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Ser-mercadoria num momentohistórico de crise radical daforma-mercadoriaGiovanni Alves confirma que desde o começo da década de 2000 alterou-se de formasignificativa a morfologia do trabalho industrial no Brasil por conta das inovaçõestecnológicas e organizacionaisPor Graziela WolfartSegundo a reflexão do professor GiovanniAlves, em entrevista concedida por e--mail à IHU On-Line, a década de 2000foi de reorganização do capitalismo brasileirocom as grandes empresas aumentando investimentosprodutivos, reordenando suas estratégiasde negócios na perspectiva da concorrênciainternacional acirrada. Para ele, o quese coloca hoje é “a formação da consciência declasse e, portanto, a formação da classe socialcapaz de promover mudanças históricas profundasno Brasil”. Seguindo seu raciocínio, eleafirma que “na época de crise estrutural docapital, a renúncia do sindicalismo à formaçãoda consciência de classe é deveras muito perversa,pois o que a história está cada vez maismostrando é que não existe futuro com o capitalismo”.E dispara: “a ‘captura’ da subjetividadedo trabalho vivo adquiriu dimensõesamplas e intensivas. A lógica da gestão toyotizadainvadiu não apenas o chão de fábrica,mas os escritórios e repartições públicas e atéIHU On-Line – Como a revoluçãotecnológica tem afetado o chão defábrica, pensando na realidade brasileirados últimos anos?Giovanni Alves – As grandes fábricasno Brasil têm passado por profundastransformações produtivasnos últimos anos. Desde o começo dadécada de 2000 alterou-se de formasignificativa a morfologia do trabalhoindustrial no Brasil por conta das inovaçõestecnológicas e organizacionais.Nos polos mais desenvolvidos da indústria– e também do setor de serviços,as novas tecnologias informáticasde base microeletrônica e tecnologiasinformacionais em rede alteraram oprocesso de produção de mercadoriase a organização dos serviços dedistribuição e serviços financeiros etelecomunicações.Se a década de 1990 foi a décadada reestruturação produtiva que atingiude forma disruptiva o mundo docapital e, por conseguinte, o mundodo trabalho no Brasil, então a décadade 2000 foi a década de reorganizaçãodo capitalismo brasileiro com asa vida cotidiana (no plano léxico-locucional,por exemplo, trabalhador assalariado tornou--se mero ‘colaborador’, linguagem apropriadapor lideranças sindicais). Enfim, a reestruturaçãoprodutiva assumiu novas dimensões noplano do controle laboral”.Giovanni Alves é professor da Faculdadede Filosofia e Ciências do Departamento deSociologia e Antropologia da UniversidadeEstadual Paulista Júlio de Mesquita Filho -Unesp, Campus de Marília. Livre-docente emteoria sociológica, é mestre em Sociologia edoutor em Ciências Sociais pela Unicamp.Atualmente, desenvolve o projeto de pesquisa“A derrelição de Ícaro - Sonhos, expectativase aspirações de jovens empregadosdo novo (e precário) mundo do trabalho noBrasil (2003-2013)”. É autor de, entre outros,Dimensões da Precarização do Trabalho - Ensaiosde sociologia do trabalho (Bauru: Práxis,2013).Confira a entrevista.grandes empresas aumentando investimentosprodutivos, reordenandosuas estratégias de negócios na perspectivada concorrência internacionalacirrada.A ofensiva do capital adquiriuuma dimensão progressiva no sentidodo investimento não apenas emcapital fixo, mas principalmente investimentosem novas estratégias organizacionaise de gestão da força detrabalho. Nesse sentido, disseminou--se o que eu denomino o “espírito” dotoyotismo, que assumiu um caráterTema de Capa www.ihu.unisinos.brEDIÇÃO 416 | SÃO LEOPOLDO, 29 DE ABRIL DE 201313

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