<br />
on<strong>de</strong> se presta homenagem ao famoso<br />
“castrato” Francesco Bernardi (mais<br />
conhecido como Senesino), um dos<br />
intérpretes privilegiados <strong>de</strong> algumas<br />
das mais brilhantes óperas <strong>de</strong> Han<strong>de</strong>l.<br />
O programa contempla árias das<br />
óperas “Ro<strong>de</strong>linda”, “Orlando” e<br />
“Giulio Cesare” e três “Concerti<br />
Grossi”, <strong>de</strong> Han<strong>de</strong>l, mas reserva<br />
também lugar para Vivaldi, cuja<br />
escrita vocal testemunha igualmente a<br />
exuberância do virtuosismo barroco.<br />
Será possível ouvir árias da<br />
“Andromeda Liberata” e <strong>de</strong> “Orlando<br />
Furioso”, bem como a extraordinária<br />
cantata “Cessate, omai cessate”, uma<br />
das peças <strong>de</strong> eleição dos contraltos<br />
femininos e masculinos<br />
(contratenores) que se <strong>de</strong>dicam a este<br />
repertório. Esta obra conta com<br />
impressionantes interpretações em<br />
disco, das quais se <strong>de</strong>stacam as <strong>de</strong><br />
Andreas Scholl, Sara Mingardo ou da<br />
mezzo-soprano Anne Sophie von<br />
Otter.<br />
O timbre escuro, a agilida<strong>de</strong>, o<br />
instinto teatral e o sentido <strong>de</strong> estilo <strong>de</strong><br />
Marijana Mijanovic a<strong>de</strong>quam-se<br />
especialmente bem ao repertório dos<br />
antigos “castrati”. Nascida em Valjevo,<br />
na antiga Jugoslávia, causou sensação<br />
no meio musical quando se estreou na<br />
ópera “Il Ritorno d’Ulisse”, <strong>de</strong><br />
Monteverdi, no Festival <strong>de</strong> Aix-en-<br />
Provence <strong>de</strong> 2000, sob a direcção <strong>de</strong><br />
William Christie. Nos últimos anos<br />
converteu-se numa das mais<br />
requesitadas intérpretes <strong>de</strong> ópera<br />
barroca, contando com uma<br />
im<strong>por</strong>tante discografia que inclui<br />
títulos como “Bajazet”, “Montezuma”<br />
e “Tito Manlio”, <strong>de</strong> Vivaldi, e<br />
“Ro<strong>de</strong>linda” e “Giulio Cesare”, <strong>de</strong><br />
Han<strong>de</strong>l, sob a direcção <strong>de</strong> maestros<br />
como Alan Curtis, Mark Minkowski e<br />
Fabio Biondi. Recentemente, a<br />
cantora gravou o seu primeiro álbum<br />
a solo, “Affetti barocchi” (árias <strong>de</strong><br />
Han<strong>de</strong>l para Senesino), para a Sony<br />
Classical, <strong>de</strong> que po<strong>de</strong>remos ouvir<br />
alguns excertos no concerto da<br />
Gulbenkian.<br />
O regresso <strong>de</strong><br />
Murray Perahia<br />
Murray Perahia<br />
Com Murray Perahia (piano).<br />
Porto. Casa da Música. Pç. Mouzinho <strong>de</strong><br />
Albuquerque. 5ª às 19h30. Tel.: 220120220. 25€.<br />
Murray Perahia quase não precisa <strong>de</strong><br />
apresentações. Consi<strong>de</strong>rado um dos<br />
mais im<strong>por</strong>tantes pianistas do nosso<br />
tempo, tem cultivado ao longo <strong>de</strong> uma<br />
carreira <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> três décadas um<br />
estilo que se caracteriza <strong>por</strong> uma<br />
aproximação rigorosa ao texto<br />
original, pela sensibilida<strong>de</strong> poética e<br />
<strong>por</strong> um certo gosto pela sobrieda<strong>de</strong><br />
em <strong>de</strong>trimento do exibicionismo<br />
técnico gratuito. O primeiro prémio<br />
do Concurso Internacional <strong>de</strong> <strong>Le</strong>eds,<br />
em 1972, funcionou como rampa <strong>de</strong><br />
lançamento para o seu bem sucedido<br />
percurso internacional, marcado pela<br />
sólida reputação num repertório<br />
amplo que se esten<strong>de</strong> <strong>de</strong> Bach a<br />
Bartók. Entre as suas últimas<br />
gravações <strong>de</strong>staca-se o CD <strong>de</strong>dicado às<br />
Partitas nºs 2, 3 e 4, <strong>de</strong> Bach, na Sony<br />
Classics.<br />
De regresso a Portugal, on<strong>de</strong> tem<br />
tocado com alguma regularida<strong>de</strong>,<br />
Perahia apresenta no dia 15, na Casa<br />
da Música, um interessante programa<br />
que parte da repertório barroco (com<br />
a Partita nº6, <strong>de</strong> Bach) e termina com<br />
a influência barroca no Romantismo<br />
(com as “Variações sobre um tema <strong>de</strong><br />
Han<strong>de</strong>l”, <strong>de</strong> Brahms), passando <strong>por</strong><br />
Mozart (Sonata em Fá Maior, K. 332) e<br />
Beethoven (Sonata op. 57,<br />
“Appassionata”). No dia 18, o pianista<br />
repete as mesmas obras em <strong>Lisboa</strong>, na<br />
Gulbenkian. C.F.<br />
Contem<strong>por</strong>ânea<br />
Jonathan<br />
Harvey,<br />
o mestre da<br />
electrónica<br />
Jonathan Harvey será o compositor<br />
resi<strong>de</strong>nte da Casa da Música nesta tem<strong>por</strong>ada<br />
Primeiro concerto da<br />
residência do gran<strong>de</strong><br />
compositor britânico na<br />
Casa da Música. Cristina<br />
Fernan<strong>de</strong>s<br />
Remix Ensemble: Portrait<br />
Jonathan Harvey<br />
Direcção Musical: Peter Run<strong>de</strong>l.<br />
Com Hidéki Nagano (piano),<br />
Christophe Desjardins (viola), Simon<br />
Breyer (trompa), Sound Intermedia<br />
(informática musical).<br />
Porto. Casa da Música. Pç. Mouzinho <strong>de</strong><br />
Albuquerque. Sáb. às 21h. Tel.: 220120220. 10€.<br />
Durante a tem<strong>por</strong>ada <strong>de</strong> 2009, a Casa<br />
da Música terá como compositor<br />
resi<strong>de</strong>nte o britânico Jonathan<br />
Harvey, que cumpre este ano o seu<br />
70º aniversário. A panorâmica sobre<br />
a sua extensa produção inicia-se este<br />
sábado, às 21h, com um concerto<br />
pelo Remix Ensemble em<br />
colaboração com im<strong>por</strong>tantes<br />
solistas na área do repertório<br />
contem<strong>por</strong>âneo: Hidéki Nagano<br />
(piano), Christophe Desjardins (viola)<br />
e Simon Breyer (trompa). Um<br />
programa variado com obras para<br />
viola solo, concertos para diferentes<br />
instrumentos, peças para ensemble e<br />
electrónica preten<strong>de</strong> fazer um<br />
primeiro retrato da activida<strong>de</strong><br />
criativa <strong>de</strong> Harvey entre 1992 e 2003.<br />
Serão interpretadas as obras “Chant”,<br />
“Jubilus”, “Moving Trees”, “Bird<br />
Concerto with Pianosong”, com a<br />
estreia nacional <strong>de</strong> uma obra fora do<br />
comum <strong>de</strong> Ligeti: “Hamburg<br />
Concerto”, para trompa solo, quatro<br />
trompas naturais e ensemble.<br />
Nascido em 1939, em Sutton<br />
Coldfield, Jonathan Harvey foi<br />
menino <strong>de</strong> coro no St. Michael<br />
College <strong>de</strong> Tenbury - prática<br />
responsável pela sua forte afinida<strong>de</strong><br />
com a música polifónica da<br />
Renascença - e mais tar<strong>de</strong> estudou<br />
violoncelo, instrumento que se<br />
tornará bastante presente nas<br />
suas criações. Prosseguiu<br />
<strong>de</strong>pois a sua formação na<br />
Universida<strong>de</strong> Saint John <strong>de</strong><br />
Cambridge e trabalhou com<br />
Erwin Stein e Hans Keller<br />
(alunos <strong>de</strong> Schoenberg) <strong>por</strong><br />
conselho <strong>de</strong> Britten. O contacto<br />
com as novas tecnologias nos anos<br />
60 influenciou <strong>de</strong>cisivamente o seu<br />
percurso, sendo hoje consi<strong>de</strong>rado<br />
um dos mais imaginativos<br />
compositores na área da música<br />
electrónica. A sua produção<br />
abarca também géneros como a<br />
música coral “a capella”, o<br />
repertório para orquestra,<br />
música <strong>de</strong> câmara e música para<br />
instrumentos solistas.<br />
Pop<br />
O trovador<br />
eterno da<br />
Espanha livre<br />
Hoje, em <strong>Lisboa</strong>, Paco<br />
Ibáñez cantará várias<br />
canções do seu disco mas<br />
também várias outras do seu<br />
extenso re<strong>por</strong>tório. Nuno<br />
Pacheco<br />
Paco Ibañez<br />
Cenografia: Fre<strong>de</strong>ric Amat. Com<br />
Paco Ibañez (voz e guitarra).<br />
Encenação: Fre<strong>de</strong>ric Amat.<br />
<strong>Lisboa</strong>. Culturgest. R. Arco do Cego, Ed. CGD. 6ª às<br />
21h30. Tel.: 217905155. 20€. -30 anos: 5€.<br />
Paco Ibáñez vem cantar em Portugal<br />
e esse é um acontecimento raro que<br />
merece celebração. Não apenas<br />
<strong>por</strong>que são escassos os cantores<br />
espanhóis que aqui actuam mas<br />
também <strong>por</strong>que ele é um dos mais<br />
lendários representantes da Espanha<br />
que nunca abdicou da liberda<strong>de</strong>,<br />
mesmo quando vivia em ditadura.<br />
Nascido em Valência, em 1934,<br />
viveu muitos anos no exílio, em Paris,<br />
e foi aí que <strong>de</strong>scobriu a sua vocação<br />
<strong>de</strong> trovador, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> escutar<br />
Brassens e Atahualpa Yupanqui.<br />
Proscrito <strong>por</strong> Franco, cantou e canta<br />
ainda poetas como Lorca, Góngora,<br />
Alberti, Goytisolo, Celaya, Machado,<br />
Cernuda, Hérnan<strong>de</strong>z, Quevedo, Blas<br />
<strong>de</strong> Otero. Para ele, repetir hoje que “a<br />
poesia é uma arma carregada <strong>de</strong><br />
futuro” (título <strong>de</strong> um poema <strong>de</strong><br />
Gabriel Celaya que gravou) faz tanto<br />
sentido “quanto dizer que o mar<br />
existe e que cada vez o que vemos<br />
nos dá vida”.<br />
Pelo telefone, antes do concerto,<br />
Paco Ibáñez explica que é ainda a luta<br />
pela liberda<strong>de</strong> que o move. “É a<br />
condição fundamental. Porque cada<br />
palavra é já um acto. E qualquer passo<br />
que damos na vida, se não está<br />
baseado nessa liberda<strong>de</strong> em que<br />
acreditamos e que se converte em<br />
princípios e em critérios, é um passo<br />
em falso que há-<strong>de</strong> levar o vento.”<br />
Com vários discos gravados <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
1964 (a capa do primeiro ostentava<br />
um <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> Salvador<br />
Dalí, que se tornou<br />
seu amigo), o<br />
cantor lançou<br />
em 2008 um<br />
Paco Ibañez:<br />
a luta pela liberda<strong>de</strong><br />
ainda o move<br />
40 • Ípsilon • Sexta-feira 9 Janeiro 2009