saúde sexual e reprodutiva de mulheres imigrantes africanas e ...

comida, limpar a casa, não tinha mais nada para fazer, mas aqui tenho de trabalhar.(participante africana)(…) acaba por privar o filho da convivência da qual a gente foi habituada, porque nas -cemos em família, tem lá os tios, os avós. Lá, no nosso país, geralmente a gente con -se gue viver junto da família e a família ajuda a criar. (…) quando vem a ter filhos aquipassa pelas dificuldades. (…) eu acho que muita gente até pensa e vai e volta naquestão de ter filhos também por isso, pelas dificuldades e por não conseguir associaresse acontecimento em família. (participante brasileira)Mesmo que a gente quer, aqui não dá. Porque a gente tem de pagar ama, quase o or -de nado que a gente ganha (…). Se já tem, a gente tem de aguentar isso. Mas paramim esses quatro dá, chega e sobra. (participante africana)Para as participantes africanas, a gravidez e a tomada de decisão de ter filhos está muitoassociada às dificuldades encontradas no país de acolhimento:Eu sou mãe solteira, por isso não quero ter mais filhos. Porque eu aqui pensava queen contrava ajuda, para organizar a vida dos meus filhos, [ao invés de] ajuda, aindaarranjei mais filho. Tinha três, pensava que chegava e veio esse filho. E eu não queria.(participante africana)(…) a gravidez indesejada é uma preocupação muito grande, porque hoje em dia parasustentar tantos filhos, é um caso sério. (participante africana)3.7. Interrupção voluntária da gravidez (IVG)A temática da interrupção voluntária da gravidez (IVG) não foi abordada espontaneamentepelas participantes em nenhum dos grupos focais realizados. No entanto, depois de intro -duzida nas discussões, esta temática tornou-se uma das mais debatidas pelas par ti ci pan -tes. Ao longo dos discursos, é possível perceber que a maioria das participantes não con -corda com a prática de IVG:Saúde Sexual e Reprodutiva de Mulheres Imigrantes Africanas e Brasileiras: um estudo qualitativo (85)