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“Não é possível ser solidário unilateralmente”.Charles Taylor e o debate liberais-comunitáriosNo segundo dia do Debate liberais-comunitários:Colóquio com CharlesTaylor, na quinta-feira, 25-04-2013 6 ,o filósofo canadense iniciou sua explanaçãofalando sobre os bens irredutivelmentesociais, tensionando a partirdesse conceito como pode se constituiruma teoria crítica da política liberal. Areportagem é de Márcia Junges.De acordo com Taylor, John Rawlsafirma que a principal virtude deuma sociedade é que ela seja justaem termos de bens que podem serdistribuídos, como a prosperidade,bem-estar econômico e bem-estar nacional.Os bens não distributíveis sãoa amizade e o amor, o que Taylor chamoude bens de comunhão. Os bensirredutivelmente sociais incluem:1) A confiança social – em democraciasricas e bem sucedidas não falamossobre isso porque trata-se quasede um pressuposto, disse Taylor. “Masestamos prestes a perder essa prerrogativa.Achamos que podemos confiaruns aos outros, quando reina umadesconfiança mútua ubíqua. Contudo,esse bem pode e deve ser partilhado”.2) Comunalidade – refere-se aograu em que nos sentimos parceirosem um empreendimento na sociedade.Trata-se de algo análogo, porémmais fraco, à amizade descrita porAristóteles no livro VII da Ética. Podem-seter graus de comunalidade econfiança diferentes na sociedade.3) Solidariedade – estamos dispostosa colaborar com o Outro? Nos EUAexiste uma grande solidariedade emrelação a certas coisas, como em desastresnaturais. Já em casos de problemaspessoais como perda de emprego ouproblemas de saúde, o nível de ajuda éextremamente baixo. “Mas não é possívelser solidário unilateralmente”, relembrouo filósofo canadense.6 A matéria foi publicada também no sítiodo Instituto Humanitas Unisinos – IHU.Confira no link http://bit.ly/12rMcip.(Nota da IHU On-Line)EDIÇÃO 416 | SÃO LEOPOLDO, 29 DE ABRIL DE 2013A grande ousadia da modernidadeAlgo a ser desfrutado coletivamentecompreende os recursos deposses coletivas, cujo bem é passívelde distribuição, como o petróleo, nocaso do Canadá e Brasil. Por outrolado, existem recursos culturais quefazem parte da língua e cultura. O queaconteceria se perdêssemos a grandetradição musical do Ocidente? Issoocorre quando culturas menores sãoabsorvidas por maiores. É estranhocomo na disseminação da música ocidentalpelo mundo esta marginalizaaquela originária dos outros países. NaÍndia as pessoas gostam de Beethovene Mozart, mas mantêm seus gostos etradições musicais originários.A cultura e a língua continuamexistindo porque são intercambiadasconstantemente na sociedade. Mastambém é assim que as línguas desaparecem,pontuou Charles Taylor,referindo-se ao ocaso de idiomas depovos originários do Canadá. E o queisso pode significar para a teoria política?Existe uma tendência na teoriapolítica analítica anglo-saxã em termosde conceber a política em termosindividuais e bens individuais.Na obra La societé des égaux 7 (Paris:Editions du Seuil, 2013. 432 pages ),de Pierre Rosanvalon 8 é exposto o desenvolvimentoda democracia a partirda revolução americana e francesa, e osaltos e baixos da ética subjacente a elas.Esse nível de igualdade é vivido pelaspessoas envolvidas no projeto democrático.Somos parceiros iguais no empreendimentocoletivo da sociedade.A ideia da democracia moderna,na qual todas as pessoas são membrosdo empreendimento em pé de7 Confira a entrevista sobre a obra nosítio do IHU On-Line no link http://bit.ly/18ewEz4.8 Pierre Rosanvallon (1948): historiador eintelectual francês cuja obra se dedica ahistória da democracia com base no modelopolítico francês, o papel do Estado ea questão da justiça social nas sociedadescontemporâneas. (Nota da IHU On-Line)igualdade é a grande ousadia da modernidade,garantiu Taylor. A grandeaposta da democracia modernaé que todos deveriam ser incluídosem termos de igualdade. “Existeuma impressão compartilhada entrea população de que somos cidadãosiguais. Essa percepção aflora e passapara um segundo plano frente apercepções de desigualdade. Isso éessencial da própria democracia ocidental”,frisou o pensador. “Há umadificuldade entre os grupos de se vereme entenderem como parceiros.A igualdade de distribuição é importantena democracia, mas é precisoalgo ainda maior. Trata-se dos bensirredutivelmente sociais”.SupernormatividadeSomos obrigados a passar deuma noção puramente normativa eindividual para uma outra que examinaas condições da realização dasnormas. Essa teoria também colocaem primeiro plano certos bens sociaisirredutíveis. Não teremos o tipode sociedade que queremos a menosque tenhamos muita solidariedade,confiança mútua, comunalidade. Nãochegamos nem sequer perto daquelasnormas, e precisamos ter uma teoriaque dê conta disso.E o que move essa supernormatividadee concentração? É umaconcepção profunda e defeituosado raciocínio, da razão. Em RichardDawkins 9 lemos que o direito é mais9 Clinton Richard Dawkins (1941): zoólogo,etólogo, evolucionista e escritor britânico,nascido no Quênia. Catedráticoda Universidade de Oxford, é conhecidoprincipalmente pela sua visão evolucionistacentrada no gene, exposta emseu livro O gene egoísta, publicado em1976. O livro também introduz o termo“meme”, o que ajudou na criação da memética.Em 1982, realizou uma grandecontribuição à ciência da evolução coma teoria, apresentada em seu livro O fenótipoestendido. Desde então escreveuoutros livros sobre evolução e apareceuem vários programas de televisão e rádiopara falar de temas como biologiaevolutiva, criacionismo, religião. Por suaIHU em Revista www.ihu.unisinos.br57

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