saÃºde sexual e reprodutiva de mulheres imigrantes africanas e ...

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O diagnóstico precoce de VIH/Sida e outras IST pode ter um importante impacto nas estratégiasde controlo da infecção junto das populações (UNAIDS, 2004). Um diagnósticoatempado permite o acesso a cuidados e tratamento adequados, minimizando os custosassociados e optimizando os resultados em saúde. O diagnóstico pode promover a adop -ção de estratégias individuais de prevenção e reduzir progressivamente a transmissão dainfecção, com impacto na morbilidade e mortalidade dos indivíduos (Burns et al., 2001e 2007; Ehrlich e Organista, 2007; Fernández et al., 2002; IOM, 2005; Levy et al.,2007; Wolffers, Verghis e Marin, 2003).A falta de informação adequada pode levar à adopção de comportamentos de risco e a umdesconhecimento por parte das populações imigrantes sobre as vantagens de umdiagnóstico e tratamento precoce. Como resultado, e de acordo com alguns estudos, aspopulações imigrantes tendem a recorrer aos serviços de diagnóstico do VIH num estadomais avançado da doença (AHPN, 2006; Burns et al.; 2007; Erwin et al., 2002; Eu ro -pean Project AIDS and Mobility, 2000; Fernández et al., 2002; IOM, 2005; Saracino etal., 2005).O acesso aos serviços e cuidados de saúde das populações imigrantes com IST pode sercondicionado por factores culturais e relacionados com o estigma associado a este tipo dedoenças (Janssens, Bosmans e Temmerman, 2005). Por exemplo, as mulheres imigrantespodem não querer falar sobre sexualidade e IST na presença de um intérprete, por seremte máticas sensíveis (com diferentes significados para várias comunidades) (EuropeanProject AIDS and Mobility, 2000). O receio de ser alvo de estigmatização e discriminaçãoassociadas à seropositividade pode levar a que os pacientes evitem revelar o seu estadoepidemiológico (European Project AIDS and Mobility, 2000). Ndirangu e Evans (2008)concluíram, no seu estudo sobre as experiências de mulheres imigrantes africanas, que oes tigma associado a doenças como o VIH/Sida pode agir muitas vezes como uma barreiraao acesso a cuidados de saúde. O estudo realizado por Anderson e Doyal (2004) constataigualmente que o estigma age como barreira ao tratamento da doença. No caso daspopulações imigrantes, este estigma pode ser reforçado pela precariedade social em quefrequentemente se encontram.Saúde Sexual e Reprodutiva de Mulheres Imigrantes Africanas e Brasileiras: um estudo qualitativo (49)
2.4. ViolênciaA violência contra as mulheres é actualmente considerada uma violação de direitos hu ma -nos fundamentais, e os danos físicos, sexuais e psicológicos associados tendem a reforçara subordinação feminina e a perpetuar o controlo e poder masculinos (UNHCR, 2003).Os homens e os rapazes são também vítimas de violência, no entanto, as estatísticas de -monstram que as mulheres e as raparigas são a maioria das vítimas deste tipo de violência(Archer, 2006).Apesar da variabilidade das estimativas de prevalência da violência nas mulheres, estima--se que entre 13% e 61% de mulheres em todo o mundo sofreram algum tipo de mautrato físico por parte do seu parceiro, em algum momento da sua vida (Carrasco-Portiño,Vives-Cases, Gil-González e Álvarez-Dardet, 2007; Garcia-Moreno, Jansen, Ellsberg, Hei -se e Watts, 2006).Em Portugal, dados indicam que em 2007 recorreram à Associação Portuguesa de Apoioà Vítima (APAV) 6130 mulheres vítimas de violência (APAV, 2008). No que respeita à informação sobre a ocorrência de violência nas comunidades imigrantes, a Unidade deApoio à Vitima Imigrante e de Discriminação Racial ou Étnica (UAVIDRE) tem reportadoum aumento do número de denúncias de casos de violência doméstica de mulheres imigrantes(ACIDI 5 ). Em 2007, do total de vítimas registadas pela UAVIDRE, a comunidadeimigrante mais afectada foi a brasileira, seguindo-se a angolana, a guineense e a cabo--verdiana (ACIDI 6 ).Vários factores têm sido associados à violência nas mulheres e, em particular, à vio lênciadoméstica, como sejam as condições sociais, as desigualdades de género, as re la çõesconjugais e familiares conflituosas, os distúrbios psicopatológicos e o abuso de álcool edro gas (Ruiz-Pérez, Blanco-Prieto e Vives-Cases, 2004; Blanco, Ruiz-Jarabo, Vinuesa eMartín-García, 2004). Tal como já foi referido ante rio r men -te, nos processos migratórios verifica-se muitas vezes umamaior probabilidade de fraco poder de decisão, opor tu ni da -des limitadas para adoptar comportamentos saudáveis e si -5 http://www.acidi.gov.pt/modules.php?name=News&file=article&sid=17726 http://www.acidi.gov.pt/modules.php?name=News&file=article&sid=1772(50) Saúde Sexual e Reprodutiva de Mulheres Imigrantes Africanas e Brasileiras: um estudo qualitativo
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