saúde sexual e reprodutiva de mulheres imigrantes africanas e ...

pouca frequência a estes serviços: «Eu não faço nada de consulta de planeamento, eunão faço isso.» (participante africana); «(…) não tenho homem, não tenho nada a vercom essas coisas.» (participante africana).As brasileiras, por outro lado, procuram os serviços, mas queixam-se que estes não estão,muitas vezes, aptos a dar respostas às necessidades sentidas:(…) no centro de saúde, para você ver o seu problema resolvido você demora algunsmeses. Eu estou com uma médica a fazer planeamento, ela me pediu para fazer váriosexames, e os exames ficam prontos dentro de três semanas (…) então é assim, até láeu vou-me segurando, essa parte é meio complicada. (participante brasileira)Eu passei por uma experiência (…) que eu aí fazer uma inseminação artificial e estoumesmo querendo fazer. E eu disse: (…) «Quero fazer inseminação artificial.» E ela paramim: «Você julga que é assim? Chega, senta, é muito simpática e quer fazer inse mi -nação artificial? Pensa que as coisas são assim? (…) Problemas já eu tenho muitos, nãome venha arranjar mais um. Você já tem três [filhos], para que quer mais?» Eu disse:«Mas não sou eu, é ele.» E ela: «Então manda ele arranjar outra mulher que com vocêjá não dá.» (participante brasileira)Em relação à utilização dos serviços de saúde sexual e reprodutiva, algumas participantesafirmam não recorrer regularmente a estes serviços nem realizar os exames de rotina coma periodicidade adequada:Eu só fui ao médico. Ao ginecologista eu não fui. (participante brasileira)[Sobre o exame de Papanicolau] eu nunca fiz. O acompanhamento foi só na gravidez. (…)depois de estar grávida, nunca fiz esse exame. Como se chama? (participante brasileira)(…) foi a primeira vez na vida que fiz o exame Papanicolau. Eu nunca tinha feito. Eusei que tem poucos médicos aqui nesta área para atender, não é só comigo, é com todaa gente (…). (participante brasileira)Saúde Sexual e Reprodutiva de Mulheres Imigrantes Africanas e Brasileiras: um estudo qualitativo (107)