saúde sexual e reprodutiva de mulheres imigrantes africanas e ...

No entanto, um grupo de participantes brasileiras concorda com a prática de IVG:Eu não sei o que é pior, se é o aborto ou deixar a criança nascer (…), porque às vezesquerem abortar e não conseguem. Quando a criança nasce, começa o sofrimento damãe, que rejeita a criança, às vezes maltrata, bate, espanca. Tem alguns que morremde tanto o pai e a mãe espancarem. (participante brasileira)Este grupo considera ainda que não é adequado julgar as outras mulheres a partir dosseus próprios valores:(…) não sou contra quem faz, porque cada um sabe de si, porque é muito fácil dizer:«você não deve fazer o aborto». Mas quem tem de decidir isso é você. (participantebrasileira)Eu não sou contra (…) porque a pessoa tem o livre arbítrio, ela tem o direito de decidirse ela quer ter o filho, se ela quer ver o filho passar por tudo isso, se ela quer passarpor tudo isso. (participante brasileira)(…) no caso de uma mulher sofrer uma violência sexual, ela não é obrigada a ter umfilho (…). Agora eu também não acho certo colocar uma criança no mundo a sofrer,por isso é ser contra ou a favor é relativo. A gente não pode julgar e dizer que aquelapessoa fez um aborto e é uma coisa horrorosa. A gente tem de perguntar qual foi asituação que as coisas aconteceram. (participante brasileira)Neste contexto, estas mulheres revelam concordar com a legalização da IVG:(…) as pessoas quando não podem, não tem, e ainda bem que legalizaram isso, porqueestar a fazer às escondidas. (…) eu concordo, tudo bem feitinho, com os médicos ali,eu concordo. (participante africana)(…) podem fazer nos hospitais quem quiser, aqui já foi aprovado. (participante africana)No decurso dos grupos focais, muitas participantes relatam experiências de IVG vividasSaúde Sexual e Reprodutiva de Mulheres Imigrantes Africanas e Brasileiras: um estudo qualitativo (87)