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Entrevista de EventosA ciência em ação de Bruno LatourA antropóloga e pesquisadora Leticia de Luna Freire fará palestra na Unisinos no dia02-05-2013, integrando o I Seminário do XIV Simpósio Internacional IHUPor Ricardo Machadonão está interessado na Ciênciacom ‘C’ maiúsculo, que seria a ciência“Latourpronta e acabada, mas na ciência com‘c’ minúsculo, ou seja, na ciência em construção”,explica Leticia de Luna Freire em entrevista pore-mail à IHU On-Line. A palestra da professoraLeticia, que ocorre na quinta-feira, às 19h30, naSala Ignacio Ellacuría e Companheiros, no IHU,integra o ciclo de debates que antecede ao XIVSimpósio Internacional IHU – Revoluções Tecnocientíficas,Culturas, Indivíduos e Sociedades.IHU On-Line – O que é ciênciaem Bruno Latour 1 ?Leticia de Luna Freire – Comocoloca claramente, sobretudo no livroA ciência em ação (São Paulo: UNESP,2000. 438 páginas) Latour não está interessadona Ciência com “C” maiúsculo,que seria a ciência pronta e acabada,mas na ciência com “c” minúsculo, ouseja, na ciência em construção. Sua propostaé investigar como se dá, na prática,o processo de construção dos fatoscientíficos, em seus mínimos detalhes,em cada gesto dos cientistas, dentro efora dos seus laboratórios, com o mesmoestranhamento e observação dedicadacom que os antropólogos estudavamos chamados povos “selvagens”.Com sua “antropologia das ciências”,1 Bruno Latour (1947): filósofo francês, éum dos fundadores dos chamados EstudosSociais da Ciência e Tecnologia (ESCT). Éreconhecido, entre outros trabalhos, porsua contribuição teórica - ao lado de outrosautores como Michel Callon e JohnLaw - no desenvolvimento da ANT - ActorNetwork Theory (Teoria ator-rede) que,ao analisar a atividade científica, consideratanto os atores humanos como osnão humanos, estes últimos devido à suavinculação ao princípio de simetria generalizada.(Nota da IHU On-Line)EDIÇÃO 416 | SÃO LEOPOLDO, 29 DE ABRIL DE 2013Latour busca estudar a produção de verdadenas sociedades contemporâneas,e a ciência, ao lado de outras esferascomo o direito, por exemplo, é, nessesentido, crucial. Afinal, quem hoje questionao formato de dupla hélice do DNA,a eficácia da penicilina, a existência dacamada de ozônio ou mesmo a existênciado inconsciente?Leticia de Luna Freire é antropóloga, pesquisadorado Laboratório de Etnografia Metropolitana– LeMetro/IFCS-UFRJ, do Instituto Nacionalde Estudos em Administração Institucional deConflitos – InEAC-UFF e do Grupo de PesquisaEntre-Redes – UERJ. Além disso, é pós-doutorandado Programa de Pós-Graduação em Antropologiada Universidade Federal Fluminense– PPGA-UFF.Confira a entrevista.IHU On-Line – Os trabalhos deBruno Latour buscam compreenderas ciências como consequência dasociedade e vice-versa. Como explicaro trabalho do autor e da pesquisanesse sentido?Leticia de Luna Freire – Diante doque foi dito cima, Latour vai se interessarjustamente pelas controvérsias edisputas que ocorreram antes dessesenunciados científicos se legitimaremcomo “fatos”, tornando-se, para nós,inquestionáveis, pelo menos até queum novo argumento surja colocando--os novamente em xeque. Utilizandouma metáfora do próprio Latour, estaé uma abordagem que se volta paraos objetos enquanto eles ainda estão“quentes”, cabendo ao pesquisador seguiros atores em ação, sejam eles cientistas,políticos, moléculas, vegetaisou qualquer outra coisa que produzaefeito, diferença. Parte-se do princípiode que há uma permeabilidade entreo lado de “dentro” e o lado de “fora”do laboratório, ou seja, que há umarelação direta entre o que um cientistafaz em seus experimentos e o queele faz politicamente, atuando juntoàs agências de fomento à pesquisa, àsinstituições acadêmicas, às instânciasreguladoras governamentais, etc., etodo esse coletivo faz parte da ciência,que passa a ser aqui entendida comouma rede de atores. O que o pesquisadorbuscaria alcançar, ao final, não éuma interpretação, enquadrando tudonuma moldura teórica ou aludindo aum “contexto social”, como fazem osvelhos estudos de sociologia das ciências,mas sim uma descrição – a maisdigna possível – das associações produzidasempiricamente. Do ponto devista metodológico, esta seria a únicamaneira de compreender a realidadedos estudos científicos, já que a ciênciaé fundada sobre uma prática, e nãosobre ideias. A esse projeto, Latour,junto com outros pesquisadores, deuo nome de Teoria do Ator-Rede, cujaIHU em Revista www.ihu.unisinos.br53

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