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Organização do trabalho:uma mudança de paradigmaMarcia de Paula Leite acredita que é possível pensar em uma legislação que melhorea situação do mercado de trabalho atual. E cita, pontualmente, a regulamentação daterceirizaçãoPor Graziela WolfartIHU On-Line – Quais são as permanênciase rupturas do novo chãode fábrica? O que o caracteriza hojeem comparação com o cenário de 30anos atrás?Marcia de Paula Leite – Desde adécada de 1980 mudou muita coisa. Aforma de organização do trabalho mudoumuito. Em termos de organizaçãodo trabalho, nós efetivamente mudamosde paradigma. Aquele sistemaque tínhamos de divisão do trabalhomuito rígida, dentro da fábrica, comuma organização taylorista e fordistado trabalho, está sendo transformadoe substituído por novas formas de organizaçãodo trabalho mais baseadasnos princípios japoneses. Essas novastécnicas mudam a forma de a fábricaproduzir. Hoje temos uma organizaçãoNa opinião da professora Marcia dePaula Leite, o aumento dos postos detrabalho formais, com carteira assinada,não representa o fim do trabalho precarizado.“Estamos tendo uma melhoria nosentido de que há mais trabalho com carteiraassinada. No entanto, segundo alguns estudos,a maior parte desses novos empregospaga até dois salários mínimos. Isso mostrauma precariedade. Não estamos vivendo umprocesso de precarização, porque a situaçãoestá melhorando. Apesar de o salário mínimoter aumentado de forma significativanos últimos anos, ainda é um salário baixo”.Na entrevista a seguir, concedida à IHU On--Line por telefone, a professora percebe que,desde a década de 1980, “a forma de organizaçãodo trabalho mudou muito. Em termosde organização do trabalho, nós efetivamenteda produção que vai de trás para frente,quando comparamos com os princípiostayloristas e fordistas. A fábricacomeça a funcionar a partir do pedido.Ao contrário de antigamente, quandoas fábricas produziam a partir da entradada matéria-prima, porque o mercadoera garantido. O que permanece éo princípio básico do capitalismo, queé a necessidade de sempre aumentara produtividade, diminuir os temposmortos e aumentar o lucro. Isso fazcom que continue havendo controlesobre os trabalhadores para que elesproduzam a maior quantidade possívelno menor tempo possível. No entanto,as formas de controle mudaram.IHU On-Line – Como seriam essasnovas formas de controle?mudamos de paradigma”. O que permanece,continua, “é o princípio básico do capitalismo,que é a necessidade de sempre aumentar aprodutividade, diminuir os tempos mortose aumentar o lucro. Isso faz com que continuehavendo controle sobre os trabalhadorespara que eles produzam a maior quantidadepossível no menor tempo possível. No entanto,as formas de controle mudaram”.Márcia de Paula Leite possui graduaçãoem Ciências Sociais pela Universidade de SãoPaulo – USP, mestrado em Ciência Políticapela Universidade Estadual de Campinas –Unicamp e doutorado em Sociologia pela USP.Atualmente é professora da Unicamp. É coautorade, entre outros, Novas configurações dotrabalho e economia solidária (São Paulo: Annablume,2012).Confira a entrevista.Marcia de Paula Leite – Temos ocontrole pelas máquinas, que é muitomaior. Nas equipes de trabalho ocontrole passa a ser dos próprios colegas,porque muitas vezes as empresasfazem competição e comparaçãoentre as equipes. Além disso, temosas metas e participação nos lucros eresultados, o que causa o controledos companheiros de equipe para queninguém saia perdendo. Por exemplo,o colega pressiona você por sua paradaa fim de tomar um café, e issodiminui a produção. Trata-se de umcontrole efetivo.IHU On-Line – O que significa, naprática, o aumento dos postos de trabalhoformais, com carteira assinada?É o fim do trabalho precarizado?Tema de Capa www.ihu.unisinos.brEDIÇÃO 416 | SÃO LEOPOLDO, 29 DE ABRIL DE 201311

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